Conselho quer separar grupo Gafisa e listar Tenda
Plano que prevê que Gafisa e Tenda sejam listadas em separado na bolsa, reforçando a geração de valor para a incorporadora
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 10h24.
São Paulo - O Conselho de Administração da Gafisa autorizou estudos para potencial separação dos negócios Tenda , voltado à baixa renda, e Gafisa, que atua na média-alta renda, dentro de uma estratégia para que ambas sejam listadas em separado na bolsa. O anúncio levava as ações da incorporadora a saltarem cerca de 6 por cento nesta sexta-feira.
Os planos dão prosseguimento à reestruturação da companhia iniciada no fim de 2011, na sequência da venda de 70 por cento da divisão de loteamentos urbanos de alto padrão Alphaville para os fundos Pátria e Blackstone em junho, numa operação concebida para diminuir o endividamento do grupo Gafisa.
Às 11h13, os papéis da companhia lideravam os ganhos do Ibovespa com alta de 5,98 por cento, a 3,19 reais, diante de variação positiva de 0,77 por cento do índice.
Para o presidente da Gafisa, Duilio Calciolari, a investida representa uma "evolução natural" diante da falta de similaridade entre os dois negócios.
"A sinergia entre Tenda e Gafisa é quase nada, é muito baixa, com rede de fornecedores diferente", afirmou em entrevista à Reuters. "A gente acredita do ponto de vista do investidor que hoje ele não tem opção de comprar só Gafisa ou só Tenda. Esse é um processo que vai ser iniciado agora."
Esqueleto no armário
A ideia de separar os negócios também marca uma mudança na aposta da companhia em projetos residenciais mais baratos, calcada na expansão da classe média e expansão do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida.
Comprada em 2008 depois de sofrer expressiva desvalorização na bolsa, a Tenda acabou revelando-se um esqueleto no armário da Gafisa após sucessivas revisões nos custos dos empreendimentos e cancelamento de contratos de clientes sem condições de honrar os financiamentos.
Após admitir que a companhia não havia avaliado a extensão dos problemas operacionais e gerenciais da Tenda, a Gafisa resolveu reduzir drasticamente os riscos no segmento.
Os lançamentos da divisão, que somaram 1,6 bilhão de reais em 2010, foram cortados a zero em 2012 e retomados com apetite moderado no ano passado, quando foram equivalentes a menos de um terço dos lançamentos do segmento Gafisa.
"Estamos reescrevendo a história de Tenda, virando a página do passado", disse Calciolari, completando que a consequência final da separação, caso ela de fato aconteça, será que cada acionista de Gafisa possua também uma ação de Tenda.
Destravar valor?
Para o BTG Pactual, a possibilidade de investir em cada empresa individualmente deve ser enxergada de forma positiva pelos investidores, especialmente em um momento em que a empresa vai retomar a alocação de capital na Tenda.
"Acreditamos que o movimento pode até mesmo destravar valor, já que o mercado parece estar subavaliando a combinação dos dois negócios", disse o banco, em relatório assinado por Marcello Milman. O analista fez ressalva de que o aumento dos custos administrativos poderá ter um peso desproporcional sobre o lucro da Tenda, que está nos estágios iniciais do aumento de lançamentos.
Classificando o anúncio de surpreendente, o time de analistas do Itaú BBA lembrou que muitas implicações do eventual desmembramento seguem desconhecidas, como a definição de uma estrutura de capital para cada uma das unidades.
"Apenas o tempo dirá se os potenciais benefícios de ter as duas empresas separadas vão superar os benefícios de tê-las sob o mesmo guarda-chuva", escreveu o analista do BBA David Lawant.
"Mas nosso primeiro olhar para as ações da Gafisa é positivo no longo prazo, principalmente porque isso permitirá que os investidores decidam suas alocações de capital entre Gafisa e Tenda", disse.
Mudanças de gestão
No fato relevante desta sexta-feira, a Gafisa informou que o Conselho aprovou a divisão das estruturas administrativas como primeiro passo para facilitar os estudos de separação. Esta fase deverá durar 90 dias, após os quais Duilio deixará o cargo, se colocando à disposição do Conselho de Administração.
Avaliando que esse tempo será suficiente para a companhia entender e distribuir as atividades administrativas entre as empresas, ele afirmou que os trabalhos deverão se estender por outros meses, sendo encerrados ainda este ano.
Se a proposta for aprovada pelo Conselho e pelos acionistas em assembleia geral, a expectativa é que a separação dos dois negócios seja concluída em 2015, com solicitação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que as ações da Tenda sejam negociadas em bolsa com listagem no Novo Mercado.
Sandro Gamba, atual diretor-executivo de Gafisa, será o presidente-executivo de Gafisa, e Rodrigo Osmo, diretor-executivo de Tenda, será presidente da Tenda. André Bergstein continuará no posto de vice-presidente financeiro da Gafisa.
A companhia conta com assessoria financeira do banco Rothschild no processo.
Matéria atualizada às 11h23
São Paulo - O Conselho de Administração da Gafisa autorizou estudos para potencial separação dos negócios Tenda , voltado à baixa renda, e Gafisa, que atua na média-alta renda, dentro de uma estratégia para que ambas sejam listadas em separado na bolsa. O anúncio levava as ações da incorporadora a saltarem cerca de 6 por cento nesta sexta-feira.
Os planos dão prosseguimento à reestruturação da companhia iniciada no fim de 2011, na sequência da venda de 70 por cento da divisão de loteamentos urbanos de alto padrão Alphaville para os fundos Pátria e Blackstone em junho, numa operação concebida para diminuir o endividamento do grupo Gafisa.
Às 11h13, os papéis da companhia lideravam os ganhos do Ibovespa com alta de 5,98 por cento, a 3,19 reais, diante de variação positiva de 0,77 por cento do índice.
Para o presidente da Gafisa, Duilio Calciolari, a investida representa uma "evolução natural" diante da falta de similaridade entre os dois negócios.
"A sinergia entre Tenda e Gafisa é quase nada, é muito baixa, com rede de fornecedores diferente", afirmou em entrevista à Reuters. "A gente acredita do ponto de vista do investidor que hoje ele não tem opção de comprar só Gafisa ou só Tenda. Esse é um processo que vai ser iniciado agora."
Esqueleto no armário
A ideia de separar os negócios também marca uma mudança na aposta da companhia em projetos residenciais mais baratos, calcada na expansão da classe média e expansão do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida.
Comprada em 2008 depois de sofrer expressiva desvalorização na bolsa, a Tenda acabou revelando-se um esqueleto no armário da Gafisa após sucessivas revisões nos custos dos empreendimentos e cancelamento de contratos de clientes sem condições de honrar os financiamentos.
Após admitir que a companhia não havia avaliado a extensão dos problemas operacionais e gerenciais da Tenda, a Gafisa resolveu reduzir drasticamente os riscos no segmento.
Os lançamentos da divisão, que somaram 1,6 bilhão de reais em 2010, foram cortados a zero em 2012 e retomados com apetite moderado no ano passado, quando foram equivalentes a menos de um terço dos lançamentos do segmento Gafisa.
"Estamos reescrevendo a história de Tenda, virando a página do passado", disse Calciolari, completando que a consequência final da separação, caso ela de fato aconteça, será que cada acionista de Gafisa possua também uma ação de Tenda.
Destravar valor?
Para o BTG Pactual, a possibilidade de investir em cada empresa individualmente deve ser enxergada de forma positiva pelos investidores, especialmente em um momento em que a empresa vai retomar a alocação de capital na Tenda.
"Acreditamos que o movimento pode até mesmo destravar valor, já que o mercado parece estar subavaliando a combinação dos dois negócios", disse o banco, em relatório assinado por Marcello Milman. O analista fez ressalva de que o aumento dos custos administrativos poderá ter um peso desproporcional sobre o lucro da Tenda, que está nos estágios iniciais do aumento de lançamentos.
Classificando o anúncio de surpreendente, o time de analistas do Itaú BBA lembrou que muitas implicações do eventual desmembramento seguem desconhecidas, como a definição de uma estrutura de capital para cada uma das unidades.
"Apenas o tempo dirá se os potenciais benefícios de ter as duas empresas separadas vão superar os benefícios de tê-las sob o mesmo guarda-chuva", escreveu o analista do BBA David Lawant.
"Mas nosso primeiro olhar para as ações da Gafisa é positivo no longo prazo, principalmente porque isso permitirá que os investidores decidam suas alocações de capital entre Gafisa e Tenda", disse.
Mudanças de gestão
No fato relevante desta sexta-feira, a Gafisa informou que o Conselho aprovou a divisão das estruturas administrativas como primeiro passo para facilitar os estudos de separação. Esta fase deverá durar 90 dias, após os quais Duilio deixará o cargo, se colocando à disposição do Conselho de Administração.
Avaliando que esse tempo será suficiente para a companhia entender e distribuir as atividades administrativas entre as empresas, ele afirmou que os trabalhos deverão se estender por outros meses, sendo encerrados ainda este ano.
Se a proposta for aprovada pelo Conselho e pelos acionistas em assembleia geral, a expectativa é que a separação dos dois negócios seja concluída em 2015, com solicitação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que as ações da Tenda sejam negociadas em bolsa com listagem no Novo Mercado.
Sandro Gamba, atual diretor-executivo de Gafisa, será o presidente-executivo de Gafisa, e Rodrigo Osmo, diretor-executivo de Tenda, será presidente da Tenda. André Bergstein continuará no posto de vice-presidente financeiro da Gafisa.
A companhia conta com assessoria financeira do banco Rothschild no processo.
Matéria atualizada às 11h23