Chanceler da Venezuela é boicotado na Assembleia Geral da ONU
Em seu discurso, Jorge Arreaza acusou os Estados Unidos de quererem "impor a ditadura" na ONU
EFE
Publicado em 24 de abril de 2019 às 13h06.
Última atualização em 24 de abril de 2019 às 15h07.
Nações Unidas — Os países do Grupo de Lima boicotaram nesta quarta-feira um discurso do chanceler da Venezuela , Jorge Arreaza, na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Os representantes do bloco, formado por um amplo grupo de países americanos que se opõem ao governo de Nicolás Maduro, deixaram o plenário em protesto assim que Arreaza começou a discursar.
Esses governos, entre eles o do Brasil, não reconhecem Maduro como presidente da Venezuela e apoiam o chefe da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, principal líder da oposição ao chavismo.
Alguns países europeus também boicotaram o discurso do chanceler venezuelano, enquanto outros optaram por diminuir o nível de representação na sala enquanto Arreaza falava.
Os governos que se opõem a Maduro já tinham feito protestos similares neste ano em discursos do chanceler venezuelano em outros órgãos da ONU, como o Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, e a Comissão de Narcóticos, que se reúne em Viena.
Em declarações à Agência Efe, o embaixador do Peru na ONU, Gustavo Meza-Cuadra, explicou que a ação é "uma mostra coordenada" do Grupo de Lima e de outros países que querem expressar "rejeição a um governo que não representa seu povo".
Meza-Cuadra lembrou que o Grupo de Lima defende que a Venezuela deve ser representada nas organizações internacionais pelo governo de Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país em janeiro, e disse que, eventualmente, isso pode ocorrer na ONU.
Arreaza discursou hoje em reunião plenária da Assembleia Geral para comemorar pela primeira vez o Dia Internacional do Multilateralismo e da Diplomacia para a Paz, na qual falou em nome do Movimento dos Não Alinhados (MNA).
No discurso, o chanceler venezuelano destacou a necessidade de defender o multilateralismo e de combater os "dois pesos e duas medidas" nas relações internacionais.
Além disso, expressou a oposição do MNA à "crescente tendência a recorrer ao unilateralismo, à arbitrariedade e às medidas impostas unilateralmente".
Na semana passada, em reunião em Santiago, o Grupo de Lima fez um pedido à comunidade internacional para isolar o governo de Maduro em busca de um "restabelecimento da democracia" liderado por Guaidó.