Cada vez mais próxima da aprovação na Europa, Sputnik V será produzida na Itália
O Fundo de Investimento Direto Russo fechou acordo para produção da Sputnik V na Itália e negocia com França e Alemanha. Reguladores europeus estão avaliando a vacina
Carolina Riveira
Publicado em 9 de março de 2021 às 18h21.
Última atualização em 9 de março de 2021 às 19h02.
A Rússia avança os planos para produzir sua vacina Sputnik V contra a covid-19 na Europa com um acordo na Itália e conversas para a produção na Alemanha e na França.
A Adienne Pharma & Biotech assinou contrato para fabricar o imunizante em sua unidade de produção na região de Milão, disse em entrevista à Bloomberg Antonio Francesco Di Naro, fundador e presidente da empresa com sede em Lugano, Suíça.
O acordo com o Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF, na sigla em inglês) é o primeiro na Europa para a fabricação da vacina. Embora a Rússia tenha sido a primeira a aprovar uma vacina contra a Covid-19 e a promovê-la como forma de ajudar a acabar com a pandemia, tem sido mais lenta do que alguns rivais para aumentar a produção.
A vacina está sob revisão de autoridades na União Europeia, onde o ritmo de vacinação tem sido lento devido à falta de imunizantes. Essa lentidão levou alguns países a buscar acordos individuais para a compra de vacinas como um desafio à solidariedade do bloco.
“Há muitas regiões italianas que estão entusiasmadas em ter a Sputnik, mas também gostariam de produzi-la”, disse Kirill Dmitriev, CEO do RDIF, em entrevista ao canal italiano Rai3 no domingo. “Temos uma parceria na Alemanha. Estamos conversando com várias empresas francesas.”
Os desenvolvedores da Sputnik V estiveram em contato com a fabricante alemã de vacinas IDT Biologika, de acordo com Ulrich Gartner, porta-voz da IDT, que confirmou a informação da emissora alemã MDR. Ele disse que a empresa não pode comentar detalhes de conversas em andamento com possíveis clientes.
A IDT, com sede no estado da Saxônia-Anhalt, assinou uma carta de intenções no mês passado para ajudar a AstraZeneca a aumentar o fornecimento de sua vacina.
Dmitriev, que supervisiona a distribuição internacional da Sputnik e apoiou seu desenvolvimento, disse em entrevista à TV italiana que a produção no país poderia começar em junho. O momento depende da aprovação dos reguladores italianos, e Di Naro, da Adienne, disse que não poderia definir metas de produção no momento.
O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, prometeu acelerar a campanha de vacinação da Itália em meio ao novo aumento dos casos de covid-19, que matou mais de 100.000 pessoas no país.
Draghi bloqueou as exportações da vacina da AstraZeneca no início do mês, depois que a empresa reduziu drasticamente as entregas planejadas para a UE. Ele foi o primeiro líder europeu a usar os poderes recém-introduzidos, destacando a sensibilidade da região em relação ao fornecimento de imunizantes contra a covid-19.
Na segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, criticou fabricantes por não cumprirem compromissos enquanto países da UE buscam acelerar o ritmo de vacinação.
Autoridades também se preparam para atrasos na entrega da vacina da Johnson & Johnson, segundo duas pessoas com conhecimento do processo.
O imunizante, que deve ser aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos nesta semana, deveria começar a chegar no início de abril, mas a entrega só deve ocorrer em meados do mês, disse uma das autoridades.
A UE administrou 9,35 doses por 100 pessoas em comparação com quase 28 nos Estados Unidos e mais de 35 no Reino Unido , de acordo com o rastreador de vacinas da Bloomberg.
Com a colaboração de Torrey Clark, Eric Pfanner, Daniele Lepido, Naomi Kresge, John Follain, Alberto Nardelli, Anthony Halpin e Yuliya Fedorinova.