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Cassinos: games para os mais jovens

Laura Parker © 2016 New York Times News Service Esqueça as máquinas caça-níqueis e as roletas. Em breve, os cassinos dos Estados Unidos podem ficar mais parecidos com fliperamas. Em fevereiro, Nevada e Nova Jersey aprovaram leis que permitem a introdução de jogos baseados em habilidades nos cassinos como uma maneira de atrair jogadores mais novos. […]

VIDEO GAME: cassinos querem introduzir jogos de habilidade para atrair a geração Y / Peter Bohler/The New York Times (Peter Bohler/The New York Times)
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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2016 às 16h06.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h41.

Laura Parker
© 2016 New York Times News Service

Esqueça as máquinas caça-níqueis e as roletas. Em breve, os cassinos dos Estados Unidos podem ficar mais parecidos com fliperamas. Em fevereiro, Nevada e Nova Jersey aprovaram leis que permitem a introdução de jogos baseados em habilidades nos cassinos como uma maneira de atrair jogadores mais novos. Imagine máquinas de Angry Birds e Candy Crus h ao lado de mesas de pôquer no Bellagio.

A ideia é que, um dia, tipos diferentes de jogos baseados em habilidades vão estar presentes nos cassinos, incluindo aqueles que se parecem mais com videogames, como os de tiros e de corrida.

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Podem ser jogos em que uma pessoa enfrenta a banca, cooperativos, como blackjack, ou de jogador contra jogador, como o pôquer. Eric Meyerhofer, executivo chefe da Gamblit Gaming, uma empresa da Califórnia que faz jogos baseados em habilidades para cassinos, diz que a maior atração pode até vir de séries bem conhecidas como Call of Duty. “Não vai ser um mar de caça-níqueis. Vamos ver áreas menores, mais íntimas, com temas especializados”, conta ele.

Tony Alamo, presidente da Comissão de Jogos de Nevada, explica que a velocidade com que a lei para colocar jogos baseados em habilidades passou em Nevada – foi colocada em votação em janeiro de 2015 e assinada em junho do mesmo ano – é uma prova de como os cassinos estão famintos por algo novo. “Todo mundo sente essa urgência. Espero que no ano que vem, um andar inteiro esteja cheio desses jogos”, diz ele.

Parece que nem mesmo a indústria de jogos estava preparada para a velocidade com que as coisas se moveram. Alamo diz que até agora viu equipamentos de apenas dois fabricantes de caça-níqueis. “Estamos esperando aqui com nossos braços abertos. Queremos ver os produtos”, afirma.

Tom Mikulich, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da MGM Resorts International, dona de vários cassinos e resorts em Las Vegas, incluindo o Aria, o Bellagio, o Luxor, o Mandalay Bay, o MGM Grand e o The Mirage, diz que a empresa ficou “animada” em atrair um público mais jovem de jogadores e espera colocar vários jogos baseados em habilidades e fliperamas em suas casas até o final do ano.

Apesar de hotéis-cassinos e resorts terem constantemente atualizado suas instalações na última década para atrair um público mais amplo, a consequência não intencional foi que menos pessoas estão realmente jogando.

Os visitantes de lugares como Las Vegas e Atlantic City agora têm casas noturnas, restaurantes, spas, entretenimento e eventos esportivos competindo por sua atenção. Em 2014, os jogos de azar foram responsáveis por 37% do total da receita de hotéis e resorts com cassinos de Las Vegas, ou 58% a menos do que em 1990, segundo um relatório do mercado de cassinos e hotéis de Las Vegas feito de 2015 pela empresa de consultoria HVS. Uma pesquisa e relatórios de turistas feitos pela Autoridade de Convenções de Visitantes de Las Vegas reforçam esses números: a porcentagem de visitantes que jogaram enquanto estavam em Las Vegas em 2014 foi 71%, enquanto que em 2007 o número era 87%.

Pessoas mais jovens estão indo para Las Vegas. O problema dos administradores é como fazer com que eles passem mais tempo nos andares dos cassinos. Em 2014, os integrantes da geração Y somaram 27% de todos os turistas de Las Vegas, mas apenas 63% deles realmente jogaram, comparados com 78% dos baby boomers e 68% dos membros da geração X.

“A maioria dos visitantes de Vegas tem menos de 50 anos, enquanto a maioria das pessoas que jogam em caça-níqueis tem mais de 50 anos. Os administradores de cassinos estão vendo 100% de seus andares ocupados por pessoas que não são mais a maioria da população”, afirma Meyerhofer, o executivo da Gamblit Gaming.

Enquanto quase tudo mais em Las Vegas passou por uma restauração, os caça-níqueis permaneceram praticamente intocados desde os anos 1970: você coloca dinheiro e aperta um botão, então, ganha ou perde.

Os administradores de cassinos melhoraram o visual das máquinas nos últimos anos, lançando telas de plasma e cabines temáticas baseadas em shows de televisão e filmes, mas a tecnologia permaneceu a mesma. Com a nova lei, os gerentes de cassinos e fabricantes de caça-níqueis esperam criar atrações que espelhem a demanda e o investimento emocional em jogos de console e vídeo.

Segundo Alamo, o desenho dos videogames levou vários cassinos de Las Vegas a ir atrás de maneiras para oferecer oportunidades das pessoas apostarem em esportes eletrônicos – torneios de videogame competitivo on-line – já nos próximos meses. “Imagine que você pode entrar em uma casa de apostas de Vegas e apostar ou em uma final da NBA ou em um jogo on-line como StarCraft. Todo mundo vai querer”, diz ele.

No entanto, Tomer Perry, pesquisador associado do Centro de Ética Edmond J. Safra da Universidade Harvard, diz que existem questões morais a se considerar na hora de usar videogames para atrair jovens para a jogatina.

“Se os jogos tendem a ter uma má influência em seus usuários e os integrantes da geração Y atualmente não se envolvem muito com eles, então o plano de introduzir videogames em cassinos apenas aumenta o alcance dos jogos. Podemos nos preocupar especificamente com o fato de eles estarem tentando atrair multidões de jovens que podem ser vulneráveis, que têm menos dinheiro disponível e que podem ser mais suscetíveis à manipulação. Videogame é apenas um instrumento aqui, mas mostra que os cassinos estão indo atrás dos alvos mais frágeis”, explica Perry.

Meyerhofer, porém, afirma que jogos baseados em habilidades não têm como objetivo “viciar as pessoas”, como a geração atual de caça-níqueis, e não são produtos “que os turistas procuram se quiserem jogar pesado. São mais um entretenimento”.

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