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"Apenas arranhamos a superfície dos desafios", diz Lula ao repassar presidência do G20

Presidente transmitiu comando do grupo para a África do Sul ao final de evento no Rio de Janeiro

Presidente Lula bate o martelo que passa oficialmente a presidência do G20 ao presidente Ramaphosa, da África do Sul (Ricardo Stuckert/Divulgação)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 19 de novembro de 2024 às 13h09.

Última atualização em 19 de novembro de 2024 às 14h46.

O presidente Lula encerrou a reunião de cúpula do G20 no Rio de Janeiro e listou acordos alcançados durante o encontro e a presidência brasileira do bloco, como uma aliança de combate à fome e propostas para reformar instituições internacionais.

"Trabalhamos com afinco, mesmo cientes de que apenas arranhamos a superfície dos profundos desafios que o mundo tem que enfrentar", diz Lula ao encerrar a reunião de líderes do G20.

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"Lançamos uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e iniciamos um debate inédito sobre a taxação de super-ricos. Colocamos a mudança do clima na agenda dos Ministérios de Finanças e Bancos Centrais e aprovamos o primeiro documento multilateral sobre bioeconomia. Fizemos um Chamado à Ação por reformas que tornem a governança global mais efetiva e representativa e dialogamos com a sociedade por meio do G20 Social", destacou Lula. Veja a íntegra aqui.

Lula transmitiu a presidência do G20 para a África do Sul. Ao final do discurso, ele entregou um martelo simbólico ao presidente Cyril Ramaphosa.

O líder brasileiro teria um almoço com o presidente dos EUA, Joe Biden e depois fará reuniões bilaterais com os líderes do Japão e Reino Unido. Lula retorna para Brasília no fim da tarde.

Em 2025, o Brasil receberá mais dois grandes eventos da diplomacia internacional. O país presidirá o Brics, grupo que divide com Rússia, China, Índia, Àfrica do Sul e outros membros, e sediará a COP30, em Belém, o principal evento que debate saídas para a crise climática.

O G20 une 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) — integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O G20 agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.

Cúpula do G20 no Rio de Janeiro

Declaração final

Durante a presidência do G20, o Brasil buscou avançar três agendas principais: o combate à fome, a reforma de organizações internacionais, como a ONU, e as ações contra as mudanças climáticas.

Na segunda, foi lançada uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que reúne 82 países e recebeu um aporte inicial de US$ 25 bilhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

A declaração final do encontro, divulgada na noite de segunda, 18, defende a taxação de super-ricos como forma de reduzir a desigualdade social. "Com todo o respeito à soberania fiscal, buscamos nos engajar cooperativamente para garantir que indivíduos ultrarricos sejam efetivamente taxados. A cooperação pode envolver troca de melhores práticas, encorajar debates sobre princípios fiscais e criar mecanismos anti-evasão", diz o texto.

O documento pede por cessar-fogo nos conflitos em Gaza e na Ucrânia. No entanto, não houve críticas diretas à Rússia e Israel nem medidas claras de como essas guerras poderiam ser encerradas. Sobre a crise no Oriente Médio, o documento reafirma o compromisso com uma solução de dois Estados, onde "Israel e um estado palestino vivam lado a lado em paz, com fronteiras seguras e reconhecidas".

Direitos trabalhistas e IA

Houve também uma defesa dos direitos dos trabalhadores, o combate ao trabalho escravo e a práticas de discriminação contra as mulheres.

Sobre clima, houve uma reafirmação da determinação de seguir com o Acordo de Paris, que prevê limitar o aquecimento global a 1,5º C acima dos padrões pré-industriais. Há também um compromisso de buscar ampliar os recursos para financiar a transição energética.

A declaração final traz compromissos de mudanças na ONU, como o fortalecimento do papel da Assembleia-geral e de uma reforma no Conselho de Segurança, "que o torne mais representaitvo, inclusivo, eficiente, eficaz, democrático e responsável".

Para os bancos de fomento, como o Banco Mundial e o BID, há uma defesa de que eles tenham mais recursos para apoiar os países mais pobres e de renda média, e que estes países tenham mais espaço para decidir os rumos dessas instituições.

Há ainda itens sobre inteligência artificial, com uma defesa de uma regulação que "limite os riscos e, ao mesmo tempo, nos permita nos beneficiar do que ela tem a oferecer".

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