Em que ponto poupar dinheiro vira doença
Um homem de 36 anos ganha até US$ 130 mil em um dia, mas mora com os pais e compra sanduíches para economizar 75 centavos. Será que isso é apenas simplicidade?
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2015 às 16h36.
Um homem de 36 anos ganha até US$ 130.000 em um dia, mas ainda mora com os pais.
Ele compra sanduíches no final da tarde para economizar 75 centavos. Ele organiza sua vida para se movimentar pela cidade apenas em horários mais baratos e fora do pico.
Trata-se apenas de uma simplicidade impressionante? Ou de algo muito mais complicado?
Esta pessoa é Navinder Singh Sarao, o trader pão-duro que teria contribuído para a quebra relâmpago do mercado financeiro em 2010. Poucos de nós iriam tão longe para economizar dinheiro .
Mas e se você só mantivesse 20 por cento a 30 por cento de seus ativos em dinheiro? Ou mantivesse um investimento do qual você sabe que deveria se livrar, mas que seu falecido pai deixou para você e que você não consegue vender?
Você não está simplesmente sendo um pouco excêntrico -- e perdendo dinheiro no negócio?
Quando um comportamento positivo, como o de economizar, é levado ao extremo, ele pode se tornar negativo, diz Anthony Canale, planejador financeiro certificado e autor de um estudo sobre acumulação financeira no Journal of Financial Therapy.
Enquanto pessoas como as que aparecem no programa de televisão Hoarding: Buried Alive têm uma ligação emocional com objetivos físicos, os acumuladores financeiros “desenvolvem uma ligação emocional similar com o dinheiro”, diz ele, “e eventualmente sentem uma angústia real e profunda ao gastá-lo”.
O clássico exemplo de acúmulo financeiro: manter mais dinheiro vivo que o necessário, mesmo se for mais conveniente usá-lo para quitar dívidas ou investi-lo.
Carlos Dias Jr., fundador da Excel Tax and Wealth Group, trabalhou com uma cliente que tinha cerca de US$ 25.000 em sua conta-corrente, mas que, mesmo assim, usava uma linha de crédito hipotecário para fazer compras.
“Ela acumulou quase US$ 13.000 em dívidas”, diz ele.
“Ela tinha o dinheiro, mas o considerava como um ‘fundo para tempos difíceis’. Em vez de usá-lo, ela criou essa enorme dívida adicional”.
Embora a maior parte dos EUA e do mundo esteja economizando tão pouco, existem supereconomizadores. Quando as pessoas se aposentam e o dinheiro para de entrar, por exemplo, suas atitudes a respeito dele podem mudar.
Dave Littell, diretor do programa de renda de aposentadoria da American College, viu essa situação com seu próprio pai.
O pai de Littell tinha bastante dinheiro, mas aos 84 anos ele começou a realizar saques do fundo de sua aposentadoria (algo possível nos EUA), preocupado de que algum dia pudesse ser expulso de sua comunidade de aposentados.
Littell incentivou o pai a pegar 15 por cento ou menos de seu portfólio e comprar uma simples anuidade de sobrevivência conjunta para si e para a mãe de Littell.
“A anuidade era suficiente para pagar a conta de sua aposentadoria todos os meses, assim ele jamais poderia ser expulso, e ele passou a dormir muito melhor”, diz Littell.
Velhos tempos
Ligações emocionais específicas a produtos financeiros também podem nublar o juízo financeiro das pessoas.
Dias descreve uma cliente que mantinha uma antiga apólice de seguro de vida por motivos sentimentais: “Era uma mentalidade de acúmulo, porque a apólice era do pai dela, que tinha morrido. Ela manteve a apólice para evitar a apatia e pela lembrança dos velhos tempos”.
Quando é que a economia prudente de dinheiro vira um acúmulo excessivo? “Normalmente nós recomendamos cerca de seis a oito meses das despesas em um fundo para tempos difíceis”, diz Canale. “Alguém que tem o comportamento do acúmulo terá mais de um ano de despesas economizado -- mas não estará fazendo nada com esse dinheiro porque tem medo de investir --”.
Dito isso, para alguém que é autônomo e trabalha em um setor muito volátil, pode haver um bom motivo para um colchão de dinheiro de mais de um ano.
O que Dias faria se Navinder Singh Sarao fosse seu cliente?
“Eu mostraria a ele: você tem dinheiro suficiente para não ter que esperar para almoçar com desconto mais tarde, você pode pagar seu próprio apartamento. E aqui estão os benefícios disso, baseados em seu rendimento global”.
Por enquanto, Sarao continua vivendo sem pagar aluguel, na prisão Wandsworth, em Londres.
São Paulo – Dinheiro traz felicidade, cura dor e vale mais do que férias. Estas são algumas das conclusões da ciência sobre o assunto, que já foi tema de vários estudos. A seguir, reunimos as constatações feitas por algumas destas pesquisas . E Aproveite: ler é de graça.
Quanto mais dinheiro uma pessoa tem, mais feliz ela é. Pelo menos, na opinião de pesquisadores da Universidade de Michigan. A polêmica tese foi tema de um artigo publicado na edição de maio do periódico "American Economic Review, Papers and Proceedings".
O simples ato de contar dinheiro pode trazer reconforto físico (como a diminuição de uma dor) e emocional para algumas pessoas. A descoberta foi feita após experimentos realizados por cientistas da Universidade de Minnesota.
Um levantamento realizado pelo organização Accounting Principals com 1.024 americanos com mais de 18 anos apontou que quase 80% deles preferiam um aumento de 5% no salário a uma semana a mais de férias.
Moedas não têm cheiro. O típico odor que sentimos é fruto de uma reação gerada pelo contato entre compostos químicos de nossa pele com a peça de metal - de acordo com pesquisadores da Universidade de Leipzig, na Alemanha.
Cerca de 80% das cédulas em circulação no Brasil contêm traços de cocaína. De acordo com estudo sobre o tema coordenado por pesquisadores da Universidade de Massachusetts, o índice chega a 90% nos Estados Unidos.
Pesquisadores da Universidade Nacional Australiana constataram que ter 30 centímetros a mais pode representar um aumento de até 1,5% no salário. Vinte mil australianos foram entrevistados para o levantamento.
Após entrevistarem 3.468 pessoas nos Estados Unidos, cientistas da Universidade Brigham Young concluíram que casais nos quais os cônjuges afirmam se importar menos com dinheiro apresentam de 10% a 15% a mais de estabilidade do que aqueles nos quais pelo menos uma das pessoas é materialista.
Cientistas da Universidade Massey da Nova Zelândia desenvolveram um método que permite que o ouro cresça em árvores. A técnica consiste em plantar vegetais capazes de concentrar metais em áreas com presença de partículas de ouro no solo. Ao que tudo indica, dinheiro dá até em árvore.
Instituições de caridade que pedem que voluntários doem tempo recebem doações em dinheiro cerca de 50% maiores do que organizações que pedem dinheiro. O fenômeno foi constatado por um estudo realizado em parceria pelas universidades da Califórnia e de Stanford.
Os Estados Unidos economizariam 200 bilhões de dólares se deixassem de usar cédulas e moedas em suas transações. De acordo com estudo da Universidade Tufts, de Massachusetts, são os altos os gastos para produzir e proteger o dinheiro vivo.
Induzidos a pensar em dinheiro, 87,5% dos participantes trapacearam num jogo que fazia parte de um experimento realizado pela Universidade de Harvard. Em condições normais, apenas 66,7% dos participantes agiram assim.
Após aproximadamente 80 mil entrevistas, um estudo realizado por psicólogos da Universidade de Warwick, na Inglaterra, apontou que as pessoas não ficam satisfeitas por ganharem mais dinheiro, mas sim por ganharem mais dinheiro que os outros à sua volta.
Experimentos realizados com 448 pessoas por economistas da Universidade Chapman, da Califórnia, indicaram que, por ser uma unidade de troca comum, o dinheiro proporciona um ambiente de confiança e estimula a cooperação entre pessoas que não se conhecem.
Num estudo realizado por cientistas da Universidade de Minnesota constatou que pensar em dinheiro deixa as pessoas menos prestativas e mais dispostas a trabalhar.
Pessoas isoladas socialmente tendem a gastar mais dinheiro para se integrarem. A descoberta da relação é fruto de experimentos realizados por pesquisadores da Universidade de Tilburg, localizada na Holanda.
Uma pesquisa divulgada em fevereiro pelo Serviço de Proteção ao Crédito mostrou que pessoas que chegam atrasadas em compromissos e são relapsas em relação ao trabalho tendem a conseguir poupar menos dinheiro e recorrer mais à poupança.
Quem usa cartões de crédito gasta mais do que quem opta por dinheiro vivo. A constatação foi feita após uma série de quatro experimentos realizados com 329 entrevistados em parceria pelas universidades de Nova York e de Maryland.
As pessoas gastam menos quando estão usando uma moeda que representa os valores com menos algarismos do que o sistema monetário do seu país de origem. A origem da constatação é um estudo realizado com 35 estudantes da Universidade de Hong Kong.
Pais que brigam entre si por conta de questões financeiras tendem a ter filhos com maiores dívidas no cartão de crédito. A inusitada relação foi descoberta por um levantamento realizado com 413 estudantes na universidade americana da Carolina do Leste.