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China celebra 40 anos de reforma em meio a questionamentos

Presidente chinês enfrenta pressão interna e externa por mudanças políticas e comerciais. Mas faz discurso sobre a soberania para tomar decisões

Imagem de arquivo de Xi Jinping: presidente da China, que defende a soberania do país em decisões políticas e comerciais (Mike Hutchings/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 07h16.

Última atualização em 18 de dezembro de 2018 às 07h18.

A China começou a celebrar nesta terça-feira os 40 anos do início da abertura econômica que a transformou na segunda maior potência do planeta. Entre amanhã e sexta, líderes chineses se reúnem num fórum econômico em Pequim.

Em seu aguardado discurso, o presidente chinês, Xi Jinping , disse que “outras nações não podem ditar aos chineses o que deve ou não deve ser feito”, numa clara referência à postura do presidente americano, Donald Trump. O discurso é simbólico de um momento de guinada para a estratégia política e econômica da China.

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O pacote de medidas celebrado hoje, iniciado em 1978 por Deng Xiaoping, veio como resposta à economia planificada de Mao Tsé-Tung que levou o país à miséria e a uma das maiores fomes da história humana. Para dar conta das tresloucadas listas de exigência de produção de aço e de alimentos do Partido Comunista, camponeses chegavam a doar panelas para as fundições e tijolos e fios de cabelo para adubar os campos.

Ao longo destas quatro décadas, a China aliou a abertura econômica e comercial com um sistema político fechado. Passou a permitir que camponeses lucrassem com o excedente de sua produção e incentivou a abertura de empresas em grandes conurbações urbanas, como em Shenzhen, no sul do país. Convidou empresas estrangeiras a se instalar no país em busca dos baixos salários com o compromisso de trocar tecnologia para ajudar a impulsionar a economia chinesa.

Como se sabe, o plano funcionou. Mais de 800 milhões de chineses deixaram a pobreza e o país criou o maior mercado de consumo do planeta e alguns dos mais avançados conglomerados de tecnologia. Tudo isso mantendo o controle sob as rédeas do Partido Comunista e seus quase 100 milhões de membros.

Agora, a celebração chega num momento de encruzilhada para o país. Mundo afora, a eleição do americano Donald Trump potencializou no Ocidente as críticas contra as práticas comerciais e a ambição política do país, cristalizadas na prisão da herdeira do conglomerado de tecnologia Huawei. Dos Estados Unidos à Nova Zelândia, cada vez mais países estabelecem barreiras ao avanço de Huawei e de outras empresas chinesas nas redes 5G sob receio de uso dos dados de seus cidadãos em benefício do governo chinês.

Internamente, cidadãos chineses estão cada dia mais ansiosos com a redução do ritmo de crescimento do país. Empreendedores cobram do governo uma real abertura econômica, no lugar do capitalismo de compadrio que funcionou no país nestes últimos 40 anos. E a elite econômica chinesa se questiona sobre os efeitos que uma guerra comercial global traria para os interesses chineses.

Nesta terça-feira, os principais índices de ações da China fecharam em queda. O HSI, de Hong Kong, recuou 1,2%. A leitura é que o discurso de Xi Jinping desta terça-feira não afastou as incertezas em relação ao futuro. Pelo contrário.

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