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Catar rejeita intervenção em sua política externa

O xeque catariano não considera, no entanto, que a tormenta atual pode resultar em um conflito armado

Catar: os sauditas e os seus aliados consideram que o Catar tem que "mudar de política" (Naseem Zeitoon/Reuters)
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AFP

Publicado em 8 de junho de 2017 às 13h28.

O Catar rejeita toda intervenção em sua política externa, declarou nesta quinta-feira à AFP seu ministro das Relações Exteriores, em um contexto de grave crise no Golfo entre seu país, acusado de apoiar o terrorismo, e a Arábia Saudita e seus aliados.

"Ninguém tem o direito de intervir na nossa política externa", declarou o xeque Mohammed ben Abderrahmane Al-Thani em entrevista à AFP em Doha.

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Ele excluiu, no entanto, que a tormenta atual possa resultar em um conflito armado. "Uma solução militar não é uma opção garantiu".

Neste contexto, os presidentes dos Estados Unidos Donald Trump e da França Emmanuel Macron fizeram ligações enquanto o emir do Kuwait tenta mediar a crise com visitas à Arábia Saudita, aos Emirados Árabes Unidos e ao Catar.

Os sauditas e os seus aliados consideram que o Catar tem que "mudar de política" e seguir a mesma linha que os seus vizinhos a respeito dos movimentos islamitas radicais e em sua relação com o Irã, grande rival xiita do reino saudita, majoritariamente sunita.

"Esperamos que nossos irmãos do Catar tomem as medidas corretas para acabar com esta crise", disse o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir.

Os Emirados Árabes Unidos mantêm uma posição extrema, qualificando as autoridades de Doha como "campeãs do extremismo e do terrorismo na região".

Segundo um responsável de alto escalão da região consultado pela AFP, a crise se explica pela "influência" que o antigo emir catariano Hamad bin Khalifa Al-Thani, de 65 anos, exerce sobre o seu filho, o xeque Tamim, de 37 anos, que chegou ao poder em 2013 depois da abdicação de seu pai.

O xeque Hamad conseguiu colocar o Catar no mapa local e internacional impulsionando o seu papel mediador em várias crises e aparecendo na linha de frente das revoltas árabes de 2011.

Resolver diferenças

A crise começou nesta semana quando Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Bahrein, Mauritânia e Maldivas decidiram romper as suas relações diplomáticas com o Catar e, no caso de alguns países, aplicar sanções econômicas e restrições no tráfego aéreo.

O presidente americano, Donald Trump, que apoiou a decisão de isolar o Catar, oferece agora a sua ajuda para sair da crise.

Em uma ligação com o xeque Tamim, Trump "propôs ajudar as partes a resolver suas diferenças, inclusive com uma reunião na Casa Branca se for necessário".

O presidente francês, Emmanuel Macron, se encontrou com o emir do Catar, com o presidente iraniano, Hassan Rouhani, e com o rei Salman da Arábia Saudita, e convidou todas a partes a continuar dialogando.

Na quarta-feira, o emir do Kuwait, o xeque Sabah Al-Ahmad Al-Sabah, viajou ao Catar depois de ter se reunido com o rei saudita em uma tentativa de mediação.

O Catar nega todas as acusações e assegura que a crise é consequência das falsas declarações de seu emir sobre o Irã e a Irmandade Muçulmana, publicadas pela agência de notícias que, segundo as autoridades, foi hackeada.

Na quarta-feira, o ministro catariano do Interior publicou um relatório preliminar sobre a investigação do suposto ciberataque que teria começado em abril, mas não identificou os autores.

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