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Modelos econômicos da AL não são sustentáveis, diz ex-premiê espanhol

É um absurdo pensar que o Brasil poderá suportar os pagamentos de sua dívida externa sem crescimento. A afirmação é do ex-primeiro ministro espanhol, Felipe González, que participa da Cúpula de Negócios da América Latina promovida pelo World Economic Forum, no Rio de Janeiro. González criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

É um absurdo pensar que o Brasil poderá suportar os pagamentos de sua dívida externa sem crescimento. A afirmação é do ex-primeiro ministro espanhol, Felipe González, que participa da Cúpula de Negócios da América Latina promovida pelo World Economic Forum, no Rio de Janeiro. González criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) que, segundo ele, deveriam rever a arquitetura de seus financiamentos. Os organismos multilaterais não deveriam promover políticas de ajuste e sim de desenvolvimento , disse. O crescimento é única saída para que países em desenvolvimento paguem suas dívidas . Toda a América Latina, em sua avaliação, vem sofrendo as conseqüências das políticas restritivas impostas pelo FMI a suas economias.

Tanto que, nos últimos 20 anos, o PIB per capta do continente não se alterou. O fundo, segundo ele, fala em adoção de políticas compatíveis para garantir o crescimento. O problema é que não há crescimento sustentável sem igualdade social , disse. Para ele, a maior conquista do continente nessas duas décadas foi a volta do regime democrático . Mas o modelo econômico adotado pela maioria das economias latino-americanas simplesmente não é suportável. Um dos equívocos das políticas econômicas que obrigam os países a manter taxas de juros altas para atrair capital externo e controlar a inflação é a falta de crédito para pequenas e médias empresas. Na América Latina, segundo ele, 84% dos empregos são gerados por essas empresas. No entanto, elas não possuem qualquer acesso ao crédito. É impossível que essas economias possam sobreviver em condições tão adversas , disse.

González traçou um paralelo entre sua chegada ao poder na Eapanha, em 1982, e a de Lula, no Brasil, a partir de janeiro de 2003. Segundo ele, como ocorre agora com Lula, havia uma grande desconfiança de como iria se comportar um governo com um viés de esquerda e sem experiência administrativa. Eu nunca tinha sido sequer funcionário público , disse. O ambiente econômico também era muito parecido com o do Brasil pois a Espanha estava endividada e com o crescimento pífio. Além disso, o comércio internacional do país não era significativo. Não tínhamos muita experiência nessa área , afirmou. Nossa maior experiência era exportação de mão-de-obra .

Ele disse ter sido muito criticado por ter adotado medidas liberalizantes na economia a Espanha foi o país, segundo ele, que mais se abriu entre 1985 e 1992. Mas, as políticas adotadas no país foram acompanhadas de um crescimento da renda da população, que passou de 4 500 dólares per capta para 15 000 dólares per capta. A opção foi por fazer a renda crescer de forma indireta e não diretamente, através do aumento do salário.

Recusou-se também a fazer qualquer nacionalização de empresas embora, na época, era o que se esperava de um governo de esquerda. Sua interpretação, contudo, é que todas as nacionalizações feitas até então na Espanha eram, na verdade, um socorro disfarçado de empresas privadas com problemas. O estado era um hospital de empresas quebradas , disse. Por essa razão, optou por incentivar o setor privado a crescer, deixando para o estado o papel de criar infra-estutura que permitisse o desenvolvimento. O estado tem que fazer estradas e não carros , disse.

No processo de crescimento do comércio, a Espanha contou com apoio da comunidade européia. Segundo González, a estratégia foi abrir a economia para os produtos em que a Espanha era competitiva, mas manter fechado os setores que não tinham ainda condições de competir. A abertura comercial, segundo ele, é importante, mas desde que seja benéfica para todos os lados envolvidos. Não sou contra a integração continental , disse. Mas é preciso se tomar cuidado para que não seja um caminho que favoreça só o lado mais forte .

Sua avaliação é de que a criação de uma zona comercial no continente americano esbarra no comportamento dos Estados Unidos. O problema é que os norte-americanos taxam o aço e seus produtos agrícolas da forma que bem entendem , disse. Isso não pode ser considerado livre comércio . González defende que os países latino-americanos só aceitem participar de uma grande integração regional caso as regras de comércio sejam muito claras e que não haja risco de protecionismo norte-americano.

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