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Chefe da Capitania vira herói do naufrágio na Itália

Gregorio de Falco ganhou o apoio dos italianos ao ordenar que o capitão do Costa Concordia voltasse para o navio após o acidente e já virou até camiseta

'Suba a b-o-r-d-o!', ordenou De Falco com voz firme, indignada, apaixonada, uma frase que ressoou nas casas italianas (Filippo Monteforte/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 15h28.

Roma - O chefe da Capitania dos Portos que lidou de forma autoritária com o comandante, cujo erro causou o naufrágio do Costa Concordia, e exigiu que ele retornasse a bordo, recuperou a honra dos italianos, que vêem no navio semi-submerso na costa da Toscana um símbolo da situação do país.

Foi a conversa telefônica mais ouvida em todo o mundo. Nela se escuta a voz melancólica do capitão do navio, Francesco Schettino, resmungando que "é noite" e que não pode retornar ao seu cruzeiro em perigo.

Do outro lado da linha, o comandante Gregorio de Falco, chefe da Capitania (Marinha) do porto de Livorno, em várias ocasiões, lembrou qual era o dever do comandante e, enfurecido, gritou: "Volte a bordo!".

"Dois homens, dois marinheiros provenientes da Campânia (região sul, cuja maior cidade é Nápoles), duas histórias, uma que nos humilha, e a outra que tenta nos redimir. Obrigado comandante De Falco, nosso país precisa de pessoas como você", escreveu o jornal Il Corriere della Sera.

Para o principal jornal do país, estes dois homens encarnam "as duas almas da Itália ".

De um lado, "um fanfarrão, perfeito para entrar no (reality show) "Ilha dos Famosos", que tem ocupado o espaço deixado vago pelo ex-chefe de Governo, Silvio Berlusconi", afirmou o tradicionalmente moderado jornal La Stampa.

"Bronzeado, de cabelo penteado e com (óculos de sol da marca) Ray-Ban, que sabe as regras, mas está habituado a não cumpri-las", definiu o jornal Il Fatto Quotidiano.

Este jornal de esquerda, sem nomear, o compara claramente com Berlusconi, falando de um capitão que minimiza o desastre, como o antecessor de Mario Monti que negou a crise econômica.


Por outro lado, o chefe da Capitania, de cabelo despenteado e barba branca, o "bom que desempenha o papel essencial para restaurar a honra ferida da comunidade", segundo La Stampa.

Na Internet, o duelo verbal entre o bem e o mal é um grande sucesso. "Graças a Deus na Itália, para cada Schettino há também um De Falco", repetiram os usuários das redes sociais.

Um esperto já imprimiu a famosa frase "Volte a bordo, porra!"(Vada a bordo, cazzo!, originalmente) em camisetas vendidas por 12,90 euros cada (16,50 dólares).

Os insultos aumentam progressivamente contra o "capitão covarde", apresentado como um pirata, parodiado como uma criança que chora "no barco todo molhado".

De Falco, no entanto, é considerado um semideus. Ao herói, não faltou tempo para destacar a coragem de centenas de socorristas, marinheiros e guardas mobilizados para socorrer os passageiros do Costa Concordia.

"Eu não sou o herói. Não fiz mais do que o meu dever. Meu trabalho é ajudar, é por isso que eu gritei naquela noite...", disse aos jornalistas o comandante De Falco.

Além das duas versões do homem italiano, a tragédia do "Costa Concordia" reflete a imagem de um país em crise. "Símbolo de um país na deriva", assegurou o La Stampa.

"O melhor ícone do país que somos", acrescentou o jornal Il Fatto, para quem os italianos "não são capazes de ser sérios nas tragédias e, até mesmo as transformamos em farsa macabra".

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Roma - O chefe da Capitania dos Portos que lidou de forma autoritária com o comandante, cujo erro causou o naufrágio do Costa Concordia, e exigiu que ele retornasse a bordo, recuperou a honra dos italianos, que vêem no navio semi-submerso na costa da Toscana um símbolo da situação do país.

Foi a conversa telefônica mais ouvida em todo o mundo. Nela se escuta a voz melancólica do capitão do navio, Francesco Schettino, resmungando que "é noite" e que não pode retornar ao seu cruzeiro em perigo.

Do outro lado da linha, o comandante Gregorio de Falco, chefe da Capitania (Marinha) do porto de Livorno, em várias ocasiões, lembrou qual era o dever do comandante e, enfurecido, gritou: "Volte a bordo!".

"Dois homens, dois marinheiros provenientes da Campânia (região sul, cuja maior cidade é Nápoles), duas histórias, uma que nos humilha, e a outra que tenta nos redimir. Obrigado comandante De Falco, nosso país precisa de pessoas como você", escreveu o jornal Il Corriere della Sera.

Para o principal jornal do país, estes dois homens encarnam "as duas almas da Itália ".

De um lado, "um fanfarrão, perfeito para entrar no (reality show) "Ilha dos Famosos", que tem ocupado o espaço deixado vago pelo ex-chefe de Governo, Silvio Berlusconi", afirmou o tradicionalmente moderado jornal La Stampa.

"Bronzeado, de cabelo penteado e com (óculos de sol da marca) Ray-Ban, que sabe as regras, mas está habituado a não cumpri-las", definiu o jornal Il Fatto Quotidiano.

Este jornal de esquerda, sem nomear, o compara claramente com Berlusconi, falando de um capitão que minimiza o desastre, como o antecessor de Mario Monti que negou a crise econômica.


Por outro lado, o chefe da Capitania, de cabelo despenteado e barba branca, o "bom que desempenha o papel essencial para restaurar a honra ferida da comunidade", segundo La Stampa.

Na Internet, o duelo verbal entre o bem e o mal é um grande sucesso. "Graças a Deus na Itália, para cada Schettino há também um De Falco", repetiram os usuários das redes sociais.

Um esperto já imprimiu a famosa frase "Volte a bordo, porra!"(Vada a bordo, cazzo!, originalmente) em camisetas vendidas por 12,90 euros cada (16,50 dólares).

Os insultos aumentam progressivamente contra o "capitão covarde", apresentado como um pirata, parodiado como uma criança que chora "no barco todo molhado".

De Falco, no entanto, é considerado um semideus. Ao herói, não faltou tempo para destacar a coragem de centenas de socorristas, marinheiros e guardas mobilizados para socorrer os passageiros do Costa Concordia.

"Eu não sou o herói. Não fiz mais do que o meu dever. Meu trabalho é ajudar, é por isso que eu gritei naquela noite...", disse aos jornalistas o comandante De Falco.

Além das duas versões do homem italiano, a tragédia do "Costa Concordia" reflete a imagem de um país em crise. "Símbolo de um país na deriva", assegurou o La Stampa.

"O melhor ícone do país que somos", acrescentou o jornal Il Fatto, para quem os italianos "não são capazes de ser sérios nas tragédias e, até mesmo as transformamos em farsa macabra".

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