Acordo de livre comércio entre UE e Mercosul deve avançar, diz Soares Pacheco
Negociações entre os dois blocos, que ficaram paradas por mais de 10 anos, podem culminar em fechamento de acordo em março
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2011 às 12h06.
Brasília – O Mercosul e a União Europeia (UE) negociam para avançar, até março, no fechamento de um acordo entre os dois blocos na área comercial. A próxima rodada de discussões ocorrerá em em Bruxelas, na Bélgica. O otimismo parte dos negociadores europeus, apesar das dificuldades em torno de um consenso sobre os subsídios e a redução de tarifas para alguns produtos. Por mais de dez anos, as negociações entre os dois blocos ficaram paradas.
“Vamos ter que liberalizar 90% do nosso comércio, para ser compatível com as regras da Organização Mundial do Comércio. Portanto, fica o resto que temos que discutir como vamos fazer”, afirmou à Agência Brasil o representante da UE no Brasil, o embaixador português João José Soares Pacheco.
Entre as maiores “sensibilidades” de cada bloco, Pacheco coloca, do lado europeu, a área agrícola, citando de forma diferenciada os setores de carnes e açúcar. No Mercosul, o setor industrial é a mais sensível a uma abertura ao livre comércio com a União Europeia.
Há mais de uma década, os dois blocos buscam um acordo bilateral para a área comercial. Em 2004, por total falta de consenso, as negociações foram interrompidas. Depois, os negociadores retomaram as conversas em 2008. Mas o impasse permanece. No ano passado, os europeus fizeram exigências adicionais ao Mercosul.
Uma das exigências dos europeus para o Mercosul era que para exportar para a UE fosse elevada a abertura na indústria para quase 100%. A recomendação sugeria ainda a inclusão do transporte marítimo no setor de serviços e garantias de proteção na área de propriedade intelectual.
Segundo os negociadores do Mercosul, a União Europeia tende a melhorar a oferta agrícola. A expectativa é que o número de cotas que limitam as vendas do Mercosul, sem tarifa no bloco, seja reduzido. No ano passado, as negociações retiraram essa condição para grãos, etanol e lácteos, mas mantiveram para carne bovina, de frango e alho.