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China anuncia quase 60.000 mortes relacionadas à covid-19 em um mês

China suspendeu abruptamente a maior parte de suas medidas de restrição em dezembro, após onda de protestos

Pacientes com covid-19 recebem tratamento médico em um hospital em Fengyang, província de Anhui, leste da China, em 5 de janeiro de 2023 (AFP/AFP)
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AFP

Publicado em 14 de janeiro de 2023 às 11h57.

A China, criticada por sua falta de transparência sobre a epidemia de covid-19, anunciou neste sábado (14) pelo menos 60.000 mortes relacionadas ao vírus desde o levantamento das restrições de saúde no país há um mês.

Após três anos impondo algumas das restrições mais draconianas do mundo, a China suspendeu abruptamente a maior parte de suas disposições de saúde contra o coronavírus no início de dezembro, após protestos contra a gravidade dessas medidas em várias cidades do país.

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Desde então, o número de pacientes aumentou consideravelmente.

Os hospitais estão sobrecarregados com pacientes idosos e os crematórios registram um grande número de corpos. Apesar disso, as autoridades até agora relataram apenas um pequeno saldo de mortes.

Em dezembro, Pequim revisou sua metodologia de contagem de mortes por covid-19 e agora apenas pessoas que morreram diretamente de insuficiência respiratória relacionada ao coronavírus estão incluídas nas estatísticas.

Essa mudança controversa de metodologia significa que um grande número de mortes não é mais registrado como devido à covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou esta nova definição chinesa de morte por covid como "muito limitada".

"Um total de 59.938" mortes relacionadas com a covid-19 foram registradas "entre 8 de dezembro de 2022 e 12 de janeiro de 2023", disse Jiao Yahui, chefe do gabinete de administração médica da Comissão Nacional de Saúde.

O número inclui 5.503 mortes causadas por insuficiência respiratória diretamente devido ao vírus e 54.435 mortes causadas por doenças subjacentes combinadas com a covid, disse Jiao.

Este saldo, que não inclui os óbitos registrados fora dos hospitais, está provavelmente subestimado.

A OMS expressou várias dúvidas sobre os dados epidemiológicos de Pequim.

"Continuamos pedindo à China dados mais rápidos, regulares e confiáveis sobre hospitalizações e mortes, além de um sequenciamento mais completo do vírus em tempo real", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O governo chinês rejeitou as críticas e pediu à OMS que assuma uma postura "imparcial" em relação à covid-19.

Na quarta-feira, as autoridades de saúde chinesas disseram que "não era necessário" no momento focar no número exato de mortes relacionadas ao vírus.

"A principal tarefa durante a pandemia é tratar os pacientes", disse o epidemiologista Liang Wannian.

“Neste momento, não creio que seja necessário investigar a causa [da morte] de cada caso individual”, insistiu ele, que também é chefe do grupo de especialistas em covid na China para a Comissão Nacional de Saúde.

Liang Wannian também argumentou que não havia consenso internacional sobre como classificar uma morte relacionada à covid.

Se "não for possível chegar a um consenso, cada país classificará de acordo com sua própria situação", afirmou Liang.

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