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Contrato de petróleo atinge -37,63 dólares pela primeira vez na história

Crise provocada pela pandemia do novo coronavírus diminui a demanda pelo petróleo - e seus derivados - em todo o mundo

Petróleo: seu preço tem sido pressionado há semanas, com a pandemia de coronavírus destruindo a demanda pela commodity (Christian Hartmann/Reuters)

Petróleo: seu preço tem sido pressionado há semanas, com a pandemia de coronavírus destruindo a demanda pela commodity (Christian Hartmann/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de abril de 2020 às 15h55.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 19h33.

Os preços do contrato futuro de petróleo WTI despencaram nesta segunda-feira -- valor de referência nos Estados Unidos -- recuando cerca  de 300% para o menor nível da história, à medida que investidores se preocupam com a falta de locais de armazenamento.

O contrato de maio, que vence amanhã, fechou o pregão em -37,63 dólares. Sim, negativo. "É a primeira vez na história, desde 1946, que um contrato futuro de petróleo negocia com valor negativo. Está mais caro rolar o contrato de barril de petróleo de maio para junho do que zerar a operação e fazer de novo", comenta Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. Já o petróleo Brent recuou 6,27%, a 26,32 dólares por barril, às 14h53 (horário de Brasília).

"Os contratos futuros de petróleo pressupõem entrega física, ou seja, os investidores precisam entregar barris da commodity. Só que, no momento, está havendo escassez de espaço no mundo para estocagem, porque a demanda entrou em colapso e todos os locais estão lotados", afirma Bruno Lima, analista de ações da EXAME Research. 

Em outras palavras, funciona assim: imagine que o barril de petróleo (físico) esteja sendo negociado a 25 dólares e que os países exportadores da commodity (Opep+) vão se reunir neste mês para negociar oferta e preço. Com essas duas informações, o investidor prevê que no mês seguinte - maio - o valor do barril de petróleo estará mais alto, e investe em contratos futuros à espera da valorização dos papéis.

Só que ele não contava que os preços (do barril e do contrato futuro) seriam pressionados para baixo pela queda da demanda provocada pela pandemia do coronavírus. Resultado: o investidor ficou com uma bomba relógio na mão e tentou se livrar dos papéis, mas não tinha ninguém que quisesse comprá-los.

No fim, ele preferiu pagar -- por isso, os contratos encerraram o dia a -37,63 dólares -- para que comprassem os papéis dele. A outra opção, segundo Spyer, seria encerrar a operação, desembolsar o dinheiro e receber barris de petróleo físicos. Mas como bem pontuou Lima: não há espaço para guardá-los. "Muitos desses investidores são especulativos, não querem a commodity em si, só negociar os preços. É diferente de empresas que fazem hedge [proteção] de seus negócios com os contratos futuros", explica.

A Arábia Saudita e a Rússia até chegaram a um acordo há mais de uma semana para cortar a oferta de petróleo em 9,7 milhões de barris por dia, mas isso não deve fazer com que o excesso de oferta global seja reduzido rapidamente.

Os valores do petróleo Brent colapsaram em cerca de 60% desde o início do ano, enquanto o petróleo dos EUA recuou cerca de 85% no período, para níveis muito abaixo do ponto de equilíbrio (o chamado "break-even") necessário a muitos produtores de "shale" (petróleo não convencional). Isso levou à interrupção de perfurações e a drásticos cortes de gastos.

Analistas disseram que as liquidações foram intensificadas pela iminente expiração do contrato de primeiro mês.

 

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