Biden: "Está claro que estamos ganhando os estados suficientes"
“Quando a contagem terminar, seremos os vencedores", disse Biden em discurso. A campanha de Trump diz estar entrando com medidas legais contra os resultados
Carolina Riveira
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 18h57.
Última atualização em 4 de novembro de 2020 às 19h30.
O candidato democrata à presidência americana, Joe Biden , falou a repórteres em seu estado nata, Delaware, logo após ter vitória praticamente confirmada no Wisconsin na tarde desta quarta-feira, 4. Pouco depois, sua vitória no Michigan também foi oficializada pelos principais veículos de imprensa.
"Após uma longa noite de contagem, está claro que estamos ganhando estados suficientes para atingir os 270 votos eleitorais necessários para a presidência", disse. “Não estou aqui para declarar que vencemos, mas estou aqui para reportar que, quando a contagem terminar, seremos os vencedores.”
Em tom de confiança, Biden falou também sobre ser um dos poucos na história americana a vencer um candidato no poder.
Para chegar aos 270 votos no colégio eleitoral, Biden precisa confirmar sua vitória no Wisconsin (10 votos no colégio eleitoral), no Michigan (16 votos) e em Nevada (6 votos). Vencendo os três, ele chegaria aos 270 votos necessários e ganharia a presidência independentemente do resultado nos outros estados que faltam -- a Geórgia, a Carolina do Norte e a Pensilvânia.
Em Nevada, a divulgação dos resultados está paralisada, com 75% das urnas apuradas e Biden liderando com 49,3% a 48,7%, ou cerca de 8.000 votos. As autoridades esperam retomar a divulgação ainda hoje.
No Wisconsin e no Michigan, mais de 99% dos votos já foram contados e Biden lidera, ainda que por margens apertadas. No Michigan, onde lidera por pouco menos de 70.000 votos (em 2016, vale lembrar, Donald Trump ganhou o estado com cerca de 11.000 votos). No Wisconsin, por menos de 30.000 votos.
No discurso, Biden enfatizou que está ganhando pela mesma margem com que Trump ganhou em 2016 no Wisconsin contra a democrata Hillary Clinton. A campanha do presidente Donald Trump tem afirmado que vai pedir recontagem no estado, que deve ser palco de uma batalha judicial.
O democrata afirmou estar "confiante" que também vencerá na Geórgia, onde tem expectativa de virar com a contagem dos votos que faltam em Atlanta, região urbana que tende a lhe favorecer.
A chapa de Biden e da senadora Kamala Harris também lidera no voto popular, como Hillary Clinton em 2016, o que o candidato celebrou. “Governarei para aqueles que não votaram para mim”, disse Biden. “Não haverá estados azuis ou vermelhos quando eu ganhar, apenas os Estados Unidos”.
Às 19h, com parte da apuração faltando na Geórgia, em Nevada, na Pensilvânia e na Carolina do Norte, Biden tem 70,55 milhões de votos (50,3%), contra 67,35 milhões de Trump.
O modelo americano não é majoritário como o brasileiro, de modo que a vitória na totalidade de votos não interfere no resultado. Em 2016, Hillary Clinton teve cerca de 3 milhões de votos a mais que Trump nacionalmente, mas não ganhou nos estados suficientes para atingir os votos no colégio eleitoral.
Reação de Trump
Minutos após o discurso de Biden, o presidente Donald Trump voltou ao Twitter para afirmar que estava reivindicando a vitória na Pensilvânia, na Geórgia e na Carolina do Norte, e disse que todos têm "uma grande liderança" de sua chapa.
Disse ainda que reivindica a vitória no Michigan e, sem evidências, disse que "houve um amplo número de cédulas descartadas secretamente", o que estaria levando à liderança de Biden no estado.
O Twitter marcou a publicação minutos depois, afirmando que "as fontes oficiais não haviam oficializado o vencedor" quando a postagem foi feita. Ontem, outra publicação de Trump já havia sido marcada pela rede social.
A campanha de Trump já está entrando com questionamentos na Justiça contra os resultados. Nesta tarde, membros da campanha de Trump, incluindo seu filho Eric Trump e o republicano Rudy Giuliani, acusaram em coletiva de imprensa uma "fraude" no Michigan e disseram que Trump venceu a Pensilvânia e toda a corrida presidencial, chamando a apuração de "corrupção".
Segundo Eric Trump, Giuliani, que é advogado de Trump em algumas causas e ex-prefeito de Nova York, está liderando "esforços legais".
"Nós vamos vencer esta eleição. Nós já vencemos a eleição. É só uma questão de contar os votos de forma justa", disse Giuliani.
Na madrugada, quando Biden ainda não havia avançado em estados como Arizona e os do Meio-Oeste, Trump já havia feito discurso se proclamando vencedor.
“Isso é fraude. É uma vergonha para o nosso país. Estávamos prontos para ganhar a eleição, e, francamente, ganhamos”, afirmou Trump. “Vamos para a Suprema Corte. Queremos que a votação pare. Não queremos que encontrem votos às 4h. É um momento muito triste.”