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Aleppo volta a ser bombardeada e ajuda humanitária está no fim

Os bombardeios aéreos e de atilharia causaram a morte de 32 civis, incluindo seis crianças, nas últimas 24 horas nos bairros rebeldes de Aleppo

Aleppo: no plano humanitário, a situação está cada vez mais crítica para os 250.000 habitantes da parte rebelde de Aleppo (Ammar Abdullah/Reuters)
A

AFP

Publicado em 16 de novembro de 2016 às 18h43.

Aviões do regime sírio e de sua aliada Rússia bombardearam na madrugada de quarta-feira, pelo segundo dia seguido, a província de Idleb e a área rebelde de Aleppo, onde a ajuda humanitária começa a se esgotar após um cerco de quatro meses.

Os bombardeios aéreos e de atilharia causaram a morte de 32 civis, incluindo seis crianças, nas últimas 24 horas nos bairros rebeldes de Aleppo. Outras 19 pessoas morreram no vilarejo de Batbo, 40 km a oeste da cidade.

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Na província de Idleb (noroeste), seis civis, incluindo uma criança, morreram em Kafar Jales, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Os aviões militares russos atacaram toda a noite e até a manhã várias regiões de Idleb", uma província do noroeste da Síria controlada por uma aliança de rebeldes e jihadistas, afirmou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH.

"Ao mesmo tempo, a aviação do regime bombardeou os bairros do leste de Aleppo", completou, a respeito da segunda maior cidade da Síria, dividida entre setores sob controle do governo e outros dominados pelos rebeldes desde 2012, acrescentou.

O governo sírio aspira a retomar rapidamente o controle de toda a cidade de Aleppo, que foi capital econômica da Síria.

Yahya Arja, um socorrista da Defesa Civil nas áreas rebeldes indicou que os "bombardeios atingiram civis inocentes em suas casa". "Trabalhamos durante toda a noite à procura de sobreviventes", acrescentou à AFP.

No leste de Aleppo, o hospital pediátrico, que realiza quatro mil consultas mensais, e o banco de sangue, que fornece 1.500 bolsas aos hospitais, foram danificados por barris de explosivos, indicou a ONG Associação de Médicos Independentes (ADI).

'Indesculpável'

Após uma pausa de um mês, o regime de Bashar al-Assad retomou na terça-feira a campanha contra o setor rebelde da ex-capital econômica síria, no mesmo dia em que Moscou anunciou uma nova ofensiva, oficialmente contra os extremistas de Idleb e de Homs (centro).

Os bombardeios russos foram executados a partir do porta-aviões Almirante Kuznetsov, que chegou na semana passada às costas sírias para reforçar o dispositivo militar russo no país em guerra desde 2011.

Moscou apoia as forças do regime sírio, enquanto Washington auxilia a rebelião considerada moderada.

Os novos ataques foram considerados "indesculpáveis" por Washington, que apoia a rebelião dita moderada e que acusa Moscou de visar os insurgentes anti-regime.

Moscou denuncia, por sua vez, uma "retórica" baseada em "mentiras".

A retomada dos bombardeios acontece uma semana depois da eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Este último anunciou que sua prioridade era a luta contra os jihadistas e não para derrubar Assad como deseja Barrack Obama.

Em sua primeira reação, o chefe de Estado sírio declarou que Trump seria "um aliado natural" se lutasse contra o terrorismo, em uma entrevista transmitida na terça-feira pela televisão pública portuguesa RTP.

'Depósitos vazios'

No plano humanitário, a situação está cada vez mais crítica para os 250.000 habitantes da parte rebelde de Aleppo, submetidos a um cerco implacável desde 17 de julho.

Os seus suprimentos estão em fase de esgotamento e o Programa Alimentar Mundial (PAM) indicou à AFP no domingo ter feito a sua distribuição final.

"Os nossos depósitos estão vazios, não podemos distribuir mais nada", disse à AFP Ammar Qadah, diretor da al-Sham al-Insaniya, uma organização de caridade.

Voluntários distribuíram na terça-feira seus últimos parcos sacos de ajuda, constatou um correspondente da AFP.

A ONU já havia advertido na semana passada que as últimas porções de alimentos estavam sendo distribuídas aos moradores de Aleppo.

A guerra na Síria, que matou mais de 300.000 pessoas em cinco anos e meio, tornou-se a pior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial.

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