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A menos de um mês das eleições, Trump fala com latinos e Kamala buscar se distanciar de Biden

Candidatos à presidência dos EUA seguem agenda de campanha e são questionados sobre imigração, aborto e propostas de governo

Donald Trump e Kamala Harris, que disputam a Presidência dos EUA (AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 17 de outubro de 2024 às 07h07.

Última atualização em 17 de outubro de 2024 às 07h07.

Donald Trump afirmou aos eleitores latinos que não é fã de Kamala Harris, mas reconheceu sua "habilidade para sobreviver" politicamente, durante um evento eleitoral na quarta-feira, 16, em que voltou a criticar a migração irregular.

A apenas 20 dias das eleições presidenciais, o candidato republicano, 78 anos, e a democrata, 59, intensificam os comícios e entrevistas para tentar captar o voto dos indecisos.

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Na quarta-feira à noite, a rede Univisión exibiu uma sessão de perguntas e respostas com eleitores latinos em Miami. Trump aproveitou para repetir sua retórica anti-imigração.

"Milhões de pessoas estão chegando de instituições psiquiátricas, estão esvaziando os hospitais psiquiátricos (...), estão esvaziando as prisões", reiterou, antes de afirmar que estas pessoas tiram os empregos dos afro-americanos e hispânicos, uma declaração desmentida por especialistas.

Dia de amor

Ao ser questionado sobre o dia 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão de seus apoiadores atacou oCapitólio, ele respondeu que centenas de milhares de pessoas viajaram a Washington porque pensavam que a eleição, que ele perdeu para Joe Biden, "foi roubada". Para ele, "foi um dia de amor".

O bilionário defendeu "eleições honestas" em 5 de novembro e, diante da pergunta sobre o que faria para unir os americanos, respondeu: "O que unirá o nosso país é o sucesso".

Também voltou a questionar a mudança climática. "O verdadeiro aquecimento global com o qual temos que nos preocupar é o nuclear", disse. Mas reconheceu que a pergunta mais difícil foi a última, quando uma mulher pediu para que citasse três virtudes de Kamala Harris.

"Não sou fã (...) mas ela parece ter uma habilidade para sobreviver, porque se retirou das primárias democratas para as eleições de 2020 e agora é candidata à presidência", respondeu.

Além disso, "parece ter algumas amizades há muito tempo e isso é uma coisa boa", completou.

A mulher fez a mesma pergunta a Kamala na semana passada e ela respondeu: "Acho que Donald Trump ama sua família e acredito que isso é muito importante (...). Mas realmente não o conheço, para ser sincera. Não tenho muito mais a dizer".

A maioria dos latinos vota nos democratas, mas existe "uma distância muito significativa" entre mulheres e homens. E estes últimos apoiam Kamala e Harris de maneira quase empatada, disse Arturo Vargas, diretor executivo do Fundo Educacional da Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Nomeados (NALEO).

Ao menos 17,5 milhões de hispânicos votarão na eleição presidencial, o que pode fazer a diferença, especialmente nos sete estados-pêndulo.

Durante a manhã, o canal conservador Fox News exibiu outra sessão de perguntas e respostas de Trump, mas desta vez com mulheres.

Sobre o direito ao aborto, Trump disse que acredita "firmemente" em exceções à sua proibição, como "o estupro, o incesto, o perigo à vida da mãe", mas que cada mulher "deve ouvir seu coração".

"Quero falar da FIV. Sou o pai da FIV", declarou o republicano sobre a fertilização in vitro.

"Do que está falando?", questionou Kamala na rede social X. E garantiu que, na realidade, os republicanos poderiam "acabar com a FIV por completo".

A candidata democrata também compareceu ao canal Fox News, mas para ela a emissora não é um território amigável.

A entrevista da vice-presidente foi um cabo de guerra com um inquisitivo Bret Baier, veterano jornalista da emissora preferida dos conservadores.

"Você precisa me deixar terminar" de falar, disse Kamala várias vezes, quando ele lhe perguntou sobre o número de migrantes em situação irregular.

Nova geração

Quando perguntada por que disse em outras entrevistas que não conseguia pensar em nada que teria feito diferente de Biden, ela respondeu: "Minha presidência não será uma continuação" da de Biden.

"Vou contribuir com minha experiência de vida, minha experiência profissional e ideias frescas e novas. Represento uma nova geração de liderança", acrescentou.

O apresentador, com fama de duro, mas justo, quis saber se ela se arrependia de ter encerrado o programa "Remain in Mexico" (Fique no México), introduzido por Trump durante o seu mandato, para que os migrantes esperem o desenlace do processo migratório do outro lado da fronteira.

A ex-procuradora insistiu em que o sistema migratório "está quebrado" e acusou Trump de colocar obstáculos para consertá-lo, bloqueando um projeto de lei bipartidário.

O jornalista destacou que migrantes liberados à espera de julgamento migratório cometeram crimes atrozes e o ilustrou com o vídeo da mãe de uma menina assassinada.

"São casos trágicos, não resta dúvida [...] e não posso nem imaginar a dor que vivenciaram as famílias dessas vítimas por uma perda que não deveria ter ocorrido", mas "também é certo que, se a segurança fronteiriça tivesse sido aprovada há nove meses, haveria mais agentes na fronteira" com o México, defendeu-se.

Kamala também atacou duramente Trump, mais uma vez, por ameaçar usar o Exército contra seus "inimigos internos".

"Ele é quem tende a degradar, menosprezar e rebaixar o povo americano. Ele é quem fala de um inimigo interno", afirmou.

Debate entre Kamala Harris e Donald Trump

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