Com alta da Selic, Abecip prevê queda de 17% no crédito imobiliário
Sandro Gamba, presidente da Abecip, afirma que a magnitude da queda é sintoma do ótimo ano que foi 2024
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Repórter de Mercado Imobiliário
Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 11h16.
Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 11h19.
Deste valor, R$ 137 bilhões foram gerados para pessoa física. Além disso, o mercado de usados que supriu esse número. No mercado primário (de imóveis novos) houve redução de 5%.
"Isso mostra a resiliência do setor para buscar alternativas para o mercado imobiliário", afirma Sandro Gamba, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), se referindo aos crescentes saques à poupança.
Em 2024, os saques foram maiores que os depósitos em R$ 21,7 bilhões. Apesar de negativo, o desempenho da poupança conseguiu ser melhor do que foi em 2023, quando essa diferença entre saques e depósitos foi de R$ 72,4 bilhões.
O crédito de rendimento acabou compensando a saída líquida em dezembro e no acumulado do ano. Com isso, a poupança SBPE terminou o ano com saldo de R$ 773,5 bilhões.
Quando há aumento de Selic, há aumento de saque. Entre 2023 e 2024 estávamos em uma baixa na Selic, então havia a redação do saque. Em 2024, o saque atingiu o patamar de R$ 21 bilhões. Com a tendência de aumento da Selic para 2025, há uma tendência ainda maior de saída da poupança.
Apesar do número de vendas, a inadimplência continua em queda em 2024, ao atingir apenas 1%. É o patamar mais baixo da série histórica, o que mostra que a qualidade da carteira do mercado imobiliário se mantém bastante satisfatória.
Balanço de 2024
O crédito imobiliário do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) atingiu R$ 17,61 bilhões em dezembro de 2024. Trata-se do melhor resultado histórico para o mês, que sucedeu às mudanças anunciadas pela Caixa para o financiamento de imóveis através da linha de crédito que utiliza recursos da poupança. Comparado ao mesmo período de 2023, observou-se alta de 15,7%.
No ano inteiro de 2024, o volume financiado foi de R$ 186,7 bilhões, com crescimento de 22,3% em relação ao ano anterior. O total de imóveis financiados com recursos da poupança foi de 568,2 mil, aumento de 13,8% em relação a 2023.
Expectativas para 2025
Para o ano, deve haver uma redução de cerca de 17% na distribuição do crédito imobiliário em relação ao ano de 2024. Isso faz com que o ano de 2025 se assemelhe ao de 2023.
"O ano de 2024 foi muito relevante, o que não tende a se repetir em 2025. Há o efeito da Selic e da curva longa de juros que se acentuou no final do ano passado e que vai impactar o mercado imobiliário neste ano", explica Gamba.
Ocorreram também aumentos da taxa do crédito imobiliário, o que impacta à demanda. Tendo uma pressão na estrutura do funding, isso impacta na distribuição do crédito. Com a redução esperada, o volume de crédito imobiliário deve ficar entre R$ 150 bilhões a R$ 160 bilhões, "o que ainda é um patamar bastante relevante", finaliza Gamba.
A previsão para 2024 era uma Selic com tendência de baixa, mas a curva se inverteu. Para 2025, a previsão geral é da taxa de juros a 15% ao fim do ano e uma inflação de 5,5%.