Bombas de Israel e foguetes palestinos deixam Gaza à beira de nova guerra
Boletim mais recente do Ministério da Saúde em Gaza cita 22 palestinos mortos e mais de 50 feridos nos bombardeios
AFP
Publicado em 13 de novembro de 2019 às 13h23.
Última atualização em 13 de novembro de 2019 às 13h23.
Ao menos 22 palestinos morreram desde terça-feira (13) nos bombardeios israelenses em Gaza , a partir de onde foram lançadas dezenas de foguetes contra Israel, sem deixar vítimas.
Com esta nova espiral de violência, a região palestina se vê, mais uma vez, à beira de uma guerra.
O boletim mais recente do Ministério da Saúde em Gaza cita 22 palestinos mortos e mais de 50 feridos nos bombardeios.
Entre os falecidos estão o líder do braço armado do movimento palestino Jihad Islâmica Baha Abu al-Ata e sua esposa. Estas mortes provocaram uma resposta com lançamentos de foguetes contra Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, exigiu nesta quarta-feira que a Jihad Islâmica interrompa os ataques de foguetes contra o Estado hebreu.
"Eles têm uma opção: interromper os ataques, ou absorver mais e mais bombardeios. A escolha é deles", afirmou o primeiro-ministro em uma reunião de gabinete, antes de destacar que a intenção de Israel não era uma nova escalada em Gaza.
Desde terça-feira, em resposta ao ataque contra Al-Ata, foram disparados quase 250 foguetes de Gaza em direção ao território do Estado hebreu, sem provocar vítimas. De acordo com o Exército israelense, 90% dos projéteis foram interceptados pelo sistema de defesa "Cúpula de Aço".
"Estamos decididos a lutar e a defender nosso país e, se pensam que estas salvas de foguetes vão nos enfraquecer ou fazer hesitar, estão muito equivocados", declarou Netanyahu.
O Exército de Israel afirmou que atacou diversos alvos vinculados à Jihad Islâmica e a seu braço armado, as Brigadas Al-Quds, em Gaza, incluindo um depósito de foguetes. Entre as vítimas fatais também estariam outros milicianos do grupo.
Do outro lado da fronteira, os israelenses que vivem em cidades próximas a Gaza não escondem o medo dos ataques com foguetes. Um projétil atingiu uma casa, outro uma fábrica e um terceiro caiu em uma via expressa pela qual passavam muitos veículos.
Escolas fechadas
Escolas, universidades e várias instituições públicas permaneceram fechadas em Gaza e em diversos pontos de Israel, sobretudo, nas localidades situadas em um raio de 40 quilômetros de Gaza. Em Tel Aviv, coração econômico, a apenas 70 km de Gaza, vários organismos e empresas também estavam fechados.
Em Gaza, a vida estava paralisada, e os quase dois milhões de habitantes vivem ao ritmo dos bombardeios.
A Faixa de Gaza foi cenário de três guerras violentas contra Israel nos últimos 11 anos e é objeto de um severo bloqueio por terra, mar e ar por parte de Israel desde 2007, que empobrece o território e o isola.
A Jihad Islâmica está presente em Gaza, mas não controla a Faixa, governada pelo movimento islamita Hamas há mais de dez anos.
Abu al-Ata, de 41 anos e pai de cinco filhos, entrou para a Jihad Islâmica na década de 1990 e era seu comandante para o norte de Gaza.
"Era responsável por vários ataques terroristas, disparos de foguetes contra Israel nos últimos meses e tinha a intenção de cometer um ataque em breve", disse Netanyahu.
Fontes militares afirmaram que Abu al-Ata "tentou por todos os meios a seu alcance" sabotar uma trégua entre Israel e Hamas, com lançamentos de mísseis contra Israel.
Hamas e Israel protagonizaram os três confrontos armados na Faixa de Gaza desde 2008. Mas o Hamas aceitou a trégua com Israel anunciada há alguns meses após a mediação da ONU, Egito e do Catar.
Apesar de o Exército israelense atribuir com frequência todos os ataques procedentes da Faixa de Gaza ao Hamas, já que o movimento islamita governa o território, desta vez ainda não atacou alvos do Hamas.
"Pela primeira vez em muitos anos, Israel faz distinção entre Hamas e Jihad Islâmica", resume o analista político Ben Caspit no jornal israelense "Maariv".
"Israel deixa de lado a regra de que o Hamas deve pagar por tudo que acontece em Gaza", completa.
Em uma tentativa de conter a escalada de violência, o enviado da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, viajará ao Cairo para uma reunião de emergência com autoridades egípcias sobre a violência em Gaza. O Egito tem relações diplomáticas com Israel e também é influente em Gaza.