Exame Logo

Avós de Maio reprovam Papa por não falar em desaparecidos

Avós da Praça de Maio, instituição argentina, reprova silêncio do papa em relação aos desaparecidos durante a ditadura militar no país, que durou de 1976 até 1983

Papa Francisco: novo papa é acusado de ter participado durante a ditadura na Argentina e é criticado pelas Avós da Praça de Maio
DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2013 às 10h14.

As Avós da Praça de Maio afirmaram nesta sexta-feira que "reprovam" o Papa Francisco por jamais ter falado da questão dos desaparecidos durante a ditadura argentina (1976-83).

"As Avós, como instituição, o reprovam porque nunca falou do tema dos desaparecidos e já se passaram 30 anos desde a chegada da democracia", disse a presidente da entidade, Estela Carlotto, em entrevista coletiva.

Carlotto - que busca seu neto nascido no cativeiro e cuja mãe foi assassinada após dar à luz - recordou que muitas das avós acreditavam, a princípio, que receberiam ajuda da Igreja na Argentina.

"Sou católica, muitas de nós somos, e recorremos à Igreja nos primeiros tempos da repressão porque pensávamos que os bispos estavam do nosso lado".

Carlotto revelou que o silêncio dos líderes da Igreja lhe provocou uma "profunda decepção", mas que "tudo poderia ter sido resolvido com a chegada da democracia, o que não aconteceu".

Nesta sexta-feira, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que as acusações contra o Papa Francisco por sua conduta durante a ditadura argentina são "caluniosas e difamatórias".

"A campanha contra Bergoglio é conhecida, se refere a fatos de há muito tempo e foi promovida por uma publicação que, em várias ocasiões, é caluniosa e difamatória. A origem da esquerda anticlerical é notória", acrescentou Lombardi.

"Ele fez muito para proteger as pessoas durante a ditadura militar", prosseguiu o porta-voz, que recordou que quando Bergoglio se converteu em arcebispo de Buenos Aires, "pediu perdão pela Igreja não ter feito o suficiente durante a ditadura".

Carlotto estimou que a palavra "cumplicidade é muito forte para o caso do ex-cardeal Jorge Bergoglio, mas reafirmou que os líderes da Igreja argentina erraram por omissão". "Alguns padres consentiram e outros sabiam mas não fizeram nada. Acredito que Bergoglio sabia" dos crimes da ditadura.

A polêmica sobre a atitude da Igreja durante os anos de chumbo da ditadura voltou à tona após a eleição Bergoglio, que foi testemunha em vários processos - sem que jamais a justiça provasse qualquer envolvimento - e sempre negou ter colaborado com a repressão.

Os críticos de Bergoglio afirmam que ele teve relação com a detenção de dois missionários jesuítas, Orlando Yorio e Francisco Jalics, presos em 23 de março de 1976 e libertados cinco meses depois. Eles foram torturados na Escola de Mecânica da Armada (ESMA). Na época, o prelado argentino comandava a ordem dos jesuítas.

A repressão na Argentina durante a ditadura militar deixou cerca de 10.000 desaparecidos, segundo cifras oficiais, e mais de 30.000, de acordo com a organização não-governamental Mães da Praça de Maio.

Veja também

As Avós da Praça de Maio afirmaram nesta sexta-feira que "reprovam" o Papa Francisco por jamais ter falado da questão dos desaparecidos durante a ditadura argentina (1976-83).

"As Avós, como instituição, o reprovam porque nunca falou do tema dos desaparecidos e já se passaram 30 anos desde a chegada da democracia", disse a presidente da entidade, Estela Carlotto, em entrevista coletiva.

Carlotto - que busca seu neto nascido no cativeiro e cuja mãe foi assassinada após dar à luz - recordou que muitas das avós acreditavam, a princípio, que receberiam ajuda da Igreja na Argentina.

"Sou católica, muitas de nós somos, e recorremos à Igreja nos primeiros tempos da repressão porque pensávamos que os bispos estavam do nosso lado".

Carlotto revelou que o silêncio dos líderes da Igreja lhe provocou uma "profunda decepção", mas que "tudo poderia ter sido resolvido com a chegada da democracia, o que não aconteceu".

Nesta sexta-feira, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que as acusações contra o Papa Francisco por sua conduta durante a ditadura argentina são "caluniosas e difamatórias".

"A campanha contra Bergoglio é conhecida, se refere a fatos de há muito tempo e foi promovida por uma publicação que, em várias ocasiões, é caluniosa e difamatória. A origem da esquerda anticlerical é notória", acrescentou Lombardi.

"Ele fez muito para proteger as pessoas durante a ditadura militar", prosseguiu o porta-voz, que recordou que quando Bergoglio se converteu em arcebispo de Buenos Aires, "pediu perdão pela Igreja não ter feito o suficiente durante a ditadura".

Carlotto estimou que a palavra "cumplicidade é muito forte para o caso do ex-cardeal Jorge Bergoglio, mas reafirmou que os líderes da Igreja argentina erraram por omissão". "Alguns padres consentiram e outros sabiam mas não fizeram nada. Acredito que Bergoglio sabia" dos crimes da ditadura.

A polêmica sobre a atitude da Igreja durante os anos de chumbo da ditadura voltou à tona após a eleição Bergoglio, que foi testemunha em vários processos - sem que jamais a justiça provasse qualquer envolvimento - e sempre negou ter colaborado com a repressão.

Os críticos de Bergoglio afirmam que ele teve relação com a detenção de dois missionários jesuítas, Orlando Yorio e Francisco Jalics, presos em 23 de março de 1976 e libertados cinco meses depois. Eles foram torturados na Escola de Mecânica da Armada (ESMA). Na época, o prelado argentino comandava a ordem dos jesuítas.

A repressão na Argentina durante a ditadura militar deixou cerca de 10.000 desaparecidos, segundo cifras oficiais, e mais de 30.000, de acordo com a organização não-governamental Mães da Praça de Maio.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaJorge Mario BergoglioPapa FranciscoPapas

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame