Trump SoHo Hotel se recupera após mudar de nome
Ao mudar seu nome para Dominick, hotel fugiu das polêmicas do mundo da política
Guilherme Dearo
Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2019 às 07h00.
À meia-noite de 20 de dezembro de 2017, o Trump SoHo New York passou a ser história. Mas as luzes nunca foram apagadas e as portas nunca se fecharam. Em vez disso, o hotel projetado por David Rockwell -- com uma das vistas mais impressionantes da cidade -- ganhou um novo nome. Quando os hóspedes acordaram no dia 21 de dezembro, eles se tornaram os primeiros clientes do Dominick.
No período de um ano desde o novo batismo do hotel, pouco mudou. Agora, o spa oferece um tratamento facial Detox & Glow da linha de cuidados dermatológicos Babor, em vez da oferta anterior, Ivanka’s Choice, mas o saguão continua ostentando a estética de travertino e ouro, característica do Trump SoHo. O restaurante principal, desativado há tempos devido às baixas receitas, continua fechado, e os quartos extremamente espaçosos conservam a mobília personalizada da Fendi e as cabeceiras de couro acolchoado. Até mesmo os funcionários foram mantidos.
Mas o negócio mudou completamente. Em um momento em que os sofisticados hotéis de luxo de Nova York perdem força -- com demanda, receitas e ocupação estagnadas ou em queda, segundo dados da empresa de pesquisas STR --, a receita do Dominick por quarto disponível subiu mais de 20 por cento em relação ao ano anterior, recuperando-se totalmente de uma prolongada recessão. A diária média do hotel subiu US$ 51, ou 20 por cento, contrastando com o aumento médio entre os concorrentes da cidade como um todo, de apenas 2 por cento. E o hotel de 391 quartos e 46 andares reservou 7.000 noites a mais em 2018 do que em 2017.
Mudança de nome
“Muitas vezes, a mudança de nome, por si só, não é suficiente para recuperar o negócio”, diz Gesina Gudehus-Wittern, diretora da IpsosStrategy3, uma consultoria de branding. Se há algo errado com o produto em si, mudar a forma de chamá-lo não fará nenhuma diferença, diz. O Mondrian SoHo, um concorrente do Dominick, por exemplo, continuou com receitas inferiores às do mercado depois que faliu e foi vendido e rebatizado como NoMo SoHo.
“Mas se o desafio está no nome em si -- se ele deixou de cumprir a função para a qual foi pensado e virou um inconveniente”, diz ela, “a solução pode ser simples assim”.
Para Gudehus-Wittern, este é o caso do Dominick. “Tenho certeza de que, independentemente da postura, quase todos querem tirar férias da política”, diz. “Quem está na cidade a negócios e cobrando um cliente quer deixar a política de fora da equação. E se as perspectivas de Trump não se alinham às suas, você não vai querer aparecer nas redes sociais em um hotel que leva o nome dele.” Republicano ou democrata, não importa -- cada grupo demográfico, diz ela, tem uma desculpa na ponta da língua para se hospedar em qualquer outro hotel que não tenha o nome de Trump.