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Arábia Saudita fica em posição difícil após matança no Iêmen

A perspectiva de um cessar-fogo imediato acabou de vez com o ataque que deixou mais de 140 mortos e 525 feridos

Iêmen: no domingo foram registradas manifestações em Sanaa, onde milhares de partidários huthis gritaram "Morte aos Al-Saud" (Khaled Abdullah / Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2016 às 14h07.

Submetido a uma forte pressão internacional após a matança em Sanaa, o governo da Arábia Saudita analisa o futuro da intervenção militar que lidera no Iêmen , onde as esperanças de paz parecem cada vez mais distantes.

A perspectiva de um cessar-fogo imediato acabou de vez com o ataque que deixou mais de 140 mortos e 525 feridos, opina April Alley, especialista em Iêmen do International Crisis Group.

Este ataque, destaca a analista, parece ter causado a morte de alguns políticos do Norte e funcionários que trabalhavam pela paz e que poderiam desempenhar um papel importante no período posterior ao conflito.

No sábado, um bombardeio atingiu em cheio uma importante cerimônia fúnebre na capital iemenita, controlada pelos rebeldes xiitas huthis. Entre as vítimas há personalidades políticas, autoridades militares e muitos civis.

Os rebeldes acusaram de imediato a coalizão dirigida por Riad e a Arábia Saudita negou as acusações, ordenando a abertura de uma investigação sobre o bombardeio, o mais sangrento desde o início, há 18 meses, da intervenção da coalizão no Iêmen.

No domingo foram registradas manifestações em Sanaa, onde milhares de partidários huthis gritaram "Morte aos Al-Saud", a família que reina em Riad.

O objetivo da coalizão árabe é restabelecer a autoridade em todo o país do governo iemenita reconhecido pela comunidade, e de seu presidente, Abd Rabbo Mansur Hadi.

Já o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, aliado dos rebeldes, convocou, com retórica belicista, uma mobilização militar na fronteira saudita.

Em um discurso transmitido pela televisão, o ex-presidente, que dirigiu o país por mais de 30 anos e que ainda conta com fortes apoios no exército, mesmo quatro anos depois de ter sido obrigado a deixar o poder, convocou "as forças armadas e os comitês populares a se dirigirem ao front de guerra na fronteira para vingar as nossas vítimas".

A operação militar árabe, no entanto, se eterniza e não se vislumbra um resultado a favor da coalizão, enquanto que o país está controlado em parte pelos rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã, que classificou o ataque de "crime espantoso contra a humanidade".

A Arábia Saudita é frequentemente criticada pelo elevado número de vítimas civis causadas por sua intervenção.

Preocupação em Washington

Os Estados Unidos, aliados de Riad, disseram estar "profundamente preocupados" e anunciaram que revisarão seu apoio à coalizão árabe, uma ajuda que foi diminuindo nos últimos meses.

O ataque de sábado fez com que o secretário de Estado americano, John Kerry, tomasse a atitude incomum de ligar para o vice-príncipe herdeiro e ministro da Defesa saudita, Mohamed ben Salman. E também conversou com seu colega saudita, Adel al Jubeir, a quem pediu que "este tipo de ataque não se reproduza nunca mais". Kerry também defendeu um cessar imediato das hostilidades.

Para Mustafa Alani, especialista do Gulf Research Centre, a Arábia Saudita não tem todas as cartas na manga.

"O desejo da coalizão é acabar com a guerra, mas a atitude dos rebeldes endurece dia a dia, já que acham que podem obter mais concessões".

Para Adam Baron, pesquisador que colabora com o European Council on Foreign Relations, os sauditas se verão obrigados a prosseguir com as operações, pois os rebeldes dão motivos para isso.

Esta situação deixa numa situação incômoda os Estados Unidos, que fornecem as bombas de precisão, as informações e os conselhos aos sauditas, embora essa ajuda tenha se reduzido de maneira significativa.

Alani considera que um cessar do apoio americano tornaria difícil, quase impossível, o prosseguimento das operações da coalizão árabe.

Nesse caso, cresceria a influência no Iêmen do Irã, grande adversário regional da Arábia Saudita.

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Submetido a uma forte pressão internacional após a matança em Sanaa, o governo da Arábia Saudita analisa o futuro da intervenção militar que lidera no Iêmen , onde as esperanças de paz parecem cada vez mais distantes.

A perspectiva de um cessar-fogo imediato acabou de vez com o ataque que deixou mais de 140 mortos e 525 feridos, opina April Alley, especialista em Iêmen do International Crisis Group.

Este ataque, destaca a analista, parece ter causado a morte de alguns políticos do Norte e funcionários que trabalhavam pela paz e que poderiam desempenhar um papel importante no período posterior ao conflito.

No sábado, um bombardeio atingiu em cheio uma importante cerimônia fúnebre na capital iemenita, controlada pelos rebeldes xiitas huthis. Entre as vítimas há personalidades políticas, autoridades militares e muitos civis.

Os rebeldes acusaram de imediato a coalizão dirigida por Riad e a Arábia Saudita negou as acusações, ordenando a abertura de uma investigação sobre o bombardeio, o mais sangrento desde o início, há 18 meses, da intervenção da coalizão no Iêmen.

No domingo foram registradas manifestações em Sanaa, onde milhares de partidários huthis gritaram "Morte aos Al-Saud", a família que reina em Riad.

O objetivo da coalizão árabe é restabelecer a autoridade em todo o país do governo iemenita reconhecido pela comunidade, e de seu presidente, Abd Rabbo Mansur Hadi.

Já o presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, aliado dos rebeldes, convocou, com retórica belicista, uma mobilização militar na fronteira saudita.

Em um discurso transmitido pela televisão, o ex-presidente, que dirigiu o país por mais de 30 anos e que ainda conta com fortes apoios no exército, mesmo quatro anos depois de ter sido obrigado a deixar o poder, convocou "as forças armadas e os comitês populares a se dirigirem ao front de guerra na fronteira para vingar as nossas vítimas".

A operação militar árabe, no entanto, se eterniza e não se vislumbra um resultado a favor da coalizão, enquanto que o país está controlado em parte pelos rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã, que classificou o ataque de "crime espantoso contra a humanidade".

A Arábia Saudita é frequentemente criticada pelo elevado número de vítimas civis causadas por sua intervenção.

Preocupação em Washington

Os Estados Unidos, aliados de Riad, disseram estar "profundamente preocupados" e anunciaram que revisarão seu apoio à coalizão árabe, uma ajuda que foi diminuindo nos últimos meses.

O ataque de sábado fez com que o secretário de Estado americano, John Kerry, tomasse a atitude incomum de ligar para o vice-príncipe herdeiro e ministro da Defesa saudita, Mohamed ben Salman. E também conversou com seu colega saudita, Adel al Jubeir, a quem pediu que "este tipo de ataque não se reproduza nunca mais". Kerry também defendeu um cessar imediato das hostilidades.

Para Mustafa Alani, especialista do Gulf Research Centre, a Arábia Saudita não tem todas as cartas na manga.

"O desejo da coalizão é acabar com a guerra, mas a atitude dos rebeldes endurece dia a dia, já que acham que podem obter mais concessões".

Para Adam Baron, pesquisador que colabora com o European Council on Foreign Relations, os sauditas se verão obrigados a prosseguir com as operações, pois os rebeldes dão motivos para isso.

Esta situação deixa numa situação incômoda os Estados Unidos, que fornecem as bombas de precisão, as informações e os conselhos aos sauditas, embora essa ajuda tenha se reduzido de maneira significativa.

Alani considera que um cessar do apoio americano tornaria difícil, quase impossível, o prosseguimento das operações da coalizão árabe.

Nesse caso, cresceria a influência no Iêmen do Irã, grande adversário regional da Arábia Saudita.

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