Águas da Indonésia "engolem" milhares de vidas de emigrantes
Eles fogem de seus países com objetivo de prosperar na Austrália ou para escapar de perseguições por motivos políticos ou religiosos e acabam envolvidos em tragédias
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2012 às 12h02.
Pelabuhan Ratu - Milhares de pessoas do Afeganistão, Iraque e outros países asiáticos tentam entrar ilegalmente na Austrália após a realização de uma travessia perigosa a partir da Indonésia que em muitos casos termina em tragédia.
A cidade de Pelabuhan Ratu, no sul da ilha de Java, é um dos principais portos de passagem dessas pessoas que pagam milhares de dólares aos grupos dedicados ao tráfico de pessoas, que fogem de seus países com objetivo de prosperar na Austrália ou para escapar de perseguições por motivos políticos ou religiosos.
O destino deste fluxo anual de pessoas costuma ser Christmas, uma pequena ilha australiana, no Oceano Índico, situada a cerca de 500km de Jacarta, capital da Indonésia.
Adi, um morador de Pelabuhan Ratu, reconheceu à Agência Efe que 'são centenas os imigrantes que esperam um barco para viajar para Austrália, porém a maioria se esconde e não se mistura com a população por mede do ser detido'.
'Os moradores não colaboram com as máfias que trazem os imigrantes. Frequentemente encontramos corpos destas pessoas na praia ou no mar quando saímos para pescar, porque os acidentes são muito frequentes', lamenta Adi.
Nestas águas, bravas, infestadas por tubarões e que atraem os surfistas do mundo todo pelo tamanho das ondas, milhares de pessoas morreram nos últimos anos na tentativa de chegar à ilha de Christmas.
Os naufrágios são produzidos, entre outras causas, por sobrecarga, precariedade das embarcações e fortes temporais.
A última tragédia conhecida, que ocorreu em agosto, aconteceu com uma embarcação que levava cerca de 150 emigrantes e naufragou em águas indonésias enquanto navegava rumo às Ilhas Christmas.
As equipes de salvamento conseguiram encontrar 55 pessoas com vida, mas o resto dos emigrantes foi dado como morto.
Segundo as organizações comprometidas com a ajuda ao refugiado, o perfil majoritário destes emigrantes é o de um homem com idade média, original do Sri Lanka, Paquistão Afeganistão, Iraque e de outros países com conflitos ou pobres.
Em geral, se trata de homens que viajam sozinhos, mas que deixam suas famílias em seus países e vendem tudo o que possuem para poder empreender nessa jornada cujo resultado é incerto.
A travessia começa em seus países de origem, onde entram em contato com as máfias que se comprometem a facilitar a entrada na Austrália, país que adotou leis mais estritas em matéria de imigração e que reforçou a vigilância marítima para conter o fluxo de embarcações carregadas de imigrantes.
Desesperada pela falta de oportunidades, a maior parte destas pessoas entra na Indonésia pelo aeroporto internacional de Jacarta, onde recebem visto de turista válido por um mês.
'A viagem desde seu país de origem (até Austrália) custa de US$ 7 mil a 8 mil por pessoa', explicam a Efe fontes de uma organização que ajuda os refugiados estabelecidos em Jacarta.
Uma vez na Indonésia, esse grupo de pessoas se desloca discretamente pela região costeira do país.
Essas pessoas sempre se deslocam em grupo, e muitas vezes esses grupos são formado por gente da mesma nacionalidade. A partir disso, eles chegam em locais litorâneos como Pelabuhan Ratu, nos quais as máfias se escondem até chegar a um número suficiente de 'passagens' para fretar uma embarcação na qual todos viajarão amontoados.
O sonho é desembarcar em Christmas, mas as probabilidades de que um acidente marítimo o transforme em pesadelo, são bastante altas, de acordo com as organizações humanitárias.
Além de correrem riscos de serem detidos pela polícia antes de subir a bordo da embarcação, essas pessoas podem passar vários anos presas até que as autoridades da Indonésia decidam entre expulsões ou deportações.
A Indonésia não assinou a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados das Nações Unidas e, portanto, os imigrantes que chegam ao país com o propósito de pedir asilo na Austrália e são detidos se encontram em um limbo legal.
'Há casos de pessoas que solicitaram ser reconhecidos como refugiados e que passaram até dez anos em centros de detenção na Indonésia', relatam as mesmas fontes.
O governo australiano aprovou, em agosto, a abertura de um centro de detenção de imigrantes em Nauru e outro em Papua Nova Guiné, uma iniciativa que foi criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Além disso, Austrália e Indonésia negociam um acordo para realizar patrulhas marítimas de forma conjunta para conter as embarcações com imigrantes. EFE
Pelabuhan Ratu - Milhares de pessoas do Afeganistão, Iraque e outros países asiáticos tentam entrar ilegalmente na Austrália após a realização de uma travessia perigosa a partir da Indonésia que em muitos casos termina em tragédia.
A cidade de Pelabuhan Ratu, no sul da ilha de Java, é um dos principais portos de passagem dessas pessoas que pagam milhares de dólares aos grupos dedicados ao tráfico de pessoas, que fogem de seus países com objetivo de prosperar na Austrália ou para escapar de perseguições por motivos políticos ou religiosos.
O destino deste fluxo anual de pessoas costuma ser Christmas, uma pequena ilha australiana, no Oceano Índico, situada a cerca de 500km de Jacarta, capital da Indonésia.
Adi, um morador de Pelabuhan Ratu, reconheceu à Agência Efe que 'são centenas os imigrantes que esperam um barco para viajar para Austrália, porém a maioria se esconde e não se mistura com a população por mede do ser detido'.
'Os moradores não colaboram com as máfias que trazem os imigrantes. Frequentemente encontramos corpos destas pessoas na praia ou no mar quando saímos para pescar, porque os acidentes são muito frequentes', lamenta Adi.
Nestas águas, bravas, infestadas por tubarões e que atraem os surfistas do mundo todo pelo tamanho das ondas, milhares de pessoas morreram nos últimos anos na tentativa de chegar à ilha de Christmas.
Os naufrágios são produzidos, entre outras causas, por sobrecarga, precariedade das embarcações e fortes temporais.
A última tragédia conhecida, que ocorreu em agosto, aconteceu com uma embarcação que levava cerca de 150 emigrantes e naufragou em águas indonésias enquanto navegava rumo às Ilhas Christmas.
As equipes de salvamento conseguiram encontrar 55 pessoas com vida, mas o resto dos emigrantes foi dado como morto.
Segundo as organizações comprometidas com a ajuda ao refugiado, o perfil majoritário destes emigrantes é o de um homem com idade média, original do Sri Lanka, Paquistão Afeganistão, Iraque e de outros países com conflitos ou pobres.
Em geral, se trata de homens que viajam sozinhos, mas que deixam suas famílias em seus países e vendem tudo o que possuem para poder empreender nessa jornada cujo resultado é incerto.
A travessia começa em seus países de origem, onde entram em contato com as máfias que se comprometem a facilitar a entrada na Austrália, país que adotou leis mais estritas em matéria de imigração e que reforçou a vigilância marítima para conter o fluxo de embarcações carregadas de imigrantes.
Desesperada pela falta de oportunidades, a maior parte destas pessoas entra na Indonésia pelo aeroporto internacional de Jacarta, onde recebem visto de turista válido por um mês.
'A viagem desde seu país de origem (até Austrália) custa de US$ 7 mil a 8 mil por pessoa', explicam a Efe fontes de uma organização que ajuda os refugiados estabelecidos em Jacarta.
Uma vez na Indonésia, esse grupo de pessoas se desloca discretamente pela região costeira do país.
Essas pessoas sempre se deslocam em grupo, e muitas vezes esses grupos são formado por gente da mesma nacionalidade. A partir disso, eles chegam em locais litorâneos como Pelabuhan Ratu, nos quais as máfias se escondem até chegar a um número suficiente de 'passagens' para fretar uma embarcação na qual todos viajarão amontoados.
O sonho é desembarcar em Christmas, mas as probabilidades de que um acidente marítimo o transforme em pesadelo, são bastante altas, de acordo com as organizações humanitárias.
Além de correrem riscos de serem detidos pela polícia antes de subir a bordo da embarcação, essas pessoas podem passar vários anos presas até que as autoridades da Indonésia decidam entre expulsões ou deportações.
A Indonésia não assinou a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados das Nações Unidas e, portanto, os imigrantes que chegam ao país com o propósito de pedir asilo na Austrália e são detidos se encontram em um limbo legal.
'Há casos de pessoas que solicitaram ser reconhecidos como refugiados e que passaram até dez anos em centros de detenção na Indonésia', relatam as mesmas fontes.
O governo australiano aprovou, em agosto, a abertura de um centro de detenção de imigrantes em Nauru e outro em Papua Nova Guiné, uma iniciativa que foi criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Além disso, Austrália e Indonésia negociam um acordo para realizar patrulhas marítimas de forma conjunta para conter as embarcações com imigrantes. EFE