Aluguel: com a retomada da economia, menos pessoas tentam reduzir a conta
O índice de renegociação do aluguel de imóveis residenciais e comerciais em São Paulo caiu de 34% no início da pandemia para 4% em agosto
Ernesto Yoshida
Publicado em 3 de setembro de 2020 às 13h25.
A perda ou a redução de renda causada pela pandemia do coronavírus fez com que muitas famílias não vissem outra saída a não ser renegociar uma das despesas que mais pesam no orçamento: o aluguel . Dados da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic) mostram que 34% dos imóveis residenciais e comerciais da carteira de locação das administradoras do estado de São Paulo foram renegociados no início da pandemia, em abril. “Com a reabertura das atividades econômicas e a recuperação de renda de muitos locatários, esse percentual caiu para 4% em agosto”, diz Julisa Siqueira Pessoa, diretora de locação da Aabic. Os descontos variam entre 10% e 50% no valor do aluguel.
Vice-presidente do Grupo Graiche e presidente da Aabic, José Roberto Graiche Junior destaca que as renegociações foram feitas, em média, por um período de dois a quatro meses. “Alguns acordos consideraram o pagamento parcelado; outros o desconto puro e simples, sem recuperação futura”, diz. Ele afirma que foram levadas em conta as comprovações de perda ou de redução de renda por parte dos inquilinos.
QuintoAndar: 25 milhões em aluguéis renegociados
Para facilitar as negociações durante a pandemia, a plataforma de venda e locação de imóveis QuintoAndar criou um canal direto entre inquilinos e proprietários. Os descontos, neste caso, vão de 5% a 90% e têm uma duração média de três meses. “Essa é uma forma de chegar a uma solução mais rápida, equilibrada e justa para os dois lados. Se de um lado temos os inquilinos com a renda afetada, de outro temos muitos proprietários para os quais o valor do aluguel representa uma parcela significativa de sua renda”, diz Arthur Malcon, gerente-executivo de estratégia do QuintoAndar.
Segundo ele, o ideal é que o inquilino seja transparente com o proprietário e relate em detalhes os motivos pelos quais precisa renegociar. “Isso demonstra a disposição de manter o contrato em dia”, afirma. Desde que a startup lançou o seu “Negociômetro”, no início da pandemia, mais de 121.000 pessoas foram beneficiadas direta ou indiretamente, considerando inquilinos e seus familiares. Em valores, isso significa R$ 25 milhões em renegociações ou parcelamentos. Para apoiar quem teve dificuldade para pagar o aluguel por causa da crise, o QuintoAndar também passou a oferecer parcelamento no cartão de crédito.
Seguro-fiança
Com a pandemia, o mercado imobiliário teve que lidar com mais um efeito colateral: a inadimplência . De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em julho foram protocoladas no município de São Paulo 1.600 ações relacionadas a locações – um aumento de 24% em relação a junho, e de 13,2% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Para lidar com atrasos nos aluguéis, o mercado oferece garantias como o seguro-fiança, que prevê a cobertura do pagamento mesmo em caso de inadimplência. “Desde o início da pandemia, nos organizamos para buscar as melhores soluções para proprietários, locatários e imobiliárias”, diz Patrícia Garcia Nunes, gerente de sinistros da Too Seguros.
Uma das cinco maiores empresas em emissões de seguro-fiança locatícia do país, a companhia estendeu, durante a pandemia, o parcelamento dos aluguéis em atraso, flexibilizou o prazo de comunicação em casos de sinistros para inadimplências e suspendeu a necessidade de reconhecimento de firma do contrato de locação. “Em tempos de pandemia, contar com uma seguradora que consiga realizar todo o processo – de pagamento da inadimplência à assessoria jurídica – traz tranquilidade e segurança para inquilinos, proprietários e imobiliárias”, afirma Priscila de Cunto Mckenzie, gerente-executiva do canal de corretores da Too Seguros.