Atentado contra Supremo Tribunal mata 20 pessoas em Cabul
De acordo com um balanço provisório do ministério da Saúde, pelo menos 41 outras pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança
AFP
Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 15h54.
Um novo ataque suicida contra autoridades afegãs em Cabul nesta terça-feira causou ao menos 20 mortes entre os funcionários do Supremo Tribunal, surpreendidos ao final do expediente.
De acordo com um balanço provisório do ministério da Saúde, pelo menos 41 outras pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança que, provavelmente, estava na creche do Tribunal. O número de vítimas pode aumentar, segundo o ministério.
O homem-bomba estava apé e ativou sua carga explosiva no estacionamento, na hora que os funcionários saíam de seus escritórios, segundo um porta-voz do ministério do Interior, Najibullah Danish.
Mas de acordo com um funcionário do Tribunal, o atentado aconteceu perto do guichê onde o público retira passaporte, o que explicaria a morte de visitantes.
"Éramos cerca de dez pessoas esperando a liberação de passaporte, seis ficaram feridos, mas todos ficamos vivos", relatou Mohammad Ayob à AFP.
Outros não tiveram tanta chancer, como conta Nazar Mohammad Niazi à AFP: "Era a hora de voltar para casa. Vi uma menina sendo projetada na minha frente pela explosão, ela está morta".
A explosão provocou pânico em torno do recinto, cujos acessos foram imediatamente bloqueados pela polícia.
O Tribunal está localizado perto da embaixada dos Estados Unidos.
"Eu estava dentro do prédio com o meu pai para um trâmite oficial. Estávamos indo em direção ao estacionamento quando ouvimos uma explosão muito forte, agora meu pai está morto, como vou viver sem ele?", chorava um homem com o rosto e suas mãos ensanguentados, cujo testemunho foi transmitido ao vivo pela televisão local Tolo News.
O ataque, que ocorreu pouco antes das 16h00 (10h30 de Brasília), ainda não foi reivindicado.
Várias ambulâncias e veículos dos bombeiros foram enviados para o local do atentado, observaram jornalistas da AFP.
Antecedente
O último grande ataque na capital do Afeganistão aconteceu em 10 de janeiro e foi perpetrado contra um anexo ao Parlamento, também ao final do expediente, causando 38 mortos e 80 feridos.
Além disso, o Supremo Tribunal em Cabul já havia sido atacado em junho de 2013, em um atentado no qual 15 pessoas foram mortas e quarenta feridas: a bomba, muito potente, explodiu na mesma hora, às 16H00 local, na entrada do edifício.
O Talibã reivindicou a responsabilidade pela operação e, em seguida, ameaçou realizar mais ataques no futuro, se o tribunal condenasse à morte seus combatentes.
Em 2016, a ONU estabeleceu o pior registro de vítimas civis no Afeganistão desde que começou a contabilizá-las (em 2009), com 11.500 mortos e feridos.
Entre eles, cerca de 2.000 pessoas foram vítimas de ataques indiscriminados contra civis, dos quais 398 morreram. Este é um recorde, com um aumento de 7% em relação ao ano de 2015.
Para a Missão das Nações Unidas de Assistência ao Afeganistão (UNAMA), os movimentos insurgentes, incluindo o Talibã e o grupo Estado Islâmico (EI), são responsáveis por 60% dessas vítimas, dados que os próprios talibãs contestam.