Merrill Lynch vê potencial menor de alta nas bolsas
Com a crise na Europa e as possíveis dificuldades nos EUA e China, banco recomenda investimento em ações de primeira linha
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - Diante das incertezas que vêm abalando os mercados em todo mundo, gerada pelas crises em importantes economias europeias, analistas do Bank of America Merrill Lynch estimam que as bolsas registrem uma valorização de menor intensidade durante o ano de 2010.
As estimativas não chegam ao pessimismo. Os especialistas continuam apostando em uma tendência de alta nas bolsas. Porém, riscos como os problemas fiscais na Grécia, Espanha ou Portugal e o possível surgimento de problemas no mercado consumidor norte-americano sugerem que essa alta será menos expressiva do que o originalmente previsto.
O maior receio dos analistas do banco se deve ao fato de que a crise iniciada na Grécia, atingindo depois os países ibéricos, gerou a preocupação de um possível contágio em economias maiores. Mas não apenas isso. Os acontecimentos também trouxeram aos mercados temores quanto à manutenção da liquidez nas bolsas.
Após a crise na Europa disseminar o pânico entre os grandes investidores, porém, as autoridades da União Europeia intervieram com o anúncio de um grande plano de apoio aos países mais endividados. O pacote pode chegar a até 750 bilhões de euros e sinalizou que um regime de baixas taxas de juros e alta liquidez ainda é prioridade para as principais economias do continente.
Riscos
Segundo o relatório do Merrill Lynch, ainda que haja um movimento de apoio às economias periféricas numa tentativa de manter a estabilidade dos mercados, uma crise com as proporções da que abate a Grécia não pode ser ignorada.
Os analistas explicam que a periferia da Europa ainda tem muitos desafios para superar nos próximos meses. "Os governos nacionais terão de cumprir um doloroso aperto fiscal que vai contrair ainda mais suas já frágeis economias", diz o relatório. Os protestos e manifestações na Grécia mostram que, especialmente naquele país, a contenção de gastos será complicada. "Se os governos encontrarem resistência e forem incapazes de realizar os ajustes fiscais necessários, os investidores vão voltar ao comportamento avesso ao risco", explica a análise do banco de investimentos.
Para a Merrill Lynch, outra fonte de risco vem da China e diz respeito à possibilidade de um colapso no mercado imobiliário no país. Em resposta à valorização explosiva de preços de imóveis em algumas cidades, o governo chinês tem tomado medidas agressivas para reduzir a especulação. Entretanto, a ação estatal pode ter um impacto no mercado como um todo, derrubando o preço das ações no futuro.
Defesa
Na visão do Merrill Lynch, mesmo diante dos riscos e incertezas, quem gosta de investir em renda variável deve continuar a alocar seus recursos no mercado de ações. A melhor estratégia, para os analistas, é o posicionamento em papéis das melhores empresas globais, com administração eficiente e bons resultados recentes.
Além disso, para investidores moderados, o banco recomenda a alocação de recursos da seguinte maneira: 65% no mercado de ações, 30% em títulos públicos e 5% no mercado de câmbio.