Não vai comprar nada nesta Black Friday? Você não está sozinho
Coisas, coisas e mais coisas, por que precisamos de tanto? Movimento antítese da "sexta-feira negra" reflete sobre o consumo desenfreado
Vanessa Barbosa
Publicado em 25 de novembro de 2016 às 10h15.
Última atualização em 25 de novembro de 2016 às 10h16.
São Paulo - Se os arroubos consumistas da Black Friday não fazem sua cabeça e se você está decidido a não comprar nada o dia inteiro, saiba que você não está sozinho.
Como forma de protesto, milhares de pessoas no mundo participam de outro movimento nesta "sexta- feira negra", o Buy Nothing Day, mais conhecido como Dia Mundial sem Compras no Brasil.
O movimento defende que este 25 de novembro seja um momento para deixar o impulso consumista de lado e pensar sobre o impacto que estamos causando ao meio ambiente.
A data coincide com a realização da Black Friday, dia em que centenas de milhares de lojas e marcas fazem promoções tentadoras de olho nas festas de fim de ano.
O Dia Sem Compras é promovido pela organização canadense AdbustersMedia (adbusters.org), que realiza ações e mobilizações em redes sociais e nas ruas para conscientizar as pessoas. A organização também disponibiliza imagens, documentos, vídeos e ações relacionadas para você se inteirar sobre o assunto.
A ONG ambientalista Greenpeace disse que apoia a mensagem do Buy Nothing Day e está usando o dia para aumentar a conscientização do impacto ambiental da indústria da moda.
"Porque é muito barata, a fast fashion é uma das maiores categorias de produtos em venda na Black Friday, com muitas das principais marcas de moda e gigantes do varejo dando saltos de venda", escreve Kirsten Brodde, do Greenpeace Alemanha.
"As tendências de hoje são o lixo de amanhã. A única solução é reduzir os nossos níveis de consumo. Pode ser tão simples como fazer uma pausa de compras na sexta-feira negra para participar do Buy Nothing Day".
O ano nem terminou e já esgotamos uma Terra
No dia 8 de agosto, a humanidade superou o orçamento do meio ambiente para o ano, passando a operar no vermelho, segundo dados da Global Footprint Network (GFN), uma organização de pesquisa que mede a pegada ecológica do homem no Planeta. Pior, entramos no vermelho cada vez mais cedo.
Em oito meses, esgotamos todos os recursos que a Terra é capaz de oferecer de forma sustentável no período de um ano, desde a filtragem de gás carbônico (CO2) da atmosfera até a produção de matérias-primas para fabricação de bens de consumo.
À medida que aumenta nosso consumo, cresce a nossa dívida ecológica. Em termos planetários, os resultados dos juros que pagamos se tornam mais claros a cada dia. Eles se traduzem na perda de bens e serviços ambientais, desequilíbrio climático, na redução de florestas, perda de biodiversidade, colapso de recursos pesqueiros, escassez de alimentos, redução da produtividade
do solo e acúmulo de gás carbônico na atmosfera.