Amsterdã abrirá 1ª cooperativa de prostitutas em maio
Própria prefeitura iniciou em 2014 um estudo para avaliar como seria um "negócio autogerido"
EFE
Publicado em 14 de janeiro de 2017 às 20h24.
Última atualização em 14 de janeiro de 2017 às 20h45.
São Paulo - A cidade de Amsterdã abrirá em maio sua primeira cooperativa de prostitutas, que terá 14 vitrines no Bairro da Luz Vermelha, com o desafio de "fortalecer a posição das profissionais do sexo", explicou à Agência Efe o porta-voz do projeto "My Red Light", Richard Bouwman.
Os bordéis são legais na Holanda desde 2000. Na capital, devido a uma lei municipal, as mulheres que exercem a prostituição devem ter pelo menos 21 anos, embora "a indústria tenha sido normalizada", comentou o prefeito da cidade, Eberhard van der Laan, em carta escrita em setembro do ano passado.
Com a intenção de melhorar a situação das profissionais do sexo, a própria prefeitura iniciou em 2014 um estudo para avaliar como seria um "negócio autogerido", de modo que as prostitutas fossem "menos dependentes de terceiros", explicava o governante na carta.
Dois anos depois, em agosto de 2016, nasceu a fundação "Nossa própria janela", com a colaboração de diversas prostitutas. Desde o início elas focaram em buscar o investimento necessário, já que os locais escolhidos para o bordel precisavam de reformas. A Prefeitura não se envolveu, deixando que investidores privados entrassem com o capital inicial.
O projeto se tornará realidade no dia 1º de maio, quando "My Red Light" abrirá suas 14 vitrines em duas ruas do famoso Bairro da Luz Vermelha, às margens de um dos canais da cidade, e contará com um quarto sadomasoquista e outro adaptado para deficientes, um aspecto que, segundo Bouwman, "não é algo muito comum" na região.
"Queremos ir devagar porque estamos imersos em algo grande. Talvez seja utópico, mas uma vez que seja aceito socialmente, o povo se dará conta que este é um trabalho normal, com todas as suas obrigações, mas também com todos os seus direitos", acrescentou o porta-voz.
As prostitutas deverão estar registradas como trabalhadoras autônomas na Câmara de Comércio e falar holandês ou inglês de maneira fluente para alugar um quarto em "My Red Light".
O grau de envolvimento no projeto dependerá delas: as que decidirem se comprometer de maneira ativa "terão o controle da fundação, serão parte da diretoria e participarão da tomada de decisões", analisou Bouwman.
O bordel não intervirá na negociação entre a prostituta e o cliente, serão as próprias trabalhadoras que estabelecerão os termos do acordo com os interessados no serviço sexual. O site do projeto "My Red Light" mostrará em tempo real quais prostitutas estão trabalhando no momento e por quanto tempo.
"Não é muito habitual que alguém que aluga um vitrine use a internet para isto, mas vivemos em uma sociedade moderna", disse o porta-voz.
Caso o projeto lucre pelo aluguel dos quartos, o dinheiro será investido em oficinas voltadas às próprias prostitutas ou na melhora das instalações.
"Não é uma empresa para fazer dinheiro, mas uma fundação com o objetivo de apoiar as profissionais do sexo e fortalecê-las", especificou Bouwman. Nessas oficinas, as participantes serão assessoradas sobre assuntos de saúde, direitos e assuntos relacionados com o ofício.
Os responsáveis pelo bordel afirmam que várias prostitutas já demonstraram interesse, mas são precavidos ao determinar quantas alugarão um quarto ou uma vitrine a partir de maio, uma opção que também estará aberta para homens e transexuais.
O prefeito de Amsterdã detalhou que o projeto será supervisionado "para saber melhor seu impacto", embora seja ciente que "não é um remédio nem uma solução para todos os problemas da indústria da prostituição" e admita que não há garantias de que "algo não vá dar errado".
No entanto, o governante espera que "My Red Light" "possa contribuir para a normalização da prostituição e ao empoderamento de profissionais do sexo, melhorando suas habilidades comerciais e condições trabalhistas".