Casos de tuberculose aumentam devido à pandemia de covid-19, alerta OMS
Segundo o relatório anual da OMS, 10,6 milhões de pessoas tiveram, em 2021, essa doença causada por uma bactéria que ataca principalmente os pulmões
AFP
Publicado em 27 de outubro de 2022 às 16h31.
Última atualização em 27 de outubro de 2022 às 16h41.
A tuberculose voltou a se propagar em todo mundo, devido à covid-19 e a seus confinamentos, que limitaram os testes e o acesso aos cuidados - alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS) , nesta quinta-feira (27), estimando que 1,6 milhão de pessoas morreram da doença no ano passado.
Segundo o relatório anual da OMS, 10,6 milhões de pessoas tiveram, em 2021, essa doença causada por uma bactéria que ataca principalmente os pulmões. Isso representa um aumento de 4,5% em um ano.
A taxa de incidência da doença (novos casos por 100.000 habitantes por ano) aumentou 3,6% entre 2020 e 2021, depois de ter diminuído cerca de 2% ao ano durante grande parte das últimas duas décadas.
Essa taxa aumentou entre 2020 e 2021 no mundo inteiro, exceto na África, onde as interrupções nos serviços de saúde, devido à pandemia de covid-19, tiveram um baixo impacto no número de pessoas diagnosticadas.
Em nível mundial, o número anual estimado de mortes por tuberculose diminuiu entre 2005 e 2019, mas as estimativas para 2020 e 2021 sugerem que essa tendência se inverteu.
A OMS calcula 1,6 milhão de mortes no ano passado, um retorno ao nível de 2017. Isso representa um aumento de mais de 14% em relação a 2019, quando essa doença contagiosa matou 1,4 milhão de pessoas. O número subiu para 1,5 milhão em 2020.
A maior parte do aumento de mortes foi registrada no ano passado em quatro países: Índia, Indonésia, Mianmar e Filipinas.
O domínio da tuberculose resistente a medicamentos também aumentou - em 3% entre 2020 e 2021 - com 450.000 novos casos de tuberculose resistente à rifampicina em 2021.
- Pobreza e desnutrição -
Segundo a OMS, "é a primeira vez, em muitos anos, que é relatado um aumento do número de pessoas doentes com tuberculose e tuberculose resistente aos medicamentos".
A pandemia da covid-19 desacelerou, consideravelmente, o progresso na luta contra essa doença. A disseminação da tuberculose põe em risco a estratégia estabelecida pela OMS, que visa a reduzir as mortes pela doença em 90%, e a taxa de incidência em 80%, até 2030, em relação a 2015.
A organização não perde a esperança, embora estime que a tuberculose terá continuado sua progressão em 2022.
"Se a pandemia nos ensinou alguma coisa, é que, com solidariedade, determinação, inovação e o uso equitativo das ferramentas, podemos superar graves ameaças à saúde. Vamos aplicar essas lições à tuberculose", declarou no relatório o diretor-geral da OMS, doutor Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A OMS destaca que é ainda mais urgente agir no contexto da guerra na Ucrânia, dos conflitos em outras partes do mundo, da crise energética mundial e dos riscos associados à segurança alimentar, porque estes elementos podem "agravar ainda mais alguns dos determinantes da tuberculose, como níveis de renda e desnutrição".
A tuberculose foi a 13ª causa de morte no mundo em 2019, e a primeira por doença infecciosa. Foi superada em 2020 pela covid-19, mas ainda fica à frente da aids, indica o relatório.
A maioria dos casos de tuberculose no ano passado foi registrada no Sudeste Asiático (45%), na África (23%) e na região do Pacífico Ocidental (18%). Oito países respondem por mais de dois terços dos casos globais: Índia, Indonésia, China, Filipinas, Paquistão, Nigéria, Bangladesh e República Democrática do Congo.
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