Única brasileira em Tóquio de 1964 recebe uniforme que nunca existiu
Centauro homenageia Aída dos Santos, primeira atleta brasileira a participar dos Jogos de Tóquio, em meio a uma delegação composta somente de homens. Vendas de peças ilimitadas vão para ONGs
Marina Filippe
Publicado em 22 de junho de 2021 às 13h30.
Última atualização em 22 de junho de 2021 às 14h00.
Em 1964, Aída dos Santos, mulher negra e pobre, foi a primeira atleta brasileira a participar dos Jogos de Tóquio, em meio a uma delegação composta somente de homens.
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Criada em uma comunidade de Niterói, no Rio de Janeiro, Aída seguiu sozinha para o outro lado do planeta sem dinheiro, treinador ou uniforme. Mas, contrariando as estimativas, fez história e voltou com a quarta posição no salto em altura, o melhor resultado individual de um atleta brasileiro por mais de 30 anos.
Pensando nessa trajetória e buscando dar visibilidade para a atleta, a Centauro homenageia Aída com "O Uniforme que Nunca Existiu".
A varejista convidou a estilista Carol Barreto do ModAtivismo para criar e produzir peças inéditas do uniforme que deveria ter acompanhado Aída em suas competições, inspiradas na trajetória da ex-atleta.
Para além de agradecê-la, a concepção, confecção e entrega do uniforme que ela jamais recebeu tem como objetivo valorizar seus feitos, contar sua história e destacar que é preciso fazer diferente. A proposta é também relembrar que muitas jovens podem percorrer um caminho melhor e menos árduo, com mais inclusão e fomento ao esporte.
“A herança que a Aída nos deixou precisa ser lembrada para sempre, com mais valor e reconhecimento. Sabemos que não podemos mudar os erros e atitudes do passado, mas devemos promover mudanças agora, daqui em diante. A Centauro tem muita honra em poder homenageá-la com algo que, embora tão simples, seja tão significativo para todos os atletas”, diz Gustavo Milo, gerente executivo de marketing da varejista.
Agora, com 84 anos e sem ver nenhum detalhe prévio do traje, Aída foi convidada a receber seu uniforme na pista de atletismo do Estádio Olímpico Nilton Santos, o Engenhão. A emoção desse momento foi transformada em um filme batizado de O Uniforme que nunca existiu, com locução da cantora e compositora Sandra de Sá.
Criado pela agência TracyLocke e produzido pela Lady Bird, com direção de cena de Giorgia Prates, a produção acompanha a entrega surpreendente do uniforme, além de trazer depoimentos da esportista, participação de Carol Barreto, passagens no ateliê da estilista e, sobretudo, imagens do passado e do presente de toda a jornada de Aída dos Santos.
Campanha
Além do filme, a campanha conta ainda com uma ação com influenciadores e personalidades do esporte, conduzida pela agência Giusti, com o objetivo de ampliar a repercussão dessa história, e estratégia de mídia na Rede Globo, com inserções no GE São Paulo (TV) e digital.
“Concebemos a ideia do Uniforme que nunca existiu há nove meses na TracyLocke. Um projeto que já rendeu muitas lágrimas ao longo de seu caminho e que nos enche de orgulho. Não apenas pela homenagem à Aída do Santos, o que já seria suficiente, mas também por termos a chance de pensar e poder contar com profissionais talentosas”, diz Daniel Ottoni, CCO da TracyLocke Brasil.
Os uniformes e seu legado
Criado pela estilista Carol Barreto, idealizadora do projeto ModAtivismo, que trabalha para unir moda a ativismo feministas e antirracistas, os dois uniformes feitos para Aída são carregados de significado e símbolos, representando suas memórias.
Um deles é o collant de treino com detalhes dourados na lateral dos quadris, criando continuidade às linhas sinuosas e reforçando a ideia de movimento, fluidez, agilidade, feminilidade, além de simbolizar o ouro.
Em um tom de verde mixado com amarelo, os detalhes dos elásticos trazem o nome da atleta. Esse mesmo elástico adorna a parte superior das cavas e ao fundo do macacão, que desenha uma letra ‘A’ em posição invertida nas costas. As pistas de atletismo também são interpretadas nas laterais da cintura em cor terracota, com linhas brancas.
Já o uniforme de delegação é composto de jaqueta e calça confeccionados nas cores dourada e azul. Na parte superior, os bolsos frontais são personalizados com estampas inspiradas no local onde Aída vivia com a família, em Niterói (RJ).
No centro das costas, um bordado destaca a imagem da atleta saltando, símbolo do projeto. Enquanto isso, o peito conta com a estampa 22, considerado seu número da sorte. A jaqueta também possui um capuz estruturado, elaborado para não esconder o bordado das costas e mantendo as características de funcionalidade e praticidade dos vestuários esportivos.
Numa edição limitada, foram produzidas 20 peças exclusivas, que podem ser encontradas no site da Centauro. A receita gerada a partir das vendas será revertida para as 13 ONGs atendidas pelo Centauro Transforma, programa que tem o compromisso de apoiar organizações que fazem do esporte uma alavanca de inclusão educacional e social, em especial, para jovens e crianças em situação de vulnerabilidade.