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Palestinos retomam protestos por Jerusalém

Pelo menos 3.000 palestinos marcharam em Hebron, no sul da Cisjordânia ocupada

Protestos palestinos: manifestantes lançaram pedras nos soldados israelenses, que revidaram com gás lacrimogêneo (Muhammad Hamed/Reuters)
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AFP

Publicado em 15 de dezembro de 2017 às 14h33.

Última atualização em 15 de dezembro de 2017 às 14h34.

Milhares de palestinos voltaram às ruas, nesta sexta-feira (15), em protesto contra o reconhecimento americano de Jerusalém como capital de Israel , feito há cerca de dez dias pelo presidente Donald Trump.

Pelo menos 3.000 palestinos marcharam em Hebron, no sul da Cisjordânia ocupada. Alguns começaram a lançar pedras nos soldados israelenses, que revidaram com gás lacrimogêneo.

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Também em Belém, na Cisjordânia, foram registrados os primeiros confrontos, assim como na Cidade Velha de Jerusalém, após a grande oração semanal na Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar santo do Islã.

Anunciada em 6 de dezembro, a decisão de Trump de romper com décadas de diplomacia americana e internacional provocou manifestações e choques diários nos Territórios Palestinos. Quatro palestinos morreram, centenas ficaram feridos, e dezenas foram detidos pelas forças israelenses.

Milhares de muçulmanos em todo o mundo queimaram bandeiras americanas e israelenses e pisotearam retratos de Donald Trump.

O protesto ainda não tomou as proporções de uma escalada, como temido pela comunidade internacional, nem o "inferno" prometido pelo movimento islamita palestino Hamas para os interesses americanos.

Esta segunda sexta-feira após a comoção criada por Trump se anunciava como um novo termômetro da revolta palestina: nos períodos de tensão, a saída da grande oração semanal serve, tradicionalmente, de válvula de escape em Jerusalém, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Revolta

Depois de convocar uma "nova Intifada" após o anúncio de Trump, o Hamas pediu ontem que cada sexta-feira seja um "dia de fúria".

Nesse sentido, o Hamas convocou os palestinos a voltarem a lançar pedras contra o muro de cimento e de metal que bloqueia as fronteiras israelenses de Gaza - território governado pelo Hamas.

Na Cisjordânia - separada da Faixa de Gaza pelo território israelense e destinada a um dia formar com ela um Estado palestino independente, mas hoje sob ocupação israelense -, jovens palestinos vêm enfrentando os soldados israelenses com pedras, diariamente. Os militares respondem com balas reais, ou de borracha.

Em cada um desses protestos, o número de manifestantes raramente passou de algumas centenas.

Para os palestinos, o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel nega a identidade árabe de Jerusalém Oriental, anexada e ocupada por Israel, e mina suas aspirações de um dia estabelecer, nesse local, a capital de seu futuro Estado.

Uma recente pesquisa do Centro Palestino de Pesquisa Política afirma que 45% dos palestinos é favorável a uma revolta popular para resolver o velho conflito com Israel. Há três meses, 35% preconizavam a resistência armada e, na opinião do diretor do instituto, Khalil Shikaki, a "única explicação possível" desse aumento é a decisão de Trump.

Se isso não se traduziu em uma mobilização em massa, deve-se à eficácia das forças israelenses e à cooperação dos serviços de segurança ligados à Autoridade Palestina, embrião do Estado internacionalmente reconhecido e interlocutor de Israel, disse Shikaki à AFP.

Além disso, "o Hamas é muito fraco na Cisjordânia, e o Fatah (partido rival que domina a Autoridade Palestina) não quer tomar o caminho da violência", acrescentou.

"Isso não vai mudar de imediato", avaliou.

A menos que entre no jogo "algo que afete não apenas o status político de Jerusalém", afirmou, apontando que "esse componente religioso, emocional, está ausente atualmente".

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