Argentina pega fogo: incêndios se somam a desastre econômico e covid
Chamas se alastram pela provîncia de Córdoba, conhecida pela produção pecuária; economia do país vive seu pior momento em 20 anos
Reuters
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 18h26.
Última atualização em 25 de agosto de 2020 às 14h54.
Não bastasse a dura crise econômica pela qual passa a Argentina , agora o país também enfrenta incêndios dramáticos. Pelo menos 14.321 hectares pegaram fogo na província de Córdoba. Os fortes ventos e a ausência de chuvas têm contribuído para o aumento das chamas, disseram autoridades locais nesta segunda-feira, dia 24.
Os incêndios se localizam em uma região com pastagens para o gado e áreas montanhosas. O governo enviou aeronaves para combater o fogo e ajudar os bombeiros.
O governo de Córdoba alertou sobre o risco "extremo" de incêndios em toda a província, em meio ao tempo seco e as condições de vento, e pediu aos cidadãos para relatá-los. Alguns moradores tiveram que ser evacuados, já que suas casas corriam o risco de serem atingindas pelo fogo.
Autoridades de justiça locais estão investigando a causa dos incêndios em meio à suspeita de que podem ter sido causados por queimadas feitas por produtores rurais que queriam abrir novas pastagens para o gado.
As chamas já destruíram linhas de transmissão em algumas áreas de Córdoba e ameaçam bloquear as principais rotas rodoviárias, disseram as autoridades.
Crise econômica argentina
Os argentinos já estão em seu terceiro ano de recessão com uma inflação galopante e uma grave crise. A Argentina caminha para o pior momento econômico dos últimos 20 anos.
O país tenta renegociar sua dívida externa enquanto o PIB do país cai ladeira abaixo -- os economistas preveem uma queda de 12% este ano. A primeira e mais difícil etapa da negociação, com os credores internacionais, já está praticamente concluída, mas falta bater o martelo. Depois, virá a negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Apesar de o governo Fernández ter obtido descontos de mais de 30 bilhões de dólares nos termos do empréstimo negociado com credores nessa última negociação, em andamento neste ano, o mercado financeiro já aposta no 10º calote da dívida do país. O último grande default aconteceu em 2005, quando o spread de novos títulos era menos da metade do atual.
Para piorar, as reservas em moeda americana estão bastante enfraquecidas. Hoje, se resumem a 10 bilhões de dólares. No Brasil, que possui uma boa quantia guardada, esse valor é da ordem de 400 bilhões de dólares.
A Argentina também precisa lidar com a crise do coronavírus, que já matou 6.000 pessoas no país, e a longa quarentena, que paralisou parte da atividade econômica.