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Ataque a revista deve aprofundar "guerra cultural" na Europa

Primeira reação na França às mortes na redação do jornal Charlie Hebdo foi uma efusão de apoio à unidade e liberdade de expressão nacional

Primeira reação na França às mortes na redação do jornal Charlie Hebdo foi uma efusão de apoio à unidade e liberdade de expressão nacional (REUTERS/Christian Hartmann)
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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2015 às 11h23.

Paris - O ataque com 12 mortos contra uma jornal semanal de sátiras francês que zombou do islamismo parece prestes a dar combustível para os movimentos anti-imigração em toda Europa e inflamar a "guerra cultural" sobre a posição da religião e da identidade étnica na sociedade.

A primeira reação na França às mortes na redação do jornal Charlie Hebdo, na quarta-feira, por dois homens armados e mascarados que gritavam slogans islâmicos foi uma efusão de apoio à unidade e liberdade de expressão nacional.

Mas isso parece provável que seja pouco mais do que um cessar-fogo momentâno em um país dominado pelo mal-estar econômico e alto desemprego. A França tem a maior população muçulmana da Europa e está no meio de uma discussão intensa sobre a identidade nacional e o papel do Islã.

"Este ataque certamente vai acentuar a crescente islamofobia na França", disse Olivier Roy, cientista político e especialista em Oriente Médio do Instituto da Universidade Europeia em de Florença.

Um livro do jornalista Eric Zemmour intitulado "Le Suicide Français” (O Suicídio Francês), argumentando que a imigração muçulmana em massa está entre os fatores que vêm destruindo os valores seculares franceses, foi o ensaio mais vendido de 2014.

O principal lançamento de publicação do ano até o momento é um romance do controverso escritor Michel Houellebecq que imagina a vitória de um muçulmano à Presidência da França em 2022, que impõe como lei o ensino religioso obrigatório e a poligamia e proíbe as mulheres de trabalhar.

Essa efervescência intelectual se mistura à ansiedade na população com as radicalização de centenas de muçulmanos franceses que se uniram aos combatentes do Estado islâmico na Síria e no Iraque, e que as autoridades do setor de segurança temem que possam provocar ataques ao retornarem à França.

A Frente Nacional, de extrema-direita, não perdeu tempo em vincular o ato mais letal de violência política em décadas à imigração e exigir um referendo para restabelecer a pena de morte, apesar de um líder muçulmano francês, o ímã Hassen Chalghoumi, ter dito que o caminho certo para combater o Charlie Hebdo não era com derramamento de sangue ou ódio.

A líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, que as pesquisas de opinião indicam que estaria em primeiro lugar se uma eleição presidencial fosse realizada hoje, disse que o "fundamentalismo islâmico" declarou guerra à França e que isso exige uma ação forte e eficaz.

Embora ela tenha tido o cuidado de fazer distinção entre os cidadãos muçulmanos que compartilham valores franceses e "aqueles que matam em nome do Islã", seu pai, o fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, e seu vice, Florian Philippot, foram menos cautelosos.

"Qualquer um que diga que o radicalismo islâmico não tem nada a ver com a imigração está vivendo em outro planeta", disse Philippot à rádio RTL.

Ímãs entoavam orações diante da redação do Charlie Hebdo na quinta-feira e líderes islâmicos instavam os fiéis a participar do luto nacional pelas vítimas, cujas charges do profeta Maomé provocaram a ira de muitos muçulmanos no passado.

Durante a noite houve ataques que as autoridades classificaram como de vingança. Uma mesquita na cidade de Le Mans, no leste do país, foi alvo de tiros, e uma explosão destruiu uma lanchonete de quebab ao lado de uma mesquita no centro da cidade de Villefranche-sur-Saône.

O presidente francês, o socialista François Hollande, exortou no mês passado os franceses a abraçar a imigração como um benefício econômico para a cultura e o país e a não fazer dos migrantes um bode expiatório para os problemas econômicos.

Seu antecessor, o conservador Nicolas Sarkozy, que tenta voltar à disputa política, exigiu controles nas fronteiras europeias muito mais rigorosas para conter a imigração ilegal.

Marine Le Pen atacou os símbolos visíveis do Islã na vida francês: como os muçulmanos rezando na rua, comida halal servida nas escolas e as mulheres usando véu.

Muitos secularistas de esquerda compartilham essas preocupações em um país onde a separação entre Igreja e Estado motivou décadas de luta.

Uma pesquisa realizada no ano passado constatou que os franceses acreditam que os imigrantes constituem 31 por cento da população, cerca de quatro vezes o número real. França, embora não haja estatísticas étnicas ou religiosas recolhe, uma estimativa confiável publicado pelo Centro de Pesquisas Pew calcula a população muçulmana em cerca de 7,5 por cento.

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A primeira reação na França às mortes na redação do jornal Charlie Hebdo, na quarta-feira, por dois homens armados e mascarados que gritavam slogans islâmicos foi uma efusão de apoio à unidade e liberdade de expressão nacional.

Mas isso parece provável que seja pouco mais do que um cessar-fogo momentâno em um país dominado pelo mal-estar econômico e alto desemprego. A França tem a maior população muçulmana da Europa e está no meio de uma discussão intensa sobre a identidade nacional e o papel do Islã.

"Este ataque certamente vai acentuar a crescente islamofobia na França", disse Olivier Roy, cientista político e especialista em Oriente Médio do Instituto da Universidade Europeia em de Florença.

Um livro do jornalista Eric Zemmour intitulado "Le Suicide Français” (O Suicídio Francês), argumentando que a imigração muçulmana em massa está entre os fatores que vêm destruindo os valores seculares franceses, foi o ensaio mais vendido de 2014.

O principal lançamento de publicação do ano até o momento é um romance do controverso escritor Michel Houellebecq que imagina a vitória de um muçulmano à Presidência da França em 2022, que impõe como lei o ensino religioso obrigatório e a poligamia e proíbe as mulheres de trabalhar.

Essa efervescência intelectual se mistura à ansiedade na população com as radicalização de centenas de muçulmanos franceses que se uniram aos combatentes do Estado islâmico na Síria e no Iraque, e que as autoridades do setor de segurança temem que possam provocar ataques ao retornarem à França.

A Frente Nacional, de extrema-direita, não perdeu tempo em vincular o ato mais letal de violência política em décadas à imigração e exigir um referendo para restabelecer a pena de morte, apesar de um líder muçulmano francês, o ímã Hassen Chalghoumi, ter dito que o caminho certo para combater o Charlie Hebdo não era com derramamento de sangue ou ódio.

A líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, que as pesquisas de opinião indicam que estaria em primeiro lugar se uma eleição presidencial fosse realizada hoje, disse que o "fundamentalismo islâmico" declarou guerra à França e que isso exige uma ação forte e eficaz.

Embora ela tenha tido o cuidado de fazer distinção entre os cidadãos muçulmanos que compartilham valores franceses e "aqueles que matam em nome do Islã", seu pai, o fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, e seu vice, Florian Philippot, foram menos cautelosos.

"Qualquer um que diga que o radicalismo islâmico não tem nada a ver com a imigração está vivendo em outro planeta", disse Philippot à rádio RTL.

Ímãs entoavam orações diante da redação do Charlie Hebdo na quinta-feira e líderes islâmicos instavam os fiéis a participar do luto nacional pelas vítimas, cujas charges do profeta Maomé provocaram a ira de muitos muçulmanos no passado.

Durante a noite houve ataques que as autoridades classificaram como de vingança. Uma mesquita na cidade de Le Mans, no leste do país, foi alvo de tiros, e uma explosão destruiu uma lanchonete de quebab ao lado de uma mesquita no centro da cidade de Villefranche-sur-Saône.

O presidente francês, o socialista François Hollande, exortou no mês passado os franceses a abraçar a imigração como um benefício econômico para a cultura e o país e a não fazer dos migrantes um bode expiatório para os problemas econômicos.

Seu antecessor, o conservador Nicolas Sarkozy, que tenta voltar à disputa política, exigiu controles nas fronteiras europeias muito mais rigorosas para conter a imigração ilegal.

Marine Le Pen atacou os símbolos visíveis do Islã na vida francês: como os muçulmanos rezando na rua, comida halal servida nas escolas e as mulheres usando véu.

Muitos secularistas de esquerda compartilham essas preocupações em um país onde a separação entre Igreja e Estado motivou décadas de luta.

Uma pesquisa realizada no ano passado constatou que os franceses acreditam que os imigrantes constituem 31 por cento da população, cerca de quatro vezes o número real. França, embora não haja estatísticas étnicas ou religiosas recolhe, uma estimativa confiável publicado pelo Centro de Pesquisas Pew calcula a população muçulmana em cerca de 7,5 por cento.

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