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Agricultura orgânica conseguiu diminuir perdas nas chuvas do Rio

Produtores orgânicos tiveram prejuízos menores do que os adeptos na agricultura tradicional durante as chuvas na região serrana do estado

Uma das propostas para se evitar novas catástrofes na região é aumentar a presença da agricultura orgânica (Walter Campanato / Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2011 às 15h26.

Rio de Janeiro - Embora os produtores orgânicos tenham sofrido perdas em decorrência das fortes chuvas que assolaram a região serrana fluminense em janeiro, os prejuízos registrados pelo setor foram menores que os da agricultura tradicional. Essa é a principal conclusão do relatório apresentado hoje (18) pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)

. A exemplo do que ocorreu com os agricultores convencionais, os produtores orgânicos foram afetados também por dificuldades no escoamento e pela falta de energia, entre outros problemas. Mas, devido às práticas agroecológicas, que incluem não desmatar e cuidar dos rios e das matas ciliares, as propriedades foram menos afetadas pelas fortes enxurradas de janeiro e, consequentemente, perderam menos.

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“Por mexer menos na natureza, por cuidar mais do meio ambiente, ter áreas de produção, além de uma produção variada. Eu acho que essa lição deve ser pensada nos municípios”, disse à Agência Brasil a diretota da SNA Sylvia Wachsner. O relatório foi divulgado pelo Fórum de Desenvolvimento Estratégico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), em Teresópolis.

A Comissão da Produção Orgânica do Rio de Janeiro (CPOrg-RJ), ligada ao Ministério da Agricultura, levantou informações referentes ao período de janeiro até o dia 17 de fevereiro que mostram que a situação mais crítica foi enfrentada pelos produtores orgânicos no assentamento agrário Fazenda Alpina, em Teresópolis. Naquele assentamento, 45 das 93 famílias perderam tudo, incluindo casas, benfeitorias e terras agricultáveis. No Sítio Solstício, o produtor rural Renato Agostini, que já fazia a comercialização de seus produtos no varejo, sofreu perdas de lavoura não só pelas chuvas, mas pela falta de energia que se seguiu à enxurrada. No distrito de Itaipava, em Petrópolis, a família do produtor rural Shigeharu Katsumoto perdeu toda a produção em 500 metros de estufas, mais 1.000 metros quadrados de mudas de árvores frutíferas e hortaliças.

Em Nova Friburgo, foi registrada perda parcial do galpão de flores e frutas de produtores da localidade de Vargem Grande. Em São José do Rio Preto, uma fábrica de ração teve perda de maquinário e matéria prima, além de produto final. No município de Bom Jardim, produtores do Sítio das Quaresmeiras perderam toda a produção de goiabada e bananada orgânicas armazenada em geladeiras e câmaras frias.

A SNA apresentou propostas para que os municípios se recuperem economicamente e possam estar preparados para os eventos ambientais e esportivos de nível mundial, que ocorrerão no Rio de Janeiro já a partir deste ano. Para a diretora, é preciso “aprender com o problema e ver como os municípios ficam mais fortes, ajudando-os a pensar no futuro nos próximos seis a sete anos”.

Entre as propostas, Sylvia destacou a continuidade das práticas agroecológicas, com menor interferência na natureza, utilizando menos agrotóxicos. “É muito importante para a saúde dos produtores e do município. Menos pessoas doentes custam menos à saúde pública”. Outra iniciativa é ajudar os bancos de sementes e adubos verdes por meio dos programas de apoio do Ministério da Agricultura e das empresas nacional e estadual de pesquisa agrícola (Embrapa e Emater, respectivamente).

Ela disse ainda que é preciso facilitar o acesso a câmaras frias para a conservação de produtos, sobretudo no verão, mediante o pagamento de um aluguel às prefeituras. “A perda é menor e os produtos chegam vivos às feiras e ao varejo”. A criação de pequenas indústrias de beneficiamento e a melhoria de embalagens foram outras sugestões apresentadas pela SNA em benefício dos produtores orgânicos da região serrana do Rio de Janeiro.

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