Exclusivo: Loft compra a Decorati e vira gigante nas reformas de imóveis
Com o negócio, a startup passa a deter 51,5% das ações da empresa de reformas e se prepara para atacar novos mercados
Rodrigo Loureiro
Publicado em 4 de novembro de 2019 às 15h16.
Última atualização em 3 de julho de 2020 às 12h21.
São Paulo – A startup paulistana Loft , que compra, reforma e revende apartamentos de luxo em São Paulo, vai aumentar o seu canteiro de obras. A companhia está adquirindo o controle da empresa de reformas Decorati. Com o negócio, a companhia fundada em 2018 pelo alemão Florian Hagenbuch e pelo húngaro Mate Pencz quintuplica o número de obras simultâneas que realiza, ataca novos mercados e planeja sua expansão para outras cidades.
Antecipada com exclusividade pela EXAME , a transação não teve seus valores revelados, mas sabe-se que a Loft agora detém 51,5% das ações da Decorati, tornando-se sócia majoritária do negócio. O percentual restante pertence aos sócios Rafael Pais e Murillo Morale, que fundaram a empresa de decoração em 2016. “Eles lidavam com pessoas que queriam reformar apartamentos. Nós lidamos com pessoas que querem apartamentos reformados. Havia sinergia”, afirma Pencz.
Ainda sem atingir o break even, a Loft vai manter a operação da Decorati funcionando normalmente, mas sob seu comando. Enquanto a empresa de decoração reforma apartamentos de terceiros, a startup permanece adquirindo, reformando e vendendo imóveis – só que agora em uma quantidade maior e sem a limitação de imóveis de alto padrão em bairros específicos de São Paulo.
Com o negócio, a Loft aumenta de 100 para 500 a quantidade de obras simultâneas realizadas e a previsão é de que este número dobre em 2020. Para isso, a companhia vai trabalhar em outros bairros de São Paulo e também vai levar sua operação para outras cidades. A primeira incursão para fora dos limites paulistanos já tem data e local para acontecer: em janeiro, no Rio de Janeiro.
A expansão para a capital fluminense será um passo importante para aumentar a oferta de imóveis que, vale destacar, mais do que dobrou nos últimos meses. Em junho, a Loft tinha 60 apartamentos a venda em seu site. Atualmente são pouco mais de 200 imóveis, todos localizados em bairros nobres de São Paulo e que têm valores que variam de 555 mil até 6 milhões de reais.
“Estamos juntando as duas bases e ganhando muita escalabilidade”, diz Pencz. De acordo com o executivo, além de um maior número de imóveis, a companhia passa a reduzir em até 15% os custos de reforma dos apartamentos com a união de forças.
Em menos de dois anos de operação, a Loft cresceu rapidamente no Brasil e tinha um modelo de negócios simples. A companhia comprava imóveis de luxo na capital paulista por um preço razoável, reformava e os revendia por valores mais altos. A estratégia funcionou bem e atraiu investidores.
Em 2018, a companhia levantou 18 milhões de dólares do fundo de investimentos americano Andreessen Horowitz. Menos de um ano depois, em março deste ano, o fundo americano aplicou mais 80 milhões de dólares no negócio, mas agora em um aporte co-liderado com a empresa de venture capital Fifth Wall.
O segundo aporte recebido gerou avaliação privada de cerca de 1,5 bilhão de reais. Embora a startup não seja cotada na Bolsa de Valores, o valor é superior ao de companhias tradicionais do mercado imobiliário de capital aberto, como a Gafisa (676,8 milhões de reais).
A Loft não revela dados de faturamento, mas EXAME apurou que a companhia cresce entre 20% e 30% mensalmente. Em número de funcionários, a startup passou de 83 contratados em janeiro para 350 no fim de outubro e a previsão é preencher mais 90 vagas até o fim do ano.