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Ibovespa cai mais de 1% e volta para a casa dos 100 mil pontos

Temores sobre permanência de Guedes no governo e cumprimento de teto de gastos voltam a ganhar força no mercado

Bolsa: Ibovespa entra em leilão de encerramento com queda de 1,15% (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)

Bolsa: Ibovespa entra em leilão de encerramento com queda de 1,15% (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 19 de agosto de 2020 às 17h00.

Última atualização em 19 de agosto de 2020 às 18h50.

A bolsa brasileira fechou em queda nesta quarta-feira, 19, com os temores sobre o equilíbrio fiscal se avolumando no mercado. A ata da última reunião de política monetária nos Estados Unidos também exerceu pressão negativa sobre os negócios no período da tarde. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou em queda de 1,19%, em 100.853,72 pontos.

“O mercado tem algumas preocupações sobre como o [ministro da Economia] Paulo Guedes vai levantar dinheiro para resolver o rombo fiscal deixado pelo coronavírus”, disse Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Segundo ele, o clima também é de desconfiança sobre a manutenção de Guedes no governo.

No começo da semana, o medo de uma possível saída do ministro da Economia, tido como o principal pilar do governo, fez com que o Ibovespa recuasse para baixo dos 100.000 pontos pela primeira vez em mais de um mês. Na véspera, o índice subiu mais de 2%, após o presidente Jair Bolsonaro confirmar sua permanência.

Apesar do tom negativo no mercado brasileiro, nos Estados Unidos, o S&P 500 bateu a máxima histórica pelo segundo dia consecutivo. Apesar da forte recuperação do principal índice acionário americano, o novo recorde impõe doses de cautela. “Há muito espaço para a realização”, comentou Laatus.

Mas embora tenha batido a máxima histórica próximo ao meio-dia, o S&P 500 virou para o terreno negativo e fechou em queda de 0,39%, após a divulgação da ata do Fomc. "De forma geral, a ata jogou maior preocupação sobre o ritmo da recuperação da atividade econômica americana”, avalia Arthur Mota, economista da EXAME Research.

Destaques

As ações da Marfrig lideraram as altas do Ibovespa por quase toda a sessão e encerraram com alta de 5,97%. A companhia teve seu valor impulsionado pelo forte resultado do segundo trimestre e, hoje, seus papéis são beneficiados pela alta do dólar, tendo em vista que a companhia é exportadora de proteína animal. Também nessa linha, as ações da JBS subiram 3,14%.

Na ponta negativa, as ações da B3 recuaram 3,61% e ajudam a derrubar o Ibovespa, devido à sua presença significativa no índice. As ações da Eletrobras caíram 3,52% ainda refletindo o pessimismo sobre o processo de privatização da companhia. Na terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que sua privatização não sairá neste ano.

Já os papéis da Sabesp caíram 5,04%, após o governador do estado de São Paulo, João Doria anunciar um plano de capitalização da companhia, o que, na opinião de analistas consultados pela EXAME, afasta a possibilidade de uma privatização. O mercado não estava esperando isso. Se imaginava que ela fosse privatizada logo, mas parece que os planos são de crescer a empresa para só depois vender", comenta Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. Pela manhã, as ações da companhia chegaram a cair 10% e entrar em leilão.

No Índice Small Caps, as ações da Tecnisa foram do céu ao inferno. Nas primeiras horas de pregão, os papéis da companhia chegaram a subir 8%, com a informação de que a empresa havia recebido uma oferta “inesperada” da Gafisa para a combinação de negócios. O ativo encerrou em queda de 5,55%.

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