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Ben Ali, ex-presidente da Tunísia, morre na Arábia Saudita aos 83 anos

Ben Ali, que governou a Tunísia por 23 anos, foi o primeiro ditador a ser deposto na Primavera Árabe, em 2011. Ele vivia na Arábia Saudita desde então

Ben Ali, ex-presidente da Tunísia, em foto de 2004: ele deixou o poder em 2011 (Zoubeir Souissi/Reuters)
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EFE

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 14h45.

Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 15h14.

TÚNIS - O ex-presidente da Tunísia , Zine El Abidine Ben Ali, morreu nesta quinta-feira, aos 83 anos, na Arábia Saudita, onde estava desde que foi retirado do poder, em 2011, na chamada Revolução de Jasmim, segundo confirmou à Agência Efe, o advogado da família, Mounir Ben Salha.

"Ele faleceu às 15h (horário local, 9h de Brasília) após lutar contra sua doença, pela qual ele ficou hospitalizado durante os últimos três meses, recebendo tratamento intensivo", declarou Ben Salha.

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"Ben Ali será enterrado na Arábia Saudita, segundo sua última vontade", acrescentou o porta-voz, descartando a possibilidade do sepultamento acontecer em Túnis.

O estado de saúde do ex-presidente, conhecido entre os tunisianos como "Zaba", era delicado e estava em tratamento há anos após ser diagnosticado com câncer de próstata.

Nas últimas semanas surgiram vários boatos sobre sua morte que foram desmentidos por seus familiares.

Ben Ali fugiu da Tunísia, no dia 14 de janeiro de 2011, após semanas de protestos contra as desigualdades sociais que desencadearam a Revolução do Jasmim, que encerrou seus 23 anos no poder e levou o país a iniciar um processo democrático no que foi imerso desde então.

Após o exílio, ele foi condenado pela Justiça civil a 35 anos de prisão por crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, enquanto a Justiça militar o condenou à prisão perpétua por homicídio voluntário e tentativa de homicídio.

Ben Ali foi militante ativo das Juventudes Socialistas, braço juvenil do PSD de Habib Bourguiba, sendo preso em 1952.

Com apenas 22 anos, foi chefe da Segurança Militar, cargo no qual se manteve durante por 16 anos e que lhe serviu para conhecer profundamente as Forças Armadas.

Posteriormente, estudou em centros dos Estados Unidos especializados em espionagem e contra-espionagem e obteve o diploma de Estado Maior.

Em 1984, foi nomeado secretário de Estado de Segurança e, dois anos mais tarde, assumiu o cargo de ministro da Segurança Nacional e Interior.

Já em outubro de 1987, virou primeiro-ministro, cargo que conciliou com o Ministério do Interior e com o posto de secretário-geral do governante Partido Socialista Desturiano (PSD).

No mês seguinte, o então presidente Habib Bourguiba foi considerado incapaz por uma junta médica, então Ben Ali tomou posse da Presidência, acumulando com o Ministério da Defesa.

Em abril de 1989, foi eleito presidente da Tunísia, em um pleito onde disputou como candidato único, apoiado por todas as forças políticas, conseguindo 49,27% dos votos.

O referendo realizado em maio de 2002, apoiado pela maioria da população, permitiu uma emenda na Constituição, assim como a reeleição de Ben Ali quando terminasse seu terceiro mandato, já que até esse momento era permitido acumular três períodos de cinco anos no poder.

Suas vitórias eleitorais não estiveram isentas de polêmica: em todas elas superava 90% dos votos e alguns candidatos da oposição foram descartados durante a corrida presidencial.

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