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Arábia Saudita promete à ONU investigação "imparcial" do caso Khashoggi

A promessa é feita enquanto a situação dos direitos humanos na Arábia Saudita é examinada na sede da ONU em Genebra

Cartaz com Khashoggi: A ONU também lamentou a manutenção da pena de morte e o crescente número de execuções no país (Osman Orsal/Reuters)

Cartaz com Khashoggi: A ONU também lamentou a manutenção da pena de morte e o crescente número de execuções no país (Osman Orsal/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de novembro de 2018 às 13h56.

A Arábia Saudita assegurou nesta segunda-feira na ONU que a investigação sobre o assassinato de Jamal Khashoggi será "imparcial", após uma nova série de críticas internacionais.

A promessa é feita enquanto a situação dos direitos humanos na Arábia Saudita é examinada na sede da ONU em Genebra, em meio à crise gerada pelo assassinato do jornalista.

Contudo, o chefe da delegação saudita, Bandar Al Aiban, presidente da Comissão de Direitos Humanos, dedicou poucos minutos ao "falecimento do cidadão Khashoggi", e assegurou que o seu país "se comprometeu a conduzir uma investigação imparcial" e que "todas as pessoas envolvidas neste crime serão indiciadas".

Esta Revisão Periódica Universal (RPU), procedimento a que os membros das Nações Unidas devem se submeter a cada quatro anos, acontece após o assassinato de Khashoggi no consulado de seu país em Istambul, em 2 de outubro, crime que gerou uma forte indignação em todo o mundo.

A Arábia Saudita, um reino de maioria sunita, também enfrenta o crescente descontentamento por parte do governo dos Estados Unidos, que pede o fim dos ataques aéreos da coalizão liderada por Riad no Iêmen.

A guerra no Iêmen opõe as forças pró-governo, apoiadas por Riad, aos rebeldes huthi apoiados pelo Irã. A Arábia Saudita foi repetidamente acusada de abusos que mataram centenas de civis, enquanto o Iêmen sofre a pior crise humanitária do mundo.

Em mais de três anos, o conflito deixou cerca de dez mil mortos, segundo a ONU.

"Os Estados membros da ONU devem acabar com seu silêncio ensurdecedor diante da Arábia Saudita e assumir seu dever, que é o de vigiar cuidadosamente a crueldade no reino, para evitar outras violações escandalosas dos direitos humanos no país e no Iêmen", afirmou o diretor de campanhas da Anistia Internacional no Oriente Médio, Samah Hadid, em um comunicado.

"A lamentável morte de Jamal Khashoggi mostrou até onde as autoridades sauditas podem ir em sua repressão contra toda a oposição pacífica, uma repressão que só se intensificou desde que Mohamed bin Salman se tornou o príncipe herdeiro", acrescenta o comunicado.

A delegação saudita em Genebra é liderada por Bandar al Aiban, presidente da Comissão de Direitos Humanos, encarregado de expor os esforços feitos por seu país para cumprir obrigações e compromissos de direitos humanos.

Em seguida, está previsto um diálogo entre a Arábia Saudita e os países participantes, que poderão emitir críticas e fazer recomendações.

Em um relatório publicado no final de agosto, antes da reunião sobre a Arábia Saudita, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos listou uma série de preocupações, tais como leis discriminatórias contra as mulheres, violência baseada em gênero ou práticas discriminatórias contra crianças e mulheres da comunidade xiita.

A ONU também lamentou a manutenção da pena de morte e o crescente número de execuções no país.

O relatório aponta a preocupação com a lei de 2014 sobre o combate ao terrorismo, que dá uma definição "extremamente ampla" e permite "criminalizar a expressão pacífica de certos atos".

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