4 milhões estão sem água em Damasco após ataque, diz ONU
O fornecimento vindo dos reservatórios de água de Wadi Barada e Ain al-Fija, que abastecem 70 por cento de Damasco e seus arredores, foi cortado
Reuters
Publicado em 29 de dezembro de 2016 às 18h51.
Última atualização em 29 de dezembro de 2016 às 18h51.
Beirute - Quatro milhões de pessoas em Damasco estão sem abastecimento de água potável há mais de uma semana, após reservatórios nos arredores da capital síria terem sido alvos de ataques, informou a Organização das Nações Unidas nesta quinta-feira.
O fornecimento vindo dos reservatórios de água de Wadi Barada e Ain al-Fija, que abastecem 70 por cento de Damasco e seus arredores, foi cortado, disse o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, na sigla em inglês).
Segundo a agência, o fornecimento foi cortado porque "a infraestrutura foi deliberadamente atacada e danificada", sem afirmar quem foi o responsável.
O vale de Wadi Barada é um bolsão de território rebelde ao noroeste de Damasco, o qual o Exército sírio e seus aliados têm tentado recapturar em uma ofensiva iniciada na semana passada.
Um residente e rebeldes na área disseram que ataques aéreos haviam danificado uma estação de bombeamento de água. O governo acusa rebeldes de poluir os reservatórios com diesel, forçando autoridades a cortar o abastecimento na sexta-feira e utilizar reservas.
Um residente de Damasco disse que cada bairro recebe água por cerca de duas horas por dia, e que os preços de água engarrafada aumentou drasticamente no mercado aberto para mais de o dobro do custo de lojas subsidiadas pelo Estado.
Wadi Barada fica em uma estrada que liga Damasco à fronteira com o Líbano --uma linha de suprimento para o poderoso grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã.
O grupo libanês está amplamente envolvido nos combates junto ao Exército do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Forças do governo têm bombardeado a área intensamente há uma semana, embora o Observatório Sírio para Direitos Humanos tenha dito que houve um período de calma nesta quinta-feira, antes de os ataques terem sido retomados.
Desde que tomaram controle da área, em 2012, rebeldes em Wadi Barada haviam permitido que engenheiros do órgão de abastecimento de água do governo realizassem manutenção e operassem a estação de bombeamento para abastecer Damasco.
No entanto, os combatentes cortaram o abastecimento diversas vezes no passado a fim fazer pressão para que o Exército não tomasse a área.
Segundo a Ocha, 15 milhões de pessoas precisam de ajuda para obter água em todo o país, após quase seis anos de conflito, e estima-se que famílias gastem quase um quarto de sua renda para comprar água.