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'Toda mulher é capaz de investir. O que pega é o emocional', diz influencer

Independência financeira feminina foi discutida em um dos painéis do Young Women Summit. Veja as dicas das profissionais

Painel sobre independência financeira no Young Women Summit: mulheres devem deixar preconceitos de lado e aproveitar suas qualidades ao investir (Fin4she/Divulgação)

Marília Almeida

Publicado em 29 de junho de 2022 às 19h06.

Última atualização em 30 de junho de 2022 às 16h33.

As mulheres vêm investindo mais na bolsa e em outros ativos. Contudo, as mulheres investidoras representam menos de 30% da população brasileira.

E o que falta para que elas busquem a independência financeira? Na visão de Júlia Abi-Sâmara, fundadora do perfil As Investidoras, a insegurança ainda é grande. "Capacidade todas têm, mas o que pega é o emocional. O questionamento da capacidade dificulta o caminho de aprendizado". A influencer participou de um debate sobre independência feminina no Young Women Summit, evento promovido pela Fin4she .

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A influencer, que já deu cursos para 2,7 mil alunas, aponta que muitas mulheres chegam com o preconceito de que para investir precisam saber matemática. "Eu não era nenhum gênio em matemática, e minhas melhores notas não eram em Exatas. Mas buscava olhar para o assunto e criava analogias, para que fosse mais simples entender. Dessa forma, fui ganhando confiança. O importante é não travar".

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Alguns estereótipos da sociedade, aponta, influenciam nessa insegurança feminina quando se trata de investimentos. "Olhamos na novela a mulher casando por interesse ou deixando filho de lado e só pensando em dinheiro. Parece que é difícil sair destes lugares".

A influencer cita sua própria trajetória como exemplo. Ao observar seus colegas de faculdade falando sobre o tema, Abi-Samara se interessou, mas diz ter sido mal recepcionada. "Me senti desconfortável e resolvi aprender. Fui estudar e vi que minhas amigas não estavam falando sobre isso".

Ellen Steter, economista e especialista de investimentos responsável pela área de estratégia da corretora Ágora, ressalta que já foi o tempo em que investimentos era coisa de magnata. "Antes havia um rol de produtos de investimento pequeno, e para aplicar tinha de ter muito dinheiro. Hoje tem bons produtos e mais informação. Ai se torna um exercício próprio".

Na trajetória para começar a investir, é importante entender também que dinheiro é ferramenta, e não o objetivo, diz Morena Carvalho, head da área de riscos e sócia do BTG Pactual. "É necessário controlar o dinheiro para impedir que ele controle você".

Mulher tem vantagens ao investir

Mulheres tendem a achar que o mercado financeiro não é para elas. Mas Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord, ressalta que pode ser justamente o contrário. " Já existem pesquisas que apontam que a gestão de investimentos da mulher tem um equilíbrio melhor entre risco e retorno. A mulher é bem ponderada, e só toma risco se achar que vale a pena". Como resultado, no médio e longo prazo, o portfólio delas performa melhor do que o de homens

Abi-Sâmara reforça a visão ao lembrar de seus amigos de faculdade. "Achava muito inteligente meus colegas homens dizendo que colocaram todo o seu dinheiro em determinado fundo. Mas depois fui pesquisar nomes e eram todos fundos de alto risco".

Steter, da Ágora, recomenda fugir da conversa do churrasco, e de aplicações com retorno garantido. "Tome cuidado e respeite seu dinheiro e seu trabalho. A economia é um ciclo. Hoje é um cenário, amanhã é outro e você vai ter de navegar em todos eles. Diversifique e procure especialistas".

Dicas para controlar o orçamento

Para Carvalho, do BTG, não há problema em descontrolar um pouco os gastos, contanto que sempre voltemos a focar em nossos objetivos."É fácil cair no pensamento de que só se vive uma vez. Aí nesse momento pagamos até uma rodada de bebida para os amigos. Mas se quisermos viajar no final de semana, essa rodada de bebida pode ser equivalente a uma diária de hotel".

Fontes, da Nord, alerta também para o fato de que o nível de poupança vai se modificando ao longo da vida. "Queremos uma poupança para o nosso padrão de consumo. Mas, na hora que temos um filho, esse padrão muda, e se não pensamos antes nessa poupança precisamos diminuir nosso padrão de vida para acomodar os gastos adicionais".

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Cuidar do orçamento é tratado de forma particular, mas muitas vezes também deve ser inserido em uma família, completa Steter. "Por isso, é sempre importante conversar com filhos e dizer que não dá para comprar o brinquedo porque estamos pensando em viajar, ou pagando a escola. E também com cônjuges. É um exercício que deve ser familiar".
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