Dezenas de militantes do Femen protestam em Paris pelo fim do feminicídio
As militantes denunciam a indiferença do governo sobre o assassinato de 60 mulheres neste ano na França
AFP
Publicado em 30 de maio de 2019 às 11h29.
Última atualização em 30 de maio de 2019 às 12h53.
Sessenta militantes do movimento Femen entraram brevemente nesta quinta-feira no pátio do monumento Palais Royal, no coração de Paris, para "prestar uma homenagem" às cerca de 60 mulheres "assassinadas" desde o início do ano na França e denunciar "a indiferença do governo".
Chegadas no local às 9h00 GMT (6h00 de Brasília), as ativistas de topless permaneceram dez minutos nas famosas colunas de Buren no pátio, primeiro em silêncio e com punhos erguidos, depois com sinalizadores rosa passaram a gritar: "Às mulheres assassinadas, a pátria indiferente", "Nenhuma a mais!" e "Parem o feminicídio!".
Palavras de ordem retomadas durante a sua rápida saída para a Place du Palais-Royal, em frente ao Museu do Louvre, onde as ativistas rapidamente se dispersaram, sob o olhar atento dos poucos turistas presentes nesta manhã nublada.
Em seus seios tinham pintado de preto os nomes das mulheres mortas na França desde 1 de janeiro: "Gaëlle esfaqueada grávida de 6 meses", "Josette morta a tiros", "Chantal espancada até a morte", Céline defenestrada com seu bebê 3 meses"...
Uma ação simbólica, visando "criar um panteão ao ar livre para homenageá-las", disse à AFP a ucraniana Inna Shevchenko, figura de destaque do movimento Femen.
"A cada dois dias, há uma nova vítima" e "ainda não vemos a ação esperada", acrescentou, denunciando a "indiferença do governo francês" sobre esse assunto.
Esta ação pretendia também "sensibilizar a sociedade" para o fenômeno do feminicídio no país. "Se houvesse 60 vítimas do sexo masculino, imagine qual seria a reação", disse ela.
Em 2017, 130 mulheres foram mortas por seus maridos ou ex-maridos, uma a cada três dias. E todos os anos, na França, quase 220.000 mulheres sofrem violência de seu cônjuge ou ex-cônjuge.