Genebra - A Organização Mundial da Saúde ( OMS ) muda o tom do discurso diante da proliferação de casos do ebola na África e alerta que a região está enfrentando "uma guerra".
A entidade está assustada diante do fato de que dezenas de médicos locais estão abandonando seus hospitais, temendo serem contaminados pelo vírus que já fez mais de 2 mil mortos e que, segundo a OMS, atingirá "milhares de pessoas" nas próximas semanas.
Antes de a crise começar, a Libéria contava com menos de 250 médicos para atender 4 milhões de pessoas.
Nesta terça-feira, 09, a OMS admite que esse número caiu de forma substancial.
Algumas dezenas deles morreram, enquanto muitos outros estão abandonando seus locais de trabalho.
"É uma guerra contra um vírus e é uma guerra difícil", declarou Sylvie Briand, uma das chefes de operação da OMS.
"Queremos vencer algumas batalhas, pelo menos em alguns locais. Mas novos soldados são necessários", alertou.
Em Serra Leoa, por exemplo, são apenas 2 médicos para cada 100 mil pessoas.
Hoje, a entidade admite que simplesmente não sabe quantos médicos estão trabalhando na região.
Mas estima que 12 mil profissionais sejam necessários para frear a crise.
Desesperada, a OMS está em negociações com governos de todo o mundo para que enviem médicos para a região africana mais afetada.
Mas, até agora, um número reduzido de apoio foi confirmado.
O Reino Unido e os Estados Unidos anunciaram que mandarão médicos e soldados para a região.
Mas a entidade Médicos Sem Fronteiras alerta que os números indicados pelos dois governos seriam "insuficientes".
Margaret Chan, diretora da OMS, chegou a fazer ameaças e alertou que o "mundo seria responsabilizado" pela situação e pelos mortos na África.
Diante da crise, a OMS optou por mudar de forma radical sua estratégia. A partir de agora, a entidade vai tentar convencer líderes locais e a comunidade a colaborar, o que seria a única alternativa diante da falta de médicos, de hospitais e de leitos.
- 1. O que é ebola?
1 /13(Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
- 2. A origem
2 /13(Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
- 3. A epidemia atual
3 /13(Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
- 4. Os sintomas
4 /13(AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
- 5. Transmissão
5 /13(Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
- 6. O tratamento
6 /13(Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
- 7. Como se proteger
7 /13(AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
- 8. Epidemia global
8 /13(Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
- 9. Vacina experimental
9 /13(sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
- 10. Fronteiras fechadas
10 /13(Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
- 11. Não há mercado para a vacina
11 /13(AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
- 12. Medicação
12 /13(Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
- 13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
13 /13(Reuters)