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Desafio da Bolsa ensina educação financeira e já colhe frutos

Objetivo é estimular uso consciente do dinheiro, controle das finanças e investimento em Bolsa —e a estratégia já deu resultado

Equipe do Colégio Prisma comemora o 1º lugar na edição de 2016 (Samuel Kim/BM&FBovespa/Divulgação)

Anderson Figo

Publicado em 29 de outubro de 2016 às 16h09.

São Paulo - Há dez anos, a BM&FBovespa realiza um desafio sobre educação financeira para estudantes do ensino médio do estado de São Paulo. O objetivo é estimular o uso consciente do dinheiro, o controle das finanças e o investimento em Bolsa —e a estratégia já deu resultado.

Amanda Araújo Domingues, de 26 anos, participou da edição de 2007 do projeto e conta que isso mudou a forma como ela lida com dinheiro desde então. "Eu me lembro que saí da competição com isso na cabeça: sempre tentar pagar à vista e usar o crédito somente com consciência", afirmou.

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Ela integrava a equipe do Colégio Brás Leme, na capital paulista, que foi campeã naquele ano. "O prêmio naquela época era um valor aplicado em ações através de uma corretora. Mantive o investimento por pouco mais de um ano e o dinheiro resgatado me ajudou a comprar um carro."

O hoje advogado André Lobas de Castro, de 25 anos, também fez parte de uma equipe vencedora do Desafio BM&FBovespa, só que na edição seguinte, a de 2008. "O desafio da Bolsa me ajudou a criar o hábito de investir. Antes de participar do projeto, eu não pensava nisso. Hoje, aplico parte do dinheiro que eu recebo."

Ele era integrante da equipe do Colégio Campos Salles, também na capital do estado. "No ano em que eu participei do desafio, a premiação também era uma quantia investida em ações. Eu resgatei pouco mais de um ano depois e usei o valor para pagar parte do meu intercâmbio na Austrália."

Amanda Domingues e André de Castro, ex-participantes do Desafio

Segundo o presidente da Bolsa, Edemir Pinto, mais de duas mil escolas e quase vinte mil estudantes já passaram pelo Desafio BM&FBovespa desde a primeira edição do projeto, em 2006. Para ele, a educação financeira é essencial para quem pretende entrar no mercado financeiro.

"O importante para a Bolsa não é simplesmente a gente trazer o investidor para dentro do mercado e fazê-lo olhar para as ações como alternativa. O importante é ele vir consciente. A renda variável sobe e desce. É preciso consciência para lidar com a perda", disse.

Na edição de 2016, o Colégio Prisma, de Osasco, venceu a final realizada na sede da BM&FBovespa neste sábado (29). O mesmo colégio já havia vencido o desafio no ano passado. Os alunos e o professor orientador da equipe campeã levaram para casa um iPad Pro cada um. Já a escola ganhou um notebook e uma impressora multifuncional.

"O mais interessante do desafio é que ele coloca todos os alunos e colégios em pé de igualdade", diz a educadora financeira Cássia D'Aquino, que dá palestras aos participantes do projeto desde 2009. "Todos vêm para cá, recebem uma aula de finanças e têm de tomar decisões de investimento nas mesmas condições. Nem sempre o colégio mais famoso ou particular é o que ganha."

O diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira, também participou da final neste sábado e parabenizou a BM&FBovespa pela iniciativa. Ele explicou a função do BC de garantir a estabilidade da moeda e regular o mercado, e frisou a importância da educação financeira para a sociedade.

Isaac Ferreira, diretor de relacionamento institucional do BC

"Ao conhecer melhor os conceitos e produtos financeiros, por exemplo, consumidores podem evitar fraudes, como pirâmides financeiras e o assédio de instituições ilegais", disse. "Pessoas educadas financeiramente não se guiam por preço em relação ao seu consumo, por exemplo, Guiam-se pelo valor que aquela decisão de consumo trará para a sua família, hoje e no futuro, e também o impacto daquela ação para o planeta."

Ele comentou que o BC tem atuado para promover a "cidadania financeira" e que depende de parceiros como a Bolsa para disseminar informações. "Saber como ganhar dinheiro, saber como usar o dinheiro, saber como fazer escolhas conscientes, enfim, obter o conhecimento sobre o assunto finanças e desenvolver uma atitude positiva com relação ao dinheiro. Estes são os alicerces que devem ser desenvolvidos desde cedo. Esses alicerces serão a base que sustentarão os jovens investidores brasileiros", completou.

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