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Blinken se reúne com Abbas após pedir a Israel que evite ataque a civis em Gaza

Blinken disse ao líder palestino que Washington apoia "medidas tangíveis" na criação de um Estado palestino

Blinken e Abbas: Na reunião, Blinken mencionou a necessidade de se introduzir "reformas administrativas" que possam "beneficiar o povo palestino" (AFP/AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 10h45.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, reuniu-se com o presidente palestino, Mahmud Abbas, nesta quarta-feir, 10, um dia depois de ter pedido Israel que evite a morte de civis em sua guerra contra o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza .

Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, Blinken disse ao líder palestino que Washington apoia "medidas tangíveis" na criação de um Estado palestino, ao lado de Israel, para que ambos os países possam viver "em paz e segurança", segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

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Blinken também insistiu em que "todos os impostos palestinos arrecadados por Israel [deveriam] ser sistematicamente transferidos para a Autoridade Palestina, em conformidade com os acordos". Atualmente, Israel bloqueia esses fundos.

Na reunião, Blinken mencionou a necessidade de se introduzir "reformas administrativas" que possam "beneficiar o povo palestino".

Enquanto isso, em Ramallah, dezenas de manifestantes levavam cartazes com os dizeres "Parem o genocídio" e "Palestina livre".

Como parte de sua viagem regional, Blinken se reuniu ontem com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O "balanço diário de civis [mortos] em Gaza, especialmente crianças, é alto demais", disse Blinken, em Tel Aviv.

Os EUA são o principal aliado de Israel

O ataque sem precedentes do movimento islamista palestino de 7 de outubro deixou cerca de 1.140 mortos em território israelense, a maioria deles civis, segundo balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, e bombardeia sem cessar este enclave palestino. Mais de 23.350 pessoas morreram, principalmente mulheres e menores, informou o Ministério da Saúde do Hamas nesta quarta.

Na noite de terça para quarta-feira, houve "mais de 70 mortos", devido aos bombardeios em diferentes setores da Faixa, informou o ministério de Gaza.

Abrigo de MSF bombardeado

Um jornalista da AFP relatou intensos bombardeios nas cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul.

O Exército israelense reportou operações nas áreas de Maghazi (centro) e Khan Yunis, com "mais de 150 alvos atingidos" e 15 túneis localizados.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) condenou um ataque ao abrigo da organização em Khan Yunis, no qual morreu a filha de um de seus funcionários.

"Um obus atravessou [na segunda-feira] a parede de um edifício onde mais de 100 funcionários de MSF e suas famílias haviam se refugiado", disse a ONG.

"Embora MSF não possa confirmar a origem do obus, parece similar aos usados pelos tanques israelenses", completou a instituição.

Ontem, Blinken fez um apelo por um aumento da ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, onde quase 2,4 milhões de habitantes vivem sob um rígido cerco israelense.

"Precisa que entre mais comida, mais água, mais medicamentos e outros bens essenciais em Gaza. E, uma vez em Gaza, tem de chegar de forma mais eficaz às pessoas que necessitam deles", frisou.

Na semana passada, o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, apresentou um plano de pós-guerra que contempla um governo em Gaza que não seja "nem do Hamas", classificado como grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, "nem uma administração civil israelense ", mas dirigido por palestinos que "não sejam hostis" a Israel.

Os ministros da extrema direita do governo de Netanyahu defendem a recolonização de Gaza. Já Washington espera, segundo vários analistas, que a Autoridade Palestina, "reformada", volte a dirigir o território.

Um banho por mês

Em 2007, o Hamas chegou ao poder em Gaza em detrimento da Autoridade Palestina, que governa apenas a Cisjordânia, território ocupado por Israel.

"A Autoridade Palestina também tem a responsabilidade de se reformar, de melhorar sua governança", declarou Blinken pouco antes.

As organizações internacionais alertam para o desastre humanitário em Gaza, onde 85% da população está deslocada, e a ajuda chega aos poucos.

"Devido à falta de água, tomamos banho uma vez por mês, sofremos psicologicamente, e as doenças se espalham por toda parte", disse à AFP Ibrahim Saadat, um palestino deslocado.

"Não são 100 dias [de guerra]. Temos a impressão de que já se passaram 100 anos", acrescenta Abdelaziz, outro deslocado em Rafah, no extremo-sul do enclave, onde centenas de milhares de pessoas estão aglomeradas.

Israel bombardeia, principalmente, o centro e o sul da Faixa, depois de ter devastado o norte.

O governo israelense aceitou o princípio de uma "missão de avaliação" da ONU sobre a situação no norte do território, visando ao retorno dos deslocados, disse Blinken na terça-feira, sem dar mais detalhes.

O secretário americano iniciou na semana passada uma viagem pelo Oriente Médio para tentar evitar o contágio do conflito na região, onde o Hamas tem vários aliados, com grupos armados apoiados pelo Irã no Líbano, na Síria, no Iraque, ou no Iêmen.

Ainda nesta quarta, Blinken segue para o Bahrein e se reúne com o rei Hamad bin Isa Al Khalifa.

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