Buscas por desaparecidos continuam nas Filipinas após tufão Mangkhut
O tufão deixou 66 mortos nas Filipinas e 4 na China, onde perdeu força e se tornou uma tempestade tropical nesta segunda-feira
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de setembro de 2018 às 17h31.
Itogon, Filipinas - Dezenas de pessoas que ficaram soterradas por um deslizamento causado pelo tufão Mangkhut, nas Filipinas devem estar mortas, disse o prefeito de Itogon, Victorio Palangdan, na província de Benguet, uma das regiões mais afetadas pelo fenômeno. Apesar disso, as equipes de resgate continuam os trabalhos, cavando lama e detritos.
Estima-se que cerca de 40 a 50 mineiros e suas famílias tenham buscado abrigo dentro de uma capela e, segundo Palangdan, "há uma chance de 99%" de que todos estejam mortos".
Itogon foi uma das cidades que mais sofreu com a passagem do Mangkhut, que chegou ao país no sábado, 15.
O tufão já deixou 66 mortos nas Filipinas e 4 na China, onde perdeu força e se tornou uma tempestade tropical conforme se movia em direção ao continente na segunda-feira 17.
Palangdan disse que equipes de resgate recuperaram 11 corpos na avalanche de lama que cobriu a capela.
Anteriormente, o local era um barracão para os mineiros que trabalhavam na região. Dezenas de pessoas buscaram abrigo ali durante a tempestade, apesar dos alertas de perigo.
"Eles riram de nossos policiais", disse Palangdan. "Eles estavam resistindo quando nossos policiais tentaram tirá-los de lá. O que podemos fazer?"
Policiais e soldados estão entre as centenas de trabalhadores de resgate com pás e picaretas procurando os desaparecidos, enquanto parentes angustiados aguardam nas proximidades. Corpos dentro de sacos pretos se alinham lado a lado e aqueles identificados são levados por suas respectivas famílias. Segundo o prefeito, os trabalhos "não vão parar até que recuperemos todos os corpos".
Jonalyn Felipe disse que havia ligado para seu marido, Dennis, um mineiro, e lhe disse para voltar para casa, na província de Quirino, norte do país, conforme o forte tufão se aproximava, na sexta-feira. "Eu estava insistindo porque a tempestade era forte, mas ele me disse para não me preocupar porque haviam dito a eles que era seguro ali", explicou, acrescentando que o marido foi visto pela última vez conversando com colegas de trabalho na capela, antes que o local fosse afetado pelo deslizamento.
Muitos dos que buscaram abrigo no prédio de dois andares pensaram que era um local seguro, mas a tempestade foi muito severa, seguida do deslizamento, que cobriu a capela "em apenas alguns segundos", disse Roel Ullani, morador da cidade que ajuda na busca por desaparecidos.
Perigos
O secretário do Meio Ambiente, Roy Cimatu, disse que o governo vai colocar soldados e policiais para acabar com a mineração ilegal em seis províncias montanhosas no norte, incluindo Benguet, de forma a evitar tragédias semelhantes.
Funcionários do governo afirmaram que a escavação nas minas de ouro por grandes empresas e por mineiros de pequena escala sem autorização tornaram as encostas instáveis e mais propensas a deslizamentos.
Nos últimos anos, dezenas de milhares de mineiros se mudaram para a região e estabeleceram comunidades em áreas de alto risco, como nos sopés da montanha de Itogon.
Na costa sul da China, a vida volta ao normal gradualmente, depois o furacão ter balançado arranha-céus, inundado hotéis e estourado janelas. Os serviços ferroviários, aéreos e de balsa foram restabelecidos e cassinos no enclave de Macau, reabertos.
Em Hong Kong, equipes limparam árvores caídas e outros destroços deixados quando o centro financeiro sentiu o peso da tempestade, no domingo.
"Esse tufão foi realmente muito forte, mas no geral, sinto que podemos dizer que passamos por ele com segurança", disse Carrie Lam, chefe executiva do território.
O Observatório de Hong Kong disse que o Mangkhut foi a tempestade mais forte a atingir a cidade desde 1979, carregando ventos de 195 quilômetros por hora.