IPVA e IPTU: pagar à vista ou parcelar, qual vale mais a pena?
Pagamento dos impostos começa já em janeiro em muitas cidades e estados; confira as vantagens e desvantagens das opções de pagamento
Repórter de finanças
Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 11h31.
Janeiro é o mês que se inicia o pagamento de dois impostos bastantes conhecidos pelos bolsos dos brasileiros: o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) . Para já começar a colocar em prática a organização financeira de 2024, entender a melhor forma de pagar ambos os tributos pode ajudar a ficar com as contas em dia.
Atualmente, os municípios e estados oferecem opções de parcelamento e descontos caso o contribuinte opte por pagar à vista. Além disso, já há instituições financeiras que possibilitam o pagamento do IPVA e do IPTU por meio do cartão de crédito. À EXAME Invest, especialistas comentam sobre as vantagens e desvantagens em cada alternativa.
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Pagar a vista ou parcelar o IPTU e o IPVA?
Tomando como exemplo a cidade e o estado de São Paulo, o desconto ofertado para pagamento à vista de ambos os tributos é de 3%. Já se o contribuinte optar por parcelar, é possível dividir o IPTU em até 10 parcelas, enquanto o IPVA pode ser dividido em cinco parcelas.
Para Renan Suehasu, planejador financeiro e sócio da A7 Capital, apesar do desconto de 3% parecer baixo, vale a pena. Além de economizar, o contribuinte tem a segurança de não correr o risco de perder o prazo, o que poderia fazer o valor aumentar por conta de multa e juros.
Segundo o especialista, o pagamento à vista realmente pesa mais no bolso. Por conta disso, ele dá a dica: “O ideal, como são valores previsíveis (que não oscilam muito de um ano para outro), é que a pessoa consiga se organizar para juntar esse recurso mensalmente no ano anterior, para efetuar o pagamento à vista no ano seguinte.”
Mas, para quem não tem o dinheiro integral no momento, ou precisa utilizá-lo para outras contas de começo de ano, como compra de material escolar ou pagamento de parcelas das viagens de final de ano, a opção parcelada segue trazendo benefícios. “Além disso, o pagamento mensal se torna menos pesado e com maior chance de caber no orçamento das famílias”, explica.
Parcelar o IPVA ou o IPTU no cartão de crédito
Já há instituições que estão oferecendo a possibilidade de pagamento no cartão de crédito, tanto à vista, como parcelado. No entanto, Simone Alves da Costa, professora da FIA Business School, alerta que é preciso cuidado e entender o que, de fato, está sendo ofertado.
“Por exemplo, há cartões que cobram juros, o que invalidaria a opção. Outros disponibilizam opções de pontos ou cashback, que podem ser compensatórios. Assim, seria necessário ver a real condição oferecida pela instituição financeira para que se analise caso a caso.”
Mas e investir o valor do imposto e ir pagando as parcelas?
Mais uma questão que pode surgir sobre o pagamento dos tributos é a questão de investir o dinheiro e ir retirando aos poucos para pagar as parcelas. Para os investidores de plantão, os números não são tão animadores. Suehasu explica que se o contribuinte investisse o valor integral do IPTU ou IPVA, por exemplo, em um ativo de renda fixa com a Selic atual a 11,75%, o valor do desconto à vista ainda seria mais vantajoso, já que na aplicação ainda tem a questão do desconto do Imposto de Renda (IR).
Em uma simulação de IPVA de um carro em São Paulo com valor venal de R$ 60 mil, o imposto será de R$ 2,4 mil. Caso aproveite o desconto no pagamento à vista, o contribuinte economizará R$ 72. Se optar por investir o recurso em um ativo de liquidez diária, à taxa Selic no patamar de 11,75% ao ano, no cálculo dos juros compostos, terá no final do período R$ 45,48 - se optar pelo parcelamento do IPVA em cinco vezes. Sendo assim, é menos do que o desconto à vista proporciona.
O mesmo ocorre para o IPTU, se usarmos como exemplo um imóvel de R$ 500 mil, terá um valor de imposto de R$ 6,6 mil. Caso aproveite o desconto no pagamento à vista, economizará R$ 198. Se optar por investir o recurso da mesma forma, mas optando por parcelar o imposto em 10 vezes, terá no final do período R$ 290,28.
“É um valor acima do desconto concedido pela prefeitura, porém, o cenário do pagamento parcelado, para os exemplos acima, piora muito se levarmos em consideração que teremos mais cortes na taxa Selic e também que devemos descontar o Imposto de Renda dos investimentos, deixando as duas alternativas muito próximas, no caso do IPTU”, comenta o especialista.
Simone também enfatiza o posicionamento. “No caso do IPTU, aplicando o valor total, até pode-se ter um rendimento superior ao desconto dado ao longo do período disponibilizado para pagamento. Mas, para isso, é necessário considerar que o contribuinte seja bastante disciplinado para, de fato, realizar o investimento de uma forma adequada para que o mecanismo de compensação citado seja válido.”
Considerando que a maioria das pessoas não costuma ter tanta disciplina, ela destaca que a estratégia acaba não sendo benéfica e o contribuinte ainda perde perdendo a opção do desconto. “Sendo assim, tendo o recurso, é recomendável o pagamento à vista”, diz.