Juros e taxas para quem não paga o cartão chegam a 1.100% ao ano
Esse é o Custo Efetivo Total (CET) para quem usa o crédito rotativo de seis cartões do Santander. Veja quais cartões cobram as menores e maiores taxas
Marília Almeida
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 05h00.
Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 23h15.
São Paulo - Os juros e taxas cobrados de consumidores que pagam o valor mínimo da fatura do cartão de crédito, o chamado crédito rotativo, chegam a 1.158,9% ao ano. É o que mostra um levantamento feito pela associação de consumidores Proteste com 181 cartões de crédito, emitidos por 17 instituições financeiras.
Esse é o Custo Efetivo Total (CET) do crédito rotativo dos cartões Básico, Flex Internacional, Fit, Free, Reward e Platinum Style Van Gogh, do Santander.
Para ilustrar o impacto do custo da linha de crédito na dívida, um débito de mil reais em um desses cartões pode chegar a mais de 11 mil reais caso o consumidor não consiga fazer o pagamento durante 12 meses. Ou seja, a dívida pode ficar até onze vezes maior neste período.
O CET inclui todas as taxas e encargos cobrados pelo crédito, inclusive os juros e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) . Portanto, é este valor que deve ser analisado pelo consumidor na hora de optar por um empréstimo.
A pesquisa é realizada pela associação de consumidores desde 2011. Neste período, a taxa máxima do crédito rotativo encontrada nos cartões pesquisados passou de 601,1% ao ano para 1.158,9% ao ano.
Veja abaixo os cartões com os maiores e menores CETs no crédito rotativo entre os pesquisados pela Proteste:
Os 10 cartões com os maiores CET do rotativo
Cartão | CET do crédito rotativo ao ano em % |
---|---|
Santander Básico | 1158,94 |
Santander Flex Internacional | 1158,94 |
Santander Fit | 1158,94 |
Santander Free | 1158,94 |
Santander Reward | 1158,94 |
Santander Platinum Style Van Gogh | 1158,94 |
Banco Votorantim Nacional | 747,19 |
Banco Votorantim Internacional | 747,19 |
Banco Votorantim Platinum | 747,19 |
CBSS Ibicard Super | 707,6 |
Os 10 cartões com os menores CET do rotativo
Cartão | CET do crédito rotativo ao ano em % |
---|---|
Itaucard Platinum | 105,59 |
Banrisul Infinite | 125,22 |
Itaucard Infinite | 151,54 |
Santander Light | 152,66 |
Ourocard Infinite | 154,63 |
Ourocard Black | 154,63 |
Ourocard Nanquim | 154,63 |
Caixa Elo Nanquim | 196,82 |
Caixa Infinite | 196,82 |
Caixa Black | 196,82 |
Procurado por EXAME.com, o Santander disse que orienta os clientes a evitarem o uso do crédito rotativo por períodos prolongados, já que a linha é destinada à cobertura do pagamento da fatura em uma situação excepcional.
O banco afirmou que oferece alternativas com juros menores para o parcelamento de faturas e das dívidas totais do cartão, com taxas que partem de 2,78% ao mês, conforme o perfil do cliente.
Taxas abusivas
A Proteste considera as taxas cobradas no crédito rotativo abusivas e apoia o Projeto de Lei do Senado (PLS) 407/2016, que limita o valor do rotativo ao dobro da taxa CDI. O projeto já passou pela comissão no Senado na semana passada e segue agora para votação em plenário.
Como a taxa CDI fica bem próxima à taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, a taxa máxima que poderia ser cobrada na operação, caso o projeto fosse aprovado, seria de 27,4% ao ano.
O argumento é de que, como os bancos utilizam a taxa CDI, entre outros indicadores, para pegar dinheiro emprestado, a proposta garantiria uma remuneração de até 100% do custo de tomada do dinheiro aos bancos. De acordo com Renata Pedro, da Proteste, isso já seria suficiente para cobrir o risco e falta de garantias da operação. Atualmente, o Banco Central não impõe qualquer limite de taxa na modalidade de empréstimo.
De acordo com a Proteste, a taxa média cobrada pelo crédito rotativo no Brasil é de 436% ao ano. Mesmo o menor CET registrado na pesquisa, de 105,60% ao ano, cobrado no Itaucard Platinum, é considerado elevado pela Proteste. Há seis anos, a menor taxa cobrada no crédito rotativo era de 62% ao ano, segundo pesquisa da Proteste.
Uma opção oferecida pelos bancos para que o cliente não caia no rotativo é parcelar a fatura. Mas, segundo a associação de consumidores, as taxas não deixam de ser altas e podem chegar a 658% ao ano.
A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em nota, aponta que, no Brasil, a maioria das transações com cartões não possui juros, pois os brasileiros financiam suas compras por meio do parcelamento sem juros. Além disso, mais de 85% pagam a sua fatura em dia – apenas um entre dez usa o crédito rotativo, e, quando entra, fica em média apenas 12 dias.
Cuidados
Se você atrasou o pagamento da fatura do cartão de crédito e entrou no rotativo, a Proteste aconselha, primeiramente, a tentar negociar a dívida com o banco ou administradora do cartão. É possível parcelar o débito e obter descontos nas instituições financeiras ( veja 10 passos para negociar a sua dívida com o banco ).
Ao negociar, tenha em mente se há espaço no orçamento necessário para honrar a nova dívida. Verifique se ela não ultrapassa 30% de sua renda mensal e se não é necessário cortar alguns gastos.
Caso consiga negociar o débito, é prudente assinar um contrato com os termos da renegociação, que inclua a assinatura de duas testemunhas. Caso a renegociação seja feita por telefone, o consumidor deve pedir o número do protocolo de atendimento, registro da negociação, nome do atendente, dia e hora, além do envio do contrato.
Se não houver acordo com o banco, vale buscar transferir a dívida para modalidades de empréstimos que cobram juros menores, como o crédito pessoal e o consignado, descontado diretamente do salário.