Nicarágua: governo do país nega ser o promotor da violência e o principal responsável pelas mortes (Oswaldo Riva/Reuters)
EFE
Publicado em 26 de julho de 2018 às 15h45.
Última atualização em 26 de julho de 2018 às 16h07.
Manágua - Pelo menos 448 pessoas morreram, 2.800 ficaram feridas e 595 estão desaparecidas desde que começaram os protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega, que completam 100 dias nesta quinta-feira, informou a organização não governamental Associação Nicaraguense de Defesa dos Direitos Humanos (ANPDH, na sigla em espanhol).
O secretário-executivo da ANPDH, Álvaro Leiva, disse nesta quinta-feira em entrevista coletiva que a lista de vítimas é "preliminar", já que tiveram problemas para confirmar casos registrados em áreas de difícil acesso.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que responsabiliza o governo de Ortega por "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias cometidas contra a população majoritariamente jovem", cifrou em 295 o número de mortos em 99 dias de crise.
Leiva disse à imprensa que algumas das 2,8 mil pessoas que ficaram feridas terão sequelas pelo resto da vida. Fundada em 1986, a ANPDH conta com bastante credibilidade no país.
A Nicarágua atravessa a crise sociopolítica mais sangrenta da sua história em tempos de paz, e a pior desde a década de 80, também com Ortega sendo presidente.
O governo nicaraguense nega ser o promotor da violência e o principal responsável pelas mortes, e classifica os manifestantes como "grupos terroristas" com um plano de "golpe de Estado" que já foi derrotado, segundo disse a vice-presidente e primeira-dama, Rosario Murillo.