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5 “abacaxis” na relação entre Brasil e Estados Unidos

Presidente Dilma Rousseff encontra-se hoje com Barack Obama, nos Estados Unidos

A presidente Dilma Rousseff e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assistem vídeo em encontro em Nova York (Kevin Lamarque/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2012 às 13h10.

São Paulo - Hoje a presidente Dilma Rousseff encontra-se com Barack Obama , nos Estados Unidos, retribuindo a visita que o presidente norte-americano fez ao Brasil no ano passado. Apesar das boas relações diplomáticas, há também pequenas rusgas no relacionamento entre os dois países.

O Brasil depende cada vez menos dos Estados Unidos , por isso tem mais margem para adotar posturas que não necessariamente agradam o Tio Sam, segundo Filipe Campante, professor assistente de políticas públicas da Harvard Kennedy School. “Brasil e Estados Unidos são mais concorrentes em algumas atividades do que parceiros, o que justifica mais conflitos”, disse.

Nos campos da democracia e dos direitos humanos, há vários exemplos de desencontros. “O Brasil ainda se comporta na politica externa com um forte viés ideológico e não puramente estratégico”, disse Heni Ozi Cukier, professor do curso de Relações Internacionais da ESPM. Apesar de Dilma ser mais pragmática do que Lula, ela ainda não se libertou dessa postura, segundo Cukier.

Veja alguns dos principais “abacaxis” que os países ainda precisam descascar juntos:

Protecionismo

Durante a visita de Obama ao Brasil, em 2011, o empresariado brasileiro esperava um posicionamento sobre a redução das barreiras comerciais entre os países – e nada foi feito. O etanol e o suco de laranja já estiveram no centro das disputas.

Em janeiro desse ano, o embaixador dos Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), Michael Punke, afirmou que o governo Dilma teria que promover uma “mudança de atitude” se quisesse fechar acordos comerciais.

Guerra cambial

Durante seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro, Dilma mandou um recado indireto para os Estados Unidos. A presidente afirmou que “é preciso impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias extremamente expansionistas (o caso dos Estados Unidos) como pelo artifício do câmbio fixo”.


Para Campante, a reclamação brasileira não encontra ouvidos nos Estados Unidos. “A expressão ‘guerra cambial’ não faz parte do léxico americano”, diz.

Irã

Dilma está um pouco mais afastada do Irã do que seu antecessor, Lula, que chegou a receber o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, no Brasil. Mas, ainda assim, não está totalmente alinhada ao Tio Sam nesta questão.

No recente encontro dos BRICs o grupo reconheceu o direito do Irã ao uso de energia nuclear com fins pacíficos e refutou um possível conflito armado. Os Estados Unidos, por sua vez, querem “prevenir” um Irã nuclear e não apenas contê-lo. O país teme que as atividades nucleares do Irã tenham como objetivo o desenvolvimento de armas atômicas.

“O posicionamento brasileiro respeita o direito internacional, não fere regras e propõe uma alternativa diferente”, disse Carlos Eduardo Vidigal, professor de História da UnB.

Síria

No primeiro semestre de 2011, os sírios foram às ruas para pedir reformas políticas e a renúncia do presidente Bashar al-Assad. Os Estados Unidos apoiaram a derrubada do presidente e cobraram pressão por parte do Brasil.

No começo de outubro, o Brasil se absteve na votação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenava as autoridades sírias pela repressão contra os manifestantes e pedia o fim imediato dos abusos de direitos humanos.

Na ocasião, a representante brasileira junto às Nações Unidas destacou que o país condena violações de direitos humanos e já havia pedido o fim da violência na Síria, além do acesso de agentes humanitários, mas queria mais tempo para negociar apoio ao texto antes de ser colocado em votação.


“Essas questões são totalmente contrárias à politica e realidade do Brasil, que é pacifista, democrático, respeita os direitos humanos. Vai contra o que nós somos”, disse Cukier.

Líbia

Em decorrência dos conflitos na Líbia, que culminaram na morte do então presidente Muammar Kadhafi, as Nações Unidas encomendaram uma missão da Otan no país para proteger a população civil do país.

O Brasil foi contrário a ação militar na Líbia enquanto um grupo de países, liderado pelos Estados Unidos, defendia a eficiência da atuação.

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São Paulo - Hoje a presidente Dilma Rousseff encontra-se com Barack Obama , nos Estados Unidos, retribuindo a visita que o presidente norte-americano fez ao Brasil no ano passado. Apesar das boas relações diplomáticas, há também pequenas rusgas no relacionamento entre os dois países.

O Brasil depende cada vez menos dos Estados Unidos , por isso tem mais margem para adotar posturas que não necessariamente agradam o Tio Sam, segundo Filipe Campante, professor assistente de políticas públicas da Harvard Kennedy School. “Brasil e Estados Unidos são mais concorrentes em algumas atividades do que parceiros, o que justifica mais conflitos”, disse.

Nos campos da democracia e dos direitos humanos, há vários exemplos de desencontros. “O Brasil ainda se comporta na politica externa com um forte viés ideológico e não puramente estratégico”, disse Heni Ozi Cukier, professor do curso de Relações Internacionais da ESPM. Apesar de Dilma ser mais pragmática do que Lula, ela ainda não se libertou dessa postura, segundo Cukier.

Veja alguns dos principais “abacaxis” que os países ainda precisam descascar juntos:

Protecionismo

Durante a visita de Obama ao Brasil, em 2011, o empresariado brasileiro esperava um posicionamento sobre a redução das barreiras comerciais entre os países – e nada foi feito. O etanol e o suco de laranja já estiveram no centro das disputas.

Em janeiro desse ano, o embaixador dos Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), Michael Punke, afirmou que o governo Dilma teria que promover uma “mudança de atitude” se quisesse fechar acordos comerciais.

Guerra cambial

Durante seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro, Dilma mandou um recado indireto para os Estados Unidos. A presidente afirmou que “é preciso impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias extremamente expansionistas (o caso dos Estados Unidos) como pelo artifício do câmbio fixo”.


Para Campante, a reclamação brasileira não encontra ouvidos nos Estados Unidos. “A expressão ‘guerra cambial’ não faz parte do léxico americano”, diz.

Irã

Dilma está um pouco mais afastada do Irã do que seu antecessor, Lula, que chegou a receber o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, no Brasil. Mas, ainda assim, não está totalmente alinhada ao Tio Sam nesta questão.

No recente encontro dos BRICs o grupo reconheceu o direito do Irã ao uso de energia nuclear com fins pacíficos e refutou um possível conflito armado. Os Estados Unidos, por sua vez, querem “prevenir” um Irã nuclear e não apenas contê-lo. O país teme que as atividades nucleares do Irã tenham como objetivo o desenvolvimento de armas atômicas.

“O posicionamento brasileiro respeita o direito internacional, não fere regras e propõe uma alternativa diferente”, disse Carlos Eduardo Vidigal, professor de História da UnB.

Síria

No primeiro semestre de 2011, os sírios foram às ruas para pedir reformas políticas e a renúncia do presidente Bashar al-Assad. Os Estados Unidos apoiaram a derrubada do presidente e cobraram pressão por parte do Brasil.

No começo de outubro, o Brasil se absteve na votação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenava as autoridades sírias pela repressão contra os manifestantes e pedia o fim imediato dos abusos de direitos humanos.

Na ocasião, a representante brasileira junto às Nações Unidas destacou que o país condena violações de direitos humanos e já havia pedido o fim da violência na Síria, além do acesso de agentes humanitários, mas queria mais tempo para negociar apoio ao texto antes de ser colocado em votação.


“Essas questões são totalmente contrárias à politica e realidade do Brasil, que é pacifista, democrático, respeita os direitos humanos. Vai contra o que nós somos”, disse Cukier.

Líbia

Em decorrência dos conflitos na Líbia, que culminaram na morte do então presidente Muammar Kadhafi, as Nações Unidas encomendaram uma missão da Otan no país para proteger a população civil do país.

O Brasil foi contrário a ação militar na Líbia enquanto um grupo de países, liderado pelos Estados Unidos, defendia a eficiência da atuação.

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