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Os melhores e piores investimentos de maio

Fundos cambiais surfaram na alta do dólar no mês, enquanto fundos de ações de empresas de menor porte sofreram com o aumento do risco

Pessoa com colunas de moedas: aumento de incertezas provocou sangria nos investimentos em ações (denphumi/Thinkstock)

Marília Almeida

Publicado em 30 de maio de 2018 às 19h09.

Última atualização em 1 de junho de 2018 às 11h41.

São Paulo — Impulsionados pela alta de 6,66% do dólar em maio , a maior desde setembro de 2015,os fundos cambiais ficaram no topo do ranking de investimentos do mês.

Osfundos, que aplicam pelo menos 80% da carteira em ativos relacionados à moeda estrangeira, tiveram o melhor desempenho do levantamento, com alta de 4,36% no mês.

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OTesouro Selic 2021 (LFT), com valorização de 0,41%, ficou em segundo lugar do ranking, seguido pela poupança, com valorização de 0,37% no período.

Já os fundos de ações small capsficaram na última posição, registrando queda de 7,72% na rentabilidade no período.

Confira o ranking de investimentos de maio:

InvestimentoDesempenho em maio
Fundos Cambiais4,36%
Tesouro Selic 2021 (LFT)0,41%
Poupança**0,37%
Fundos Renda Fixa Simples*0,34%
Tesouro Selic 2023 (LFT)0,28%
Tesouro Prefixado 2019 (LTN)0,13%
Fundos de Renda Fixa Investimento no Exterior*0,08%
Fundos Multimercados Investimento no Exterior*-0,12%
Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal)-0,19%
Fundos Multimercados Livre*-0,56%
Fundos Renda Fixa Indexados*-1,12%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2021 (NTN-F)-1,63%
Tesouro Prefixado 2021 (LTN)-1,91%
Fundos de Ações Investimento no Exterior*-4,86%
Fundos de Ações Livre*-5,02%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTN-B)-5,30%
Fundos de Ações Indexados*-6,90%
Tesouro IPCA+ 2035 (NTN-B Principal)-7,27%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTN-B)-7,40%
Fundo de Ações Dividendos*-7,53%
Fundos de Ações Small Caps*-7,72%

Referências

InvestimentoDesempenho em maio
Ibovespa-11%
Selic***0,46%
CDI***0,46%
IPCA3,53%
Ouro BM&F5,76%
Dólar comercial6,66%

*Até 29 de maio, dado mais atual disponível na Anbima.

**Até 28 de maio.

***O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.

****Projeção do Boletim Focus do Banco Central.

Fontes: Anbima, BM&FBovespa, Thomson Reuters, Banco Central do Brasil e Tesouro Nacional.

O ranking de investimentos considera a rentabilidade bruta das aplicações no mês, sem descontar Imposto de Renda (IR) .

Em aplicações em fundos de ações, há IR de 15%. Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,5% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue a tabela regressiva, na qual a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.

Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. A poupança não tem cobrança de imposto e a aplicação em ouro é isenta do tributo para aplicações de até 20 mil reais.

O que mexeu com as aplicações

Segundo Michael Viriato, professor do Insper, três fatores motivaram a "sangria" da rentabilidade da maioria dos investimentos em maio: a valorização do dólar, o contágio da situação econômica da Argentina e a surpresa do mercado com a manutenção da taxa básica de juros (Selic).

A alta do dólar ocorreu por conta de uma expectativa de que o BC americano poderia subir os juros mais do que o esperado, o que desvalorizou moedas do mundo todo, explica Viriato. Já a situação da economia Argentina se deteriorou porque o país decidiu não aprovar reformas prometidas pelo presidente Macri durante a corrida eleitoral, enquanto a manutenção da Selic sinalizou ao mercado que o BC estaria muito preocupado com a alta do dólar a ponto de reverter expectativas sobre o rumo dos juros, o que levou investidores a se protegerem.

Com a disparada da moeda americana e desvalorização do real, a pá de cal para a rentabilidade dos investimentos no mês foi a greve dos caminhoneiros, que provocou ainda mais incertezas em relação ao cenário político e econômico. "Não sabemos a extensão desse movimento, se outros grupos podem iniciar paralisações. Esse movimento prejudicou empresas e pode diminuir a expectativa de crescimento do país para este ano", diz Viriato.

Nesse cenário, quem sofre mais são as ações de empresas menores (small caps). Apesar de mais conservadores, os fundos de dividendos se assemelham ao comportamento de um título público mais longo, como as NTNBs 2050. Como consequência, ambas as aplicações tiveram comportamento semelhante no mês. "A taxa de juros americana de longo prazo subiu muito, e a tendência é que a brasileira também acompanhe, a não ser que o prêmio pago pelo investidor caia. Mas nesse mês ele subiu muito, tanto por conta da preocupação fiscal relacionada à Argentina, que contagia países da América Latina; pela reversão de expectativa sobre a Selic e a greve, que eleva incertezas sobre pressões inflacionárias e o crescimento do PIB".

Como o cenário é muito incerto, Viriato recomenda ao investidor conservador não realizar alterações em sua carteira agora.

Já no caso daqueles com perfil moderado e agressivo, que ainda não tenham aplicações em ações, ele recomenda iniciá-las agora. "É recomendável aproveitar a baixa para comprar papéis, mas apenas uma fatia equivalente de 3% a 5% do patrimônio. O investidor pode adquirir fundos de ações que pagam dividendos, que são mais conservadores, estão com desconto e tendem a restabelecer sua rentabilidade no longo prazo".

Para quem já tem investimento em ações, Viriato não recomenda alterar essa posição agora, diante de um cenário ainda muito incerto na política e economia nacional.

 

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