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A China está desequilibrando os jogos de poder no céu

Progresso da China, em particular dos sistemas de mísseis disparados de aeronaves contra outros aviões, muda o panorama das forças aéreas ocidentais

China: orçamento de defesa da China é bem mais que o triplo do da Rússia ou Índia (Aly Song/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 13 de maio de 2018 às 06h00.

Última atualização em 13 de maio de 2018 às 06h00.

Durante mais de duas décadas, os EUA e seus aliados dominavam os céus, travando guerras com a certeza de que nenhum adversário podia competir no ar. Em meio à tensão maior com Rússia e China , a situação não é mais a mesma.

O rápido progresso tecnológico da indústria aeroespacial da China, em particular dos sistemas de mísseis disparados de aeronaves contra outros aviões, muda o panorama das forças aéreas ocidentais e do comércio internacional de armas. Além disso, modifica o cenário para vizinhos da China, como a Índia.

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A Rússia tomou a iniciativa de modernizar a força aérea e está mais disposta a usá-la. A longo prazo, no entanto, a economia da China, que movimenta US$ 13 trilhões e está em franca expansão, provavelmente fará do país o maior desafio estratégico para os EUA e seus aliados.

Em 2017, os gastos da China com defesa aumentaram 5,6 por cento em dólares constantes, enquanto os da Rússia caíram 20 por cento, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa pela Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês). A China gastou US$ 228 bilhões no ano passado e a Rússia, US$ 66,3 bilhões, segundo o Sipri.

“Tínhamos um ambiente no qual podíamos fazer o que quiséssemos no ar, e o que os chineses fizeram foi dizer que já não podemos”, disse Douglas Barrie, associado sênior para o setor aeroespacial militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Como resultado, os comandantes dos EUA agora precisam levar em consideração possíveis perdas de pilotos e aeronaves que não precisavam enfrentar desde a década de 1980.

A Força Aérea dos EUA continua sendo de longe a mais poderosa. Mas os avanços chineses chegam em um momento sensível, em que o interesse dos EUA em manter seu papel de polícia do mundo diminui. Enquanto isso, o presidente Xi Jinping estabeleceu metas ambiciosas para dominar setores avançados como robótica e inteligência artificial e para afirmar os interesses chineses no disputado Mar da China Meridional e em outras regiões.

Alguns dos maiores avanços da China estão chegando com os chamados mísseis ar-ar, disparados de uma aeronave contra outra, que, por um ou dois milhões de dólares, podem destruir um avião de US$ 150 milhões. Trata-se de uma forma econômica de tentar equilibrar forças com os EUA.

O orçamento de defesa da China é bem mais que o triplo do da Rússia ou Índia, mas ainda bastante inferior ao de US$ 610 bilhões dos EUA, segundo o Sipri.

Em março, a Força Aérea dos EUA concedeu um contrato de meio bilhão de dólares para municiar aliados próximos com o último míssil ar-ar de longo alcance da Raytheon, capaz de atingir aviões inimigos a 160 quilômetros de distância. O Meteor, um novo equivalente europeu, pode ser ainda mais mortal. Mas a última tecnologia da China, o PL-15, tem alcance maior que ambos.

“Nos EUA, estamos de férias há 25 anos ou talvez um pouco mais”, disse Michael Griffin, subsecretário de Defesa para Pesquisa e Engenharia, em discurso recente para o Hudson Institute, um centro de estudos de Washington. “Deixamos de financiar as práticas que nos levaram onde chegamos, a uma posição de superioridade tecnológica.”

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